segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Animais, animalescos e inéditos

 

É tempo de se entender uma coisa: somos animais e animalescos. Quando diante de emoções radicais ou medos enlouquecedores, nosso cérebro primitivo ‘fala’ mais alto. É uma questão de sobrevivência mesmo. Não vejo tempos líquidos como Bauman; vejo tempos enlameados e cítricos. Ainda assim, há prazer. Prazer perverso, mas prazer. Sobrevivência e adaptação intensas criando seleções artificiais de vida e morte. Manipulações e inteligência artificial criando sincronias e sinergias mentais e físicas inimagináveis. Animais em luta sem o sentido da empatia. Triste... muito triste tudo isso... Efeito ‘direita radical’ que saiu dos bueiros onde vivia por décadas para integrar nossas frentes políticas e destruir o sal da terra. De repente podemos agredir, espancar, apedrejar e matar com pouca moral ou incerteza. Portanto, algumas vezes, o desafio intelectual é compreender o quanto somos semelhantes a animais de outras espécies quando as regras sociais são ignoradas ou rejeitadas em prol da satisfação pessoal ou de um pequeno grupo de malfeitores. Psiquismo, fisiologia e motricidade em um ritmo selvagem de reeducação primitiva. Ativamos a fisiologia clássica do alerta quando assistimos a um filme de terror. Incitamos uma resposta de stresse ao pensar na nossa mortalidade. Aceitamos comportamentos agressivos diante da beleza à exposição dos diferentes preconceitos. Somos assim e pronto! – diria ‘homens do século XXI’. Animais... animais... animais... Agressividade com foco em alguém com ideologia diferente é deturpar o ‘fala que eu lhe escuto’ das mil religiosidades ou filosofias. Século XXI? A única forma de entender a nossa condição humana é levar em conta apenas os seres humanos, pois as coisas que fazemos são únicas e ainda primitivas. Tornou-se fácil eliminar a própria espécie ou lhe causar danos inéditos, na perspectiva da paz mundial. Triste... pena...

 

Referencia:

SAPOLSKY, Robert M. O comportamento: a biologia humana no nosso pior e melhor. Lisboa: Temas e Debates, 2018. (Círculo de Leitores)

 

Profa Claudia Nunes (10.02.21)

 

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