Todo
artista deseja morrer no palco.
Não há planos para se aposentar. Palco é
energia, liberdade; é transformação e proteção. Se o tempo é bom, o palco
esquenta e apaixona; se o tempo é estranho, o palco reflete e inverte o desafio
de viver. O calor do público e a sensação de ser ‘aplaudido’ estimular a
necessidade de sonhar ser luz e verdade. Não há realidade que se sustente, mas
é preciso cuidado, o palco emociona ao ponto de não sustentarmos disfarces e
tristezas. Pausas são importantes, mas o palco é luxo à vida. E quando
expandirmos o fluxo do pensamento? Palco vai além da arte em si: é a arte de
viver. No palco da vida representamos papéis em busca de sucesso. Só que as
cenas nunca são ensaiadas: somos imprevisíveis e improvisamos todos os dias a
realidade de quem somos realmente. Não adianta blefar. O palco da vida como
esconderijo sem seus limites. E no meio de tudo vivermos múltiplas emoções e
lutar apenas com nossas próprias armas; observação, sensação e experimentação.
Morrer no palco é algo óbvio, apenas reflita se seu desejo está na hora de
acontecer ou se você apenas deseja fugir de tudo que lhe aconteceu. Os caminhos
nunca são retos. Não há cenários externos. De tempo em tempos, às vezes, sem
percebermos, há saltos evolutivos, atalhos emocionais, becos escuros e até ruas
sem saída que exigem mudanças completas de personagem. E as cenas / pessoas /
emoções / pensamentos / atitudes se sucedem a revelia de planos / sonhos /
objetivos. Morrer no palco é egoísmo e desatino; é ignorar que o destino é sempre
desconhecido, ainda que a vivência das cenas seja ininterrupta e interesseira.
Antes de pensar em morrer no palco, pense em suas conquistas com mais respeito
e vigor. Morrer no palco não é de domínio público. Enfrente seu destino, suas
decisões, suas intenções, cuidando, principalmente, de quem você PE ou de quem
você se tornou com o que lhe aconteceu. Esse é o ritmo, a encenação ideal, o
tempo narrativo certo. Morrer no palco só acontece quando as Moiras o quiserem
e, com certeza, será no tempo diverso ao seu desejo. Não seja egoísta.
Sobreviva!
Profª
Claudia Nunes
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