quinta-feira, 1 de agosto de 2019

DESTINO: a roda


DESTINO: a roda

Quem deseja saber seu destino ou sua sorte? Quem quer um encontro com criaturas da morte sem morrer? Assim Lucas começou seu novo livro sobre mitologia. Ele amava mitologia. E acabara de descobrir o Deus Moros, um deus cego cujo caráter definia-se pela inevitabilidade. Nada era evitável. Tudo acontecia porque deveria. Havia uma programação insuspeitável ao ser humano entre sua vida e morte. Ser humano era uma marionete de qualidade. Ao destino então, todos somos subordinados. Como assistentes (e irmãs), Moros tinha as moiras: Cloto (fiandeira, tece e enrola o fio da vida = deusa dos partos e nascimentos); Láquesis (mediadora, enrolava e determinava o tamanho e a qualidade do fio da vida de cada um = com Pluto e Tique, ela determinava a sorte de cada um); e Átropos (aquela que cortava e coloca o ponto final na vida de cada um = era parceira também de Queres e Tánatos). Mas Lucas queria tudo: A RODA! Roda da fortuna, da vida, do amor, da loucura, do conhecimento. Lucas queria ser Deus! Lucas escreve livro para ser eterno. Lucas não sabe o tempo que o tempo tem, mas quer dominá-lo fabricando sonhos e fantasias. Sua roda são suas letras, sua vingança e seu equilíbrio. Deus é assim também: primordial. Só que Lucas não tem identidade. Ele imitava pessoas e se escondia da vida. Vida adulta era um jogo sem satisfações. Depois de longos meses, Lucas finalizou seu livro, ajustou suas asas e encarou Narciso. “Espelho, espelho meu, existe autor mais formidável do que eu?”
Profª Claudia Nunes (07.2019)

Nenhum comentário:

Nada nunca é igual

  Nada nunca é igual   Enquanto os dias passam, eu reflito: nada nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepçã...