Dor contínua: algo desagradável,
desconfortável e incapacitante. Aspectos físico-sensoriais e emocionais
alterados e desarticulados. Não há experiência pior, principalmente, quando ela
se torna crônica. E quando a dor instala-se nas articulações, os movimentos
estão impedidos; a vida cotidiana começa a perder sentido e a cama é o melhor
lugar pra se esconder. Não há mente saudável que se sustente. Estamos incapazes
de nos comunicar facilmente com o mundo e com as pessoas: nunca mais correr,
abraçar, pegar, andar, eis os pensamentos que esvaziam nosso vigor. Não há
subjetividade nisso: a dor dói mesmo. A engrenagem corporal funcional aos
trancos e barrancos; e o cérebro começa a jorrar cortisol nos sistemas: surge a
vontade de ‘nada’; surgem mais respostas ‘não’ do que ‘sim’; surge o olhar
cinza e a utilidade de solidão; surge o silencio, a falta de humor e o
sedentarismo. Assim chega e fica a doença trazida pelo Aedes Aegypis, no meu
caso, a Chicungunha. Mais do que febre ou infecção, a inoperância dos
movimentos traz muita dor física e também emocional. É um alerta de que, de
novo, estamos á mercê da sorte e/ou na mão do outro. É um alerta à nossa
fragilidade e limitação orgânica em meio a uma Natureza tão violada por nós
mesmos. De repente e sempre, estamos disfuncionais e não há o que fazer. Cinco
dias, um mês, seis meses, dois anos: quanto tempo podemos suportar os limites
do corpo às nossas vontades e responsabilidades, sem enlouquecer ou deprimir? A
dor apresenta a possibilidade de olharmos nosso corpo e nossa mente de outra
maneira: diferente; e investe na possibilidade de criar estratégias para
retomar o caminho da saúde; mas a questão crônica nos impede de perceber a
positividade desse momento. A dor demora. Demora demais. É uma experiência que
não desejamos, mas que, de uma hora para outra, nossa pele está alterada, nossa
temperatura elevada e nossas articulações travadas / doloridas. E nossas
responsabilidades, aquelas que nos distraem do corpo e da mente, não tem como
serem descartadas. Saídas de carro, aula com febre, movimentos, toques, tudo
continua só que há um novo elemento: A DOR. É pesado! É duro! É desesperador! Tudo
dói demais em dupla face: por dentro (efeito da picada) e por dentro (emocional
/ psicológico). Experiência sensorial sem alinhavo e concordância: só uma
vontade louca de deitar e dormir eternamente sem dor. De uma hora para outra,
só temos a necessidade de tolerância. Quanto tempo podemos tolerar a dor?
Particularmente, tempo nenhum! Essa tolerância sim pode ser considerada
subjetiva: ela está relacionada ao tanto de dor já vivido e superado.
Tolerância depende também da experiência de / da dor. Além de nos surpreender
com o corpo e a mente, nossa individualidade percebe a dor de acordo com nossa
experiência de vida. Em dor estamos altamente estimulados na parte afetiva,
fisiológica, cognitiva: estamos à flor da pele. Ansiedade, medo e depressão tem
uma proximidade bem forte aos nossos pensamentos: são fantasmagóricos e
arrepiantes. Vontade de nada mesmo! A dor faz interação direta com o
psicologismo do sujeito. Quanto tempo isso dura? Quanto tempo a tolerância é
positiva? Estamos alarmados (doloridos). Estamos ‘psicossocialmente’
disfuncionais. E os dias se tornam angustiantes e tristes. Meu sistema nervoso
central interpreta assim: agonia. Vou deitar de novo... Claudia Nunes
O mundo é desconhecido e estou desbravando a mim mesma para aceitar o mundo como ele é. Como professora (Estado), Tutora em cursos de EAD, Revisora de Material Didático e MESTRE em Educação (UNIRIO), estou seguindo a vida fazendo o que gosto, como gosto e com quem gosto muito. Escrevo e publico textos para me esvaziar de mim e poder aceitar o Outro como vier. De resto meu vicio é o mundo virtual, ainda que eu nao seja dissimulada. Mutante? Isso! Eu gosto de ser mutante!
quinta-feira, 7 de abril de 2016
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