No filme
‘Caminhos da Floresta’, ouvimos ‘cuidado com seus desejos, eles podem se tornar
realidade’. O pensamento é uma força motriz importante. O comportamento surge
da elaboração das emoções em pensamento, daí, em muitos casos, a curiosidade e
o poder criativo (ou destrutivo).
Em sala de
aula, nós, professores, precisamos ‘ensinar’ nossos alunos a questionar,
argumentar, influenciar e (se) transformar. Pensar pode levá-los à uma
transformação significativa e constante.
No currículo,
as áreas de saber tem um conjunto de informações que precisam de ajustes no dia
a dia: não é possível lidar com todo o conteúdo; mas é possível formar redes
fascinantes junto à realidade. Pensar impulsiona envolvimentos de informações
diferentes (escolares, familiares, sociais, cotidianas) de forma que os alunos
solucionem atividades.
Mesmo alunos
de comunidades violentas, em que há desequilíbrios químicos, modelos fracos e
certa ignorância informacional, tem, na força do pensamento, sua melhor
oportunidade de ‘ser gente’ em sociedade. Pensamento, parar para pensar,
concentrar-se, ter foco são atitudes que modificam a rede neuronal e estimulam
capacidades intelectuais surpreendentes.
A prática
pedagógica precisa provocar esse comportamento. Não há truques, nem receitas.
As bibliotecas emocionais (lembranças) participam da sala de aula em potencia e
necessitam serem tocadas, remexidas e liberadas como pensamento e atitude.
Pensem num laboratório, cheio de experiências em andamento, o que fazer? Como
revelar novas formas de pensar e agir? Como desenvolver um pensamento claro em
torno das atividades? Professores precisam compreender, de pronto, como o aluno
aprende e/ou de onde ele vem.
Comunidades
têm dinâmicas vivenciais diversas (às vezes, bem violentas) e estas estão
gravadas na memória dos alunos todos os dias. Essas dinâmicas intervêm ou
interferem em seus comportamentos emocionais e cognitivos e alteram as leituras
de mundo e os desejos de futuro. Há muita ilusão e fantasia. Há muita
expectativa e indiferença. Há muita baixa autoestima e vontade de arriscar.
Alunos são
contraditórios e isso pode ser aproveitado: práticas pedagógicas tocam nessas
diferenças e provocam o pensamento. De forma oral ou escrita, o pensamento será
descoberto e experimentado. E ai o professor ‘se aproveita’. A força do
pensamento assim como a força de vontade, da atenção, da memória e do olhar
humanos não devem ser entendidas como algo abstrato, intocáveis; elas devem ser
pensadas, pelos professores, como algo real, vivo e atuante, capazes de
influenciar as memórias individuais, entremear memórias coletivas e modificar
os comportamentos. Pensar é movimento de causa e efeito.
Para cada
efeito é uma causa correspondente, e isso é reconfortante para professores e
alunos. Assim que o pensamento ganha movimento, as mudanças nutrem as ideias e
estas alteram os pensamentos. Círculo virtuoso mesmo! Aprender a pensar ocorre
por um círculo virtuoso! Quer experimentar mudar pensamentos de alunos em sua
área de saber, professor? Experimente:
- formas de aproximação diferentes;
- crie desafios incoerentes (fora
senso comum);
- evite respostas prontas;
- oportunize a participação dos
pensamentos do grupo;
- mude a dinâmica física da sala de
aula;
- brinque com a memória e com a
atenção;
- introduza jogos de raciocínio;
- inclua os responsáveis em algumas
atividades;
- utilize dinâmicas de grupo;
- explore medos, fantasias e desejos
futuros;
- faça leituras de textos para pensar;
- liberte determinadas ações;
- trabalhe os corpos com os corpos;
- reconheça impossibilidades e ajude.
Profª
Claudia Nunes