Qual seria a pior armadilha que alguém poderia cair? No desejo de manter uma rotina. Nós mudamos todos os dias, mas nossos desejos podem executar erros de pensamento e de comportamento. Eis a grande armadilha da vida adulta: nós depositamos energia emocional em projetos ‘de sempre’ por tempo demais. Lógico que um cotidiano alinhado ou tranquilo é bom demais. Mas ou os sonhos são conquistados com mudanças ou a vida tem suas exigências de mudanças, em cada etapa da vida. E aí é necessário depositar vontade e força em outros lugares, pessoas ou sentimentos, ás vezes a revelia de nós mesmos. É hora de decidir não mais em quem seremos quando crescer; mas sim, o que seremos no dia seguinte, todo dia. Só que a rotina pode falar mais alto, já que toda decisão de mudança parte de uma ou mais inseguranças ou insatifações. É pensar e agir em perspectiva e/ou possibilidade sem precisões. É pisar em areia movediça acreditando que nada acontecerá ou, se algo acontecer, teremos um grande poder de superação. É a hora do desconhecido para o autoconhecimento, pois aquilo que imaginamos pode dar certo ou não. Não é insegurança, inconsequência e decisão; é insegurança, certa preparação e decisão. É possível deixar a qualquer momento o caminho tomado, por exemplo, interrompendo um projeto e arcando com as consequências. Mas é preciso insegurança, certa preparação e decisão. Nunca calçamos os mesmos sapatos para sempre; logo as algemas da rotina devem ser, vez por outra, trocadas, limpas, pintadas e/ou afrouxadas, enquanto nós nos desenvolvemos emocional, cognitiva e fisicamente. Hoje estou pensando nisso. Outra semana que surge. Novos planos e atitudes. Outros comportamentos e emocionais que nem imagino. A rotina de anos será provocada. Ela pode estar instalada há anos, mas precisa, ao menos, de novos moldes. Não é fácil! Rotinas são algemas quase inquebrantáveis. É o medo de mudar interferindo em nossas necessidades / vontades. Somos abocanhados pelo afeto às algemas, principalmente quando elas não machucam / incomodam. Rotina é a representação dos nossos investimentos de muito tempo, daí o medo de perde-la pelo tempo gasto com ela. É muita pressão, então seguimos caminhos e objetivos ‘de sempre’ e em paz. Hoje é hora de outros investimentos. É hora de abrir essas algemas e desapegar até do que seja prazeroso, para conquistar o mundo. Não há necessidade de consistência eterna ou de credibilidade a qualquer preço. É a hora do contraditório, do desafio e da surpresa. Poxa adoro entender a surpresa, mas vive-la é assustador. Surpresa é a contradição radical. É a hora da verdade. É a hora do absurdo que modifica radicalmente o sistema nervoso central e nos convoca a reconhecer que podemos pensar e agir de maneira diferente de hoje, de amanhã e de sempre. Hoje, a questão das mutações internas me interessa. Um passo de cada vez. Sozinha, observando cantos e espaços, um passo de cada vez, eu sigo alargando mais e mais as minhas algemas. Tomara que tudo dê certo ou seja adequado...
Profa
Claudia Nunes (01.02.2021)