segunda-feira, 1 de novembro de 2021

O tempo, o vento e a dor

 

Engraçado a nuvem do tempo. Parece que estamos sempre envolvidos em suas brumas e vez por outra um vento forte o atravessa deixando as coisas nítidas e fora do lugar. É a hora do ‘sem chão’... sem hábitos... sem o ‘de sempre’. Não há opção. Ou vivenciamos o desequilíbrio ou vivenciamos o desequilíbrio. Coisas se quebram; pessoas se vão; caminhos alterados; laços que se partem. E nós, vivendo esse desequilíbrio e desacreditando que tais coisas poderiam acontecer conosco. Que vento é esse? Que desacerto é esse? Por que nós? Não há resposta. Alias, quando somos assustados pelos fatos da vida, surgem milhares de perguntas, às vezes muito egoístas, mas nunca respostas que nos tranquilizem ou deem sentido a tudo o que nos aconteceu. É o vento da clareza sobre nossa fragilidade, pequenez e, alguns casos, soberba, diante da certeza da falta de controle. Não há nada errado nisso. É a Natureza. Há momentos na / da vida em que o quebra-cabeça humano precisa de rearrumação, mesmo com peças ausentes. É estranho. Desajusta. É um vento que temos que lidar mesmo com medo, raiva, tristeza ou saudade, diante dos vazios do terreno ou do tabuleiro. O vento abre espaço para os pensamentos negativos, doloridos e temerosos. Pensamentos traidores, pois nos afastam da vida em nome da dor muito confortável, já que nos cegam às oportunidades de outra vida ou de retorno às brumas conhecidas, sem alguns personagens. É o vento da desesperança. Como superar? Como mudar o ‘rumo dessa prosa’? Eu não sei... Cada um, depois do vento, sente o vazio da forma que aprendeu ou diante do medo que sustenta. Eu só sei que, depois de uma partida, uma quebra, uma queda e/ou uma perda, só nós paralisamos, mergulhados em perguntas e na dor. E tudo segue seu ritmo independente de nossa vontade. A ideia é passar pelo vento do tempo, com certo orgulho e, de forma relativamente rápida, pegar a onda mesmo imperfeita e dramática da vida. Sem isso, a outra opção será aceitarmos ser engolidos pelo tempo, pelo vento, e amargurarmos uma dor cuja estampa espantará energias positivas e pessoas amigas. O vento do tempo deve ser encarado como novo momento para o autoconhecimento da dor e tirar disso uma lição: como o sol, nascemos para brilhar todos os dias, apesar da dor de quaisquer coisas que nos aconteceu. Vamos sonhar de novo, com certeza.

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (14.10.2020)

 

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