DESTINO: a roda
Quem deseja saber seu destino ou sua
sorte? Quem quer um encontro com criaturas da morte sem morrer? Assim Lucas
começou seu novo livro sobre mitologia. Ele amava mitologia. E acabara de
descobrir o Deus Moros, um deus cego cujo caráter definia-se pela
inevitabilidade. Nada era evitável. Tudo acontecia porque deveria. Havia uma
programação insuspeitável ao ser humano entre sua vida e morte. Ser humano era
uma marionete de qualidade. Ao destino então, todos somos subordinados. Como
assistentes (e irmãs), Moros tinha as moiras: Cloto (fiandeira, tece e enrola o
fio da vida = deusa dos partos e nascimentos); Láquesis (mediadora, enrolava e
determinava o tamanho e a qualidade do fio da vida de cada um = com Pluto e Tique,
ela determinava a sorte de cada um); e Átropos (aquela que cortava e coloca o
ponto final na vida de cada um = era parceira também de Queres e Tánatos). Mas
Lucas queria tudo: A RODA! Roda da fortuna, da vida, do amor, da loucura, do
conhecimento. Lucas queria ser Deus! Lucas escreve livro para ser eterno. Lucas
não sabe o tempo que o tempo tem, mas quer dominá-lo fabricando sonhos e
fantasias. Sua roda são suas letras, sua vingança e seu equilíbrio. Deus é
assim também: primordial. Só que Lucas não tem identidade. Ele imitava pessoas
e se escondia da vida. Vida adulta era um jogo sem satisfações. Depois de
longos meses, Lucas finalizou seu livro, ajustou suas asas e encarou Narciso.
“Espelho, espelho meu, existe autor mais formidável do que eu?”
Profª Claudia Nunes (07.2019)
Nenhum comentário:
Postar um comentário