Krznaric (2015,
p.9): Uma revolução das relações
humanas. Na atualidade precisamos do homo
emphactivus mais do que do homo
‘vingativus’. Empatia significa
a capacidade psicológica para sentir o que sentiria outra pessoa caso
estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar
compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e
racional o que sente outro indivíduo. A empatia leva as pessoas a ajudarem umas
às outras. Está intimamente ligada ao altruísmo - amor e interesse pelo próximo
- e à capacidade de ajudar. Quando um indivíduo consegue sentir a dor ou o
sofrimento do outro ao se colocar no seu lugar, desperta a vontade de ajudar e
de agir seguindo princípios morais.
A capacidade de
se colocar no lugar do outro, que se desenvolve através da empatia, ajuda a
compreender melhor o comportamento em determinadas circunstâncias e a forma
como o outro toma as decisões. Ser empático é ter afinidades e se identificar
com outra pessoa. É saber ouvir os outros, compreender os seus problemas e
emoções. Quando alguém diz “houve uma empatia imediata entre nós”, isso
significa que houve um grande envolvimento, uma identificação imediata. O
contato com a outra pessoa gerou prazer, alegria e satisfação. Houve
compatibilidade. Nesse contexto, a empatia pode ser considerada o oposto de
antipatia.
Com origem no
termo em grego empatheia, que significava "paixão", a empatia
pressupõe uma comunicação afetiva com outra pessoa e é um dos fundamentos da
identificação e compreensão psicológica de outros indivíduos. A empatia é
diferente da simpatia, porque a simpatia é majoritariamente uma resposta
intelectual, enquanto a empatia é uma fusão emotiva. Enquanto a simpatia indica
uma vontade de estar na presença de outra pessoa e de agradá-la, a empatia faz
brotar uma vontade de compreender e conhecer outra pessoa.
Na psicanálise,
por exemplo, a empatia significa a capacidade de um terapeuta de se identificar
com o seu paciente, havendo uma conexão afetiva e intuitiva. A empatia é, de
fato, um ideal que tem o poder tanto de transformar nossas vidas quanto de
promover profundas mudanças sociais. A empatia pode gerar uma revolução: uma
revolução nas relações humanas.
Centenas de
milhares de crianças em idade escolar aprenderam habilidades empáticas por meio
do Roots of Empathy, um programa canadense de educação hoje também praticado na
Grã-Bretanha, na Nova Zelândia e outros países, que coloca bebes em sala de
aula e os transforma em professores. (pesquisar).
Estamos
excessivamente absortos em nossas próprias vidas para dedicar muita atenção a
qualquer outra pessoa.
Significado:
empatia é a arte de se colocar no lugar do outro por meio da imaginação,
compreendendo seus sentimentos e perspectivas, e usando e4ssas compreensão para
guiar as próprias ações. (...) A empatia é uma questão de descobrir esses
gostos diferentes.
Patricia Moore,
design de empatia. Ao sugerir mudar o design de uma geladeira para que esta se
adaptasse a uma pessoa com artrite foi ignorada e ironizada. Daí resolveu
experimentar ser uma mulher de 85 anos com todas as dificuldades da idade
apesar dos seus 20 e poucos anos. Nada de fingir ser uma idosa, ela queria SER
mesmo, daí incluir impedimentos no corpo e em alguns sentidos (óculos que
borravam a visão; obstrução dos ouvidos; bandagens no torso = enrugada; braços
e pernas com talas = impedir movimentos; etc.) para iniciar seu transito na
cidade. Com isso projetou vários produtos inovadores que se prestavam a ser
usados por pessoas idosas, inclusive aquelas com artrite, e todas as pessoas
com deficiência quer tenham 5 ou 85 anos. Ela tornou-se a fundadora do design
‘inclusivo’ ou ‘universal’ = ‘modelo empático’.
A partir dessa
atitude, há o reconhecimento da importância de se tentar olhar através dos
olhos das pessoas que usarão os produtos que criam. Olhar através dos outros
torna-se um esforço pessoalmente desafiador (às vezes divertido), mas tem
extraordinário potencial como força de mudança social.
Empatia = compreensão de que o tamanho único não
serve para todos.
A ideia de
empatia não é nova. (...) Na última década porém, apesar da força da ideia de
que somos criaturas egoístas por definição, preocupadas em se autoproteger,
voltadas para os próprios fins individualistas, ela foi deixada de lado por
evidências de que somos também homo emphathicus – fisicamente equipados para
sentir empatia. E três frentes tornaram o avanço da empatia algo importante:
ð
Neurocientistas
identificaram em nosso cérebro um ‘conjunto de circuitos da empatia’ com 10
seções que, se danificado, pode restringir nossa capacidade de compreender o
que outras pessoas estão sentindo;
ð
Biólogos
evolucionistas mostraram que somos animais sociais que evoluímos naturalmente
para ser empáticos e cooperativos, como nossos primos primatas;
ð
Psicólogos
revelaram que até mesmo crianças de três anos são capazes de sair de si mesmas
e ver a partir de perspectivas de outras pessoas.
Pensar novas
rotinas, novos desafios, novas ações, novas sensações. Cuidar de si mesmo está
se tornando uma aspiração ultrapassada à medida que começamos a perceber que a
empatia está no cerne do ser humano. Estamos no meio de uma grande transição da
era cartesiana de ‘penso, logo sou’ para uma era empática de ‘você é, logo
sou’.
Ainda assim,
podemos ser fisicamente equipados para a empatia, ainda assim precisamos pensar
em como ativar nossos circuitos. (ativar e qualificar = desenvolvimento). Sendo
assim, uma leitura: pessoas extremamente empáticas se esforçam para cultivar
seis hábitos (um conjunto de atitudes e práticas diárias que animam os
conjuntos de circuitos empáticos em seus cérebros, permitindo-lhes compreender
como outros veem o mundo) o melhor que podem, a saber:
Nº
|
Hábitos
|
Características
|
01
|
Acione seu cérebro
empático
|
Mudas nossas
estruturas mentais para reconhecer que a empatia está no cerne da natureza
humana e pode ser expandida ao longo de nossas vidas.
|
02
|
Dê o salto empático
|
Fazer um esforço consciente
para colocar-se no lugar de outras pessoas – inclusive no de nossos
‘inimigos’ – para reconhecer sua humanidade, individualidade e perspectivas.
|
03
|
Busque aventuras
experienciais
|
Explorar vidas e
culturas diferentes das nossas por meio de imersão direta, viagem empática e
cooperação social.
|
04
|
Pratique a arte da convenção
|
Incentivar a curiosidade por
estranho e escuta radical, e tirar nossas máscaras emocionais.
|
05
|
Viaje em sua poltrona
|
Transportamo-nos para
as mentes de outras pessoas com a ajuda de arte, da literatura, do cinema e
das redes sociais na internet.
|
06
|
Inspire uma revolução
|
Gerar empatia numa escala de
massa para promover mudança social e estender nossas habilidades empáticas
para abraçar a natureza.
|
Fonte: KRZNARIC,
Roman. O poder da empatia. Rio de Janeiro: Zahar, 2015, p.15. Acessado em
13.dez.2016.
Quase todas as pessoas
possuem capacidade de empatizar ainda que nem todos a usem. Mas há pessoas com
‘zero grau de empatia’. Segundo Simon Baron-Cohen, psicopatas (que tem a
capacidade cognitiva de entrar em nossas mentes, mas não estabelecem ligação
emocional conosco = Hannibal Lecter) e pessoas com transtorno do espectro
autista leve. Mas não vivemos num mundo insensível: a empatia é matéria em meio
à qual nos movemos.
Só que neste
momento da história estamos sofrendo um ‘déficit de empatia’ crônico, tanto na sociedade
quanto em nossa vida pessoal. Há mais pessoas morando sozinhas e passando menos
tempo envolvidas em atividades sociais e comunitárias que promovam a
sensibilidade empática. No caso das redes sociais, elas são boas para
disseminar informações, mas – pelo menos até agora – menos competentes em
difundir empatia.
Violência
urbana, política e étnica, intolerância religiosa, pobreza e fome, abusos dos
direitos humanos, aquecimento global – há uma necessidade urgente de utilizar o
poder da empatia para enfrentar essas crises e transpor as divisões sociais.
Isso exige que pensemos sobre a empatia não apenas como uma relação entre
indivíduos, mas como uma força coletiva que pode alterar os contornos da
paisagem social e política.
Precisamos
reconhecer que a empatia não apenas nos torna bons – ela nos faz bem, além
disso. Segundo Stephen Covey afirma que ‘a comunicação empática’ é uma das
chaves para o aperfeiçoamento das relações interpessoais. (...) O pensamento
criativo também melhora com uma injeção de empatia, pois ela nos permite ver
problemas e perspectivas que de outra maneira permaneceriam ocultos.
Patrícia Moore
explica por que a empatia é tão importante: ‘a empatia é uma consciência
constante do fato de que nossos interesses não são os interesses de todos muno
e de que nossas necessidades não são as necessidades de todo mundo, e que
algumas concessões devem ser feitas a cada momento. Não acho que empatia seja
caridade, não acho que seja sacrifício pessoa, não acho que seja prescritiva.
Acho que a empatia é uma maneira em permanente evolução de viver tão plenamente
quanto possível porque ela expande nosso invólucro e nos leva a novas
experiências que não poderíamos esperar ou apreciar ate que nos fosse dada a
oportunidade’.
Empatia é o
antídoto para o individualismo absorto em si mesmo que herdamos do século
passado. Vamos pensar em uma era da ‘outrospecção’ na qual encontramos um
melhor equilíbrio entre olhar para dentro e olhar para fora; ideia de descobrir
quem somos e como devemos viver saindo de nós mesmos e explorando as vidas e
perspectivas de outras pessoas. E a forma de arte essencial para Era da
Outrospecção é a empatia. O movimento do pêndulo histórico equilibra melhor a
introspecção aceitando o movimento de outrospecção. Precisamos de um movimento
para fora do ‘eu’.
Mas
não sejamos ingênuos. A empatia não é uma panaceia universal para todos os
problemas do mundo, nem para todas as lutas que enfrentamos em nossas vidas. É
importante ser realista com relação ao que ela pode e não pode realizar. (...)
a maneira mais eficaz de promover uma profunda mudança social não era pelos
meios tradicionais da política partidária e pela introdução de novas leis e
políticas, mas pela mudança do modo como as pessoas se tratavam umas às outras
num plano individual – em outras palavras, por meio da empatia.
Referência:
KRZNARIC, Roman. O Poder da Empatia: a
arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo. Rio de Janeiro:
Zahar, 2015.
Profª
Claudia Nunes
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