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Mudança de planos Outro
dia estava olhando um cérebro. Vocês já perceberam quantos vales existem ali?
Vales, precipícios e cavernas. Nós temos um órgão cheio de vãos imersos no
líquido cefalorraquidiano (liquor). Uma solução salina muito pura, pobre em
proteínas e células, e que age como amortecedor para o córtex cerebral e medula
espinhal. Atuam no suprimento de nutrientes e remoção de resíduos metabólicos
do tecido nervoso. Tem como função primordial a proteção mecânica do SNC; além
disso, suaviza os efeitos do seu peso, prevenindo traumas. Mas será que pensar
gera traumas? Fazer com que neurônios atravessem todo o encéfalo e se
concentrem em determinados pontos para iluminar a mente, é difícil? Não sei...
Cada vez mais tenho pensado em autonomias e vãos. Os vãos nos diferenciam. Em
cada estímulo somos iluminados pela possibilidade, pelo insight e pela
racionalidade. Mas é preciso disponibilidade; é preciso querer; e onde está
esse querer? Hoje pouco importa. Vãos, cavernas e precipícios estão em nossas
rotas e constroem nossas almas. E assim mal sabemos o que fazer na vida, mas
fazemos. Particularmente observo as práticas pedagógicas, por exemplo, como
esses vãos. Parecem momentos mágicos em que educadores têm a intenção de transformar
mentes. Práticas de subida aos céus da liberdade de pensar sobre as próprias
formas de pensar; e, por consequência AGIR. Práticas que revolvem o liquor,
apesar dos fenômenos sociais que degradam, engessam e desmotivam os novatos.
Gente, prática de ensino não é mágica, mas coagula, ilude. A questão é outra:
não se pensa sobre as práticas realmente. E quando se pensa, não se pratica,
não se criam experiências, não se alimentam potencialidades. Não podemos pensar
apenas. Os vãos precisam ser preenchidos com mudanças de rota, proteínas e
ferramentas. Os novatos precisam ser elucidados, precisam de luz, às suas
incertezas e receios, mesmo dentro da escola. Repensar práticas e recursos.
Agregar outros conceitos de outras disciplinas para renovação das posturas
acadêmicas e pedagógicas. Os novatos querem ser surpreendidos e reocupar seus
vãos com novidades reais, usáveis e práticas. Sem estímulos, impossível
mantê-los atentos, vibrantes, correspondendo, escolhendo, falando. Pensar é uma
emoção elaborada, ou seja, precisa de parceria, compromisso, acertos,
movimentos, diálogo. Vamos sair do senso comum! Vamos deixar de lado velhas
práticas e experimentar adaptações e inovações preservando o diálogo entre
todos. É possível usar ferramentas emocionais (escuta, silencio, respeito,
sorriso, abraço) e cognitivas (conteúdos, projetos, pesquisa, seminários).
Devemos aceitar que somos globais, estamos em rede e nos articulando numa teia
narrativa e comunicativa viciante (no bom sentido). Não pode haver mais
distancias de nenhum tipo. Vamos sair dos vãos, subir nossos precipícios e
ganhar o tempo e a luz. A informação está à disposição em grande profusão e é
preciso saber ouvir, tocar, cheirar, falar, sorver; é preciso reprogramar os
sentidos com outras agendas e outras rotas. Todos longe das correntes da
mesmice e da rotina. Longe das aparências e das inconstâncias. Reapreender
algumas atitudes, mesmo diante das injustiças sociais. Fora das cavernas! Fora
dos limites indignos. Fora da escuridão das ditaduras de ensino! Somos mais do
que passageiros na vida. Somos companheiros de viagem cujo desenvolvimento
cognitivo precisa ser desvendado todos os dias e de forma proteica. Claudia Nunes
O mundo é desconhecido e estou desbravando a mim mesma para aceitar o mundo como ele é. Como professora (Estado), Tutora em cursos de EAD, Revisora de Material Didático e MESTRE em Educação (UNIRIO), estou seguindo a vida fazendo o que gosto, como gosto e com quem gosto muito. Escrevo e publico textos para me esvaziar de mim e poder aceitar o Outro como vier. De resto meu vicio é o mundo virtual, ainda que eu nao seja dissimulada. Mutante? Isso! Eu gosto de ser mutante!
segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
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