É tempo de pensar
claramente sobre quaisquer coisas. Não haverá verdades, mas o pensamento é a
mágica do século XXI. As informações cientificas são fundamentais, mas saber
pensar sobre elas é sobrevivência. E pensar sobre o pensar e o agir dos meus
alunos é sempre intenso.
Hoje, estou lendo
o livro “Se a vida é um jogo, aqui estão as regras” e, segundo Pease (2017) “temos informações científicas sobre o
processo de estabelecimento de metas” e estas exigem autoconhecimento para
se realizar ou se tornarem autorrealizáveis. Nós estamos pensando na Lei da
Atração. No caso deste texto, atração pela vontade de aprender e entender que o
futuro é hoje... é o que eles fazem hoje. Como somos o que comemos, também
somos o que pensamos porque é a memória que fundamenta nosso desenvolvimento,
principalmente, social.
De pronto, Pease
(2017) afirma “a ciência agora é capaz de
nos mostrar onde e como o sucesso age no cérebro” e este lugar é o Sistema Ativador Reticular, ou SAR.
Este é um sistema “localizado no tronco
cerebral dos mamíferos, é um feixe de fibras nervosas conhecido como formação
reticular. Ele participa de muitas funções importantes da biologia humana, como
o sono e a vigília, a respiração, os batimentos cardíacos e a motivação
comportamental; também participa da excitação sexual, do apetite e da vontade
de comer, da eliminação de resíduos do organismo, do controle da consciência e
da capacidade de atenção. (...) Esse sistema tem duas partes: o SAR ascendente,
ligado ao córtex, ao tálamo e ao hipotálamo, e o SAR descendente, ligado ao
cerebelo e aos nervos responsáveis pelos sentidos”.
Pesquisas
realizadas em 1949 levaram cientistas a entenderam que o SAR “é o portal pelo qual quase todas as
informações entram no cérebro (com exceção do cheiro, que vai diretamente para
a área emocional). O SAR filtra as informações que chegam, afeta nossa
percepção e nosso nível de excitação e decide quais informações não terão
acesso ao cérebro. A base desse sistema está ligada à medula espinhal, da qual
recebe informações vindas diretamente do trato sensorial ascendente”.
Pensando e
estudando sobre SAR observo meus alunos e seus processos de aprendizagem. As
dificuldades são imensas e quase nenhum deles tem quaisquer transtornos
perceptíveis. Ainda assim, olhando os grupos, em dia de prova, observo uma
lentidão constante no processo de neuroplasticidade de forma a promover
qualidade das inteligências, fortalecimento da atenção, uso adequado da memória
e exposição coerente da linguagem. Ou seja, os comportamentos executivos são
inadequados, lentos e erráticos. Eu me pergunto: falta de oportunidade?
Metodologias superficiais ou errôneas? Reflexo da vivência em comunidade
agitadas e violentas? Falta de uma pessoa-espelho? Eu não sei...
Quando penso antes
dos comportamentos visíveis, penso nos sentidos. A forma como os sentidos foram
desenvolvidos e utilizados determinam a execução de atividades, da imaginação e
da criatividade. E isso parece ter sido ignorado ao longo de suas vidas
tornando suas falas, analises e propostas débeis, rápidas, finas. Seus sentidos
parecem ter mais função e atuação na realidade da realidade familiar e na
realidade da realidade afetiva. Meus alunos tem mais de 20 anos e não se sentem
motivados (esforço para futuro); eles se veem interessados (esforço para viver
e conquistar o agora). O que fazer?
De acordo com
Pease (2017), “toda nova informação ou
aprendizado precisa entrar no cérebro por meio de um ou mais sentidos e ser
decodificada pelos receptores específicos do corpo. A partir daí as informações
viajam pelo sistema nervoso até a medula e sobem pelo Sistema Ativador
Reticular para a parte do cérebro que recebe os dados daquele sentido
específico. O SAR é o centro de comando e controle do cérebro”.
Será que meus
alunos conseguem controlar seus pensamentos, sensações e emoções quando as
influências externas lhes atravessam a vida? Os dados sensoriais parecem não
fazer as ligações necessárias para verem, ouvirem e sentirem as dinâmicas
escolares ao ponto de criarem comportamentos estratégicos para melhor conviver
e aprender. O mundo mental deles tem o centro da MOTIVAÇÃO biológico, o SAR;
mas seu foco liga-se à musica, ao sexo e ao trabalho; nunca ao futuro onde tudo
isso convergiria a uma vida equilibrada financeira e emocionalmente.
SAR é filtro de
informações; extrai o que é importante para agir em determinados momentos; é um
centro de triagem de avaliação e de organização de informações; “é um filtro que atua entre o inconsciente e
o consciente, levando instruções do consciente ao inconsciente”. Da ação do
SAR até a instrução do corpo, meus alunos apresentariam comportamentos
harmoniosos, mas não observo isso. O SAR parece ter sido desenvolvido para
funcionar por interesses egóicos, para realização de atitudes momentâneas e
para experimentar a vida afetiva intensamente.
E os estudos? E o
futuro? E o amanha? Não sei...
Profa
Ms. Claudia Nunes (30.11.2021)
Referencia:
PEASE, Allan & Barbara. Se a vida em
um jogo, aqui estão as regras. Rio de Janeiro: Sextante, 2017.