terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

O SAR e o futuro dos meus alunos


É tempo de pensar claramente sobre quaisquer coisas. Não haverá verdades, mas o pensamento é a mágica do século XXI. As informações cientificas são fundamentais, mas saber pensar sobre elas é sobrevivência. E pensar sobre o pensar e o agir dos meus alunos é sempre intenso.

Hoje, estou lendo o livro “Se a vida é um jogo, aqui estão as regras” e, segundo Pease (2017) “temos informações científicas sobre o processo de estabelecimento de metas” e estas exigem autoconhecimento para se realizar ou se tornarem autorrealizáveis. Nós estamos pensando na Lei da Atração. No caso deste texto, atração pela vontade de aprender e entender que o futuro é hoje... é o que eles fazem hoje. Como somos o que comemos, também somos o que pensamos porque é a memória que fundamenta nosso desenvolvimento, principalmente, social.

De pronto, Pease (2017) afirma “a ciência agora é capaz de nos mostrar onde e como o sucesso age no cérebro” e este lugar é o Sistema Ativador Reticular, ou SAR. Este é um sistema “localizado no tronco cerebral dos mamíferos, é um feixe de fibras nervosas conhecido como formação reticular. Ele participa de muitas funções importantes da biologia humana, como o sono e a vigília, a respiração, os batimentos cardíacos e a motivação comportamental; também participa da excitação sexual, do apetite e da vontade de comer, da eliminação de resíduos do organismo, do controle da consciência e da capacidade de atenção. (...) Esse sistema tem duas partes: o SAR ascendente, ligado ao córtex, ao tálamo e ao hipotálamo, e o SAR descendente, ligado ao cerebelo e aos nervos responsáveis pelos sentidos”.

Pesquisas realizadas em 1949 levaram cientistas a entenderam que o SAR “é o portal pelo qual quase todas as informações entram no cérebro (com exceção do cheiro, que vai diretamente para a área emocional). O SAR filtra as informações que chegam, afeta nossa percepção e nosso nível de excitação e decide quais informações não terão acesso ao cérebro. A base desse sistema está ligada à medula espinhal, da qual recebe informações vindas diretamente do trato sensorial ascendente”.

Pensando e estudando sobre SAR observo meus alunos e seus processos de aprendizagem. As dificuldades são imensas e quase nenhum deles tem quaisquer transtornos perceptíveis. Ainda assim, olhando os grupos, em dia de prova, observo uma lentidão constante no processo de neuroplasticidade de forma a promover qualidade das inteligências, fortalecimento da atenção, uso adequado da memória e exposição coerente da linguagem. Ou seja, os comportamentos executivos são inadequados, lentos e erráticos. Eu me pergunto: falta de oportunidade? Metodologias superficiais ou errôneas? Reflexo da vivência em comunidade agitadas e violentas? Falta de uma pessoa-espelho? Eu não sei...

Quando penso antes dos comportamentos visíveis, penso nos sentidos. A forma como os sentidos foram desenvolvidos e utilizados determinam a execução de atividades, da imaginação e da criatividade. E isso parece ter sido ignorado ao longo de suas vidas tornando suas falas, analises e propostas débeis, rápidas, finas. Seus sentidos parecem ter mais função e atuação na realidade da realidade familiar e na realidade da realidade afetiva. Meus alunos tem mais de 20 anos e não se sentem motivados (esforço para futuro); eles se veem interessados (esforço para viver e conquistar o agora). O que fazer?

De acordo com Pease (2017), “toda nova informação ou aprendizado precisa entrar no cérebro por meio de um ou mais sentidos e ser decodificada pelos receptores específicos do corpo. A partir daí as informações viajam pelo sistema nervoso até a medula e sobem pelo Sistema Ativador Reticular para a parte do cérebro que recebe os dados daquele sentido específico. O SAR é o centro de comando e controle do cérebro”.

Será que meus alunos conseguem controlar seus pensamentos, sensações e emoções quando as influências externas lhes atravessam a vida? Os dados sensoriais parecem não fazer as ligações necessárias para verem, ouvirem e sentirem as dinâmicas escolares ao ponto de criarem comportamentos estratégicos para melhor conviver e aprender. O mundo mental deles tem o centro da MOTIVAÇÃO biológico, o SAR; mas seu foco liga-se à musica, ao sexo e ao trabalho; nunca ao futuro onde tudo isso convergiria a uma vida equilibrada financeira e emocionalmente.

SAR é filtro de informações; extrai o que é importante para agir em determinados momentos; é um centro de triagem de avaliação e de organização de informações; “é um filtro que atua entre o inconsciente e o consciente, levando instruções do consciente ao inconsciente”. Da ação do SAR até a instrução do corpo, meus alunos apresentariam comportamentos harmoniosos, mas não observo isso. O SAR parece ter sido desenvolvido para funcionar por interesses egóicos, para realização de atitudes momentâneas e para experimentar a vida afetiva intensamente.

E os estudos? E o futuro? E o amanha? Não sei...

 

Profa Ms. Claudia Nunes (30.11.2021)

 

Referencia:

PEASE, Allan & Barbara. Se a vida em um jogo, aqui estão as regras. Rio de Janeiro: Sextante, 2017.

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