
Entre amigos, o amor desequilibra a verdade. Não falo do amor entre ambos, isso é básico, senão não seria amizade, mas falo do amor dos terceiros. Enfim chega um terceiro! Namorado (a) ou outro amigo (a), uma viagem ou a morte, um terceiro qualquer coisa sempre chega! Os nervos ficam à flor da pele porque a admiração ganha outra esfera. Uma lembrança: as pilastras que sustentam qualquer amizade são a admiração e a confiança. Só que, diante do terceiro, a indestrutibilidade do afeto pede um tempo e escolhe outros espaços para se repensar e viver. A vida é renovação, dizem... Difícil é a transição. Dois amigos, nessa hora, revêem suas cicatrizes emocionais com ressentimentos: são as cobranças, os ciúmes e... tudo jogado na cara! Que horrível! Esse desgaste sugere o medo de perder: perder o amigo, a segurança do afeto e, principalmente, a grandiosidade da simples presença. E cá entre nós, isso também merece muito respeito!
Não é fácil reiniciar qualquer projeção nas relações na intenção de criar outras e novas amizades porque as escolhas só se farão pelas decepções. Era tanto o tempo junto que esquecemos de nossas individualidades, nossas premissas, nossas diferenças. Realmente a amizade nos dá o tom/dom da unidade, a beleza da juventude e a alegria de viver. As expectativas são de plenitude eterna! Porém um terceiro se apresenta... e é necessário! Por qualquer razão que seja, o terceiro, em uma dupla, revela as diferenças, apresenta novas idéias, exige novas atitudes e, principalmente, inicia um processo de mudança no pensar a realidade, o outro e a si mesmo. Novos questionamentos são proporcionais a este tempo, inclusive quanto a verdade da amizade. O pacto com o “para sempre” é quebrado em função do respeito aos “quero ser” outra coisa. Os caminhos tomam novos rumos. A qualidade dos carinhos sofre tremores porque a quantidade de tempo junto diminui. Os olhares trocados, antes tão significativos, agora precisam da linguagem e uma linguagem muito objetiva, para ganharem sentido. Ascendem à proposta de recuperação da sinergia inicial, as tecnologias como e-mail, MSN e telefone, ainda que frios. O esquecimento é de que amizade não é feita de obrigações, cujos ressentimentos e cobranças são resultados. Nenhum tipo de obrigação cabe aqui porque tudo fluiu naturalmente... Verdadeiros amigos, enfim, ajudam a crescer... um ao outro. Mas o tempo junto vai ficar oculto... por um tempo.
Mesmo sentindo o momento de distanciar, é preciso recuperar a auto-estima criando estratégias, não para que o amigo paralise, mas para que ele cresça, invista e aprenda qualquer que seja o seu desejo ou qualquer que seja sua escolha pessoal. Decidir quando daremos um empurrão no amigo e quando esperar o momento certo é complicado. Cada decisão em função dessa idéia deve levar em consideração todo o nosso conhecimento sobre o amigo. Falar ou não falar? Esse não é problema. O problema é como falar. Porque falar é básico já que interferir, mesmo que o amigo não nos peça ajuda, é a atitude de um amigo justo. Se até então o interesse maior era partilhar e compartilhar, diante da novidade de um terceiro, todos precisam continuar se divertindo. E assim a felicidade do estar junto continua... em outra dimensão.
Profa Claudia Nunes
Mestranda em Educação / UNIRIO
Especialista em Tecnologia Educacional / IAVM
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