Nós estamos vivendo anos de crise na Educação. Sei que é óbvio afirmar isso, mas quero que entenda que CRISE é a moeda que paga nosso autoconhecimento, no caso aqui, profissional. Pense de outra forma, por favor!
Um
período de crise é o melhor momento para o fortalecimento de nossa visão de
mundo sobre desequilíbrio, dificuldade, disfunção e/ou desordem. Somos humanos
porque somos, curiosos imaginativos e criativos, e, na crise, surge a
oportunidade de conhecermos nossas verdades e as experimentarmos com mais
objetividade e intensidade. Não acredita? Continue lendo...
No
livro KINTSUGI, de Celine Santini (Ed. Planeta, 2019), há uma seleção de ações
e técnicas que sugerem a ideia de que nós, profissionais da educação, devemos
pretender menos MODIFICAR os aprendentes e atuar mais em ENVOLVER seus rasgos,
fragilidades, bloqueios, traumas e medos com ‘OURO’, o que realçaria suas
experiências, aumentaria seus níveis de resiliência e traria uma luz mais
positiva às suas feridas físicas e/ou emocionais. Ouro torna-se a metáfora do
conhecimento, do vínculo, do respeito mútuo, da proximidade tranquila, emoções
positivas que ajudem a fechar feridas, reatividades, solidões, negatividades e
dúvidas. Ou seja, é preciso que saibamos transformar essas memórias COM ouro; e
não EM ouro. Como? Atenção às etapas que Santini (2019, p.15-19) nos apresenta:
ETAPAS para uma proposta de ENVOLVIMENTO ou Técnica do KINTSUGI
para o reparo passo a passo: |
|
ETAPA 1: QUEBRE |
ETAPA 4: REPARE |
Sinta; Aceite;
Decida; Escolha; Imagine; Visualize. |
Lixe; toque;
Aplique; Concentre-se; Acrescente; Reanime. |
ETAPA 2: MONTE |
ETAPA 5: REVELE |
Prepare;
Reconstitua; Transforme; Junte; Preencha; Associe. |
Ilumine; Recupere;
Desvele; Proteja; Personalize; Resplandeça. |
ETAPA 3: SEJA PACIENTE |
ETAPA 6: SUBLIME |
Remova; Mantenha;
Respire; Deposite; Limpe; Deixe. |
Observe; Admite;
Contemple; Sinta; Assuma; Exponha. |
Fonte: SANTINI, Celine. Kintsugi. 2019,
p.15-19 (resumo)
Quando
um aprendente entra na escola, entra também em uma espécie de experiência iniciática
em que suas memórias, cognições e comportamentos estarão em um processo de
reajustes constantes destes elementos. E todos sobreviverão! Cada um de sua
forma, de acordo com seu perfil e força familiar, em um tempo particular. Não
podemos nos tornar avestruzes e dissimular ou disfarçar a interferência do
tempo histórico-político em que vivenciamos desvalorização profissional;
ignorância do poder público; deslocamento das famílias; e limitações cognitivas
de nossos aprendentes. Como afirma Santini (2019), nós devemos acreditar que a
dor é mensageira da ideia de que podemos fazer diferente apesar de. A dor
(crise) é mensageira; jamais parceira de nossos sentires e pensamentos
profissionais. A dor tem que ter tempo de validade.
Santini
(2019, p. 35) afirma que, diante das provações que todos passam, independentes
de suas vontades, sempre precisamos retomar a vida (ter o amanhã); achar um
‘fio da meada’ e nos dar um presente inestimável: AUTOESTIMA e
AUTOCONHECIMENTO. Para isso, para nós e para os aprendentes, há três escolhas
(técnicas) de reparo das perspectivas e de reajustes educacionais sérios, a
saber:
DIFERENTES TÉCNICAS DE REPARO |
|
Reparo ILUSIONISTA |
O reparo é
invisível, a cicatriz existe efetivamente, mas é completamente mascarada.
Quando é bem realizado, o objeto parece ‘como novo’, seu passado é
dissimulado |
Reparo COM GRAMPOS |
O reparo é bem
visível, as cicatrizes do objeto sendo fechadas com grampo metálicos. É a
técnica utilizadas por ocasião do reparo inicial da tigela de shogun, que
ficou tão decepcionado que seus artesãos inventaram a técnica do Kintsugi! |
Arte DO KINTSUGI |
O reparo não só é
visível, como é valorizado, sublinhado pelo ouro. O passado do objeto é
assumido, ele transfigura. O objeto torna-se único, precioso, insubstituível. |
Quadro montado a partir de SANTINI,
2019, p. 42.
Por
isso, é importante procurar solução / dar atenção / observar emoções em
domínios diferentes do conforto da sua rotina (CELINE, 2019). É possível
reprogramar o cérebro e reflete de outra forma? É possível trocar, aos poucos,
a palavra MAZELA, por OPORTUNIDADE ou mesmo POSSIBILIDADE e “mudar o rumo da
História”? Ainda acredito que sim! Importante nos dias atuais, tomar a decisão
de quebrar padrões e pensar diferente.
Para
nós, profissionais de ensino, mudar os ingredientes (tente os temperos, em
princípio) da ação profissional é elemento fundamental para descarregar ideias
e energias mais pesadas, e muitas vezes alheias sobre o valor e a razão do
nosso trabalho. E uma das sugestões é se projetar em diferentes técnicas de
desenvolvimento PESSOAL. Quais? Santini (2019, p.44) elenca algumas opções:
SUGESTÕES (sem nenhuma preferência, nem pressupostos; apenas
inspirações) |
|
Caminhos físicos |
Ioga, corrida de
obstáculos, escalada, pilates, artes marciais, boxe, natação alimentação
saudável, vegetarianismo, jejum, etiopatia, osteopatia, fasciaterapia,
aculpuntura, reflexologia, naturopatia, medicina chinesa, balneoterapia, chi
nei tsang, shiatsu, hidroterapia, fitoterapia, silvoterapia, quiropraxia,
kyudo etc. |
Caminhos emocionais |
Psicoterapia,
psicanálise, eneagrama, espiral dinâmica, ioga do riso, hipnose, consciência
plena, teatro de improvisação, MBSR, TIPI (técnida de identificação dos medos
inconscientes), EMDR (dessensibilização e reprocessamento do meio dos
movimentos oculares), EFT, workshop de clown, sofrologia, MAI (múltiplos
aspectos interiores), comunicação não violenta, terapia do renascimento,
focusing (ou focalização), IFS (terapia dos sistems familiares internos),
gestalt-terapia, PNL programação neurolinguística), psicologia positiva,
grito primal, logoterapia, técnica Alexander etc. |
Caminhos sensoriais |
Florais de Bach,
kinesiologia, equiterapia, ronronterapia, massagens, aromaterapia, dança,
musicoterapia, canto harmônico, biodanza, tigelas cantantes, cromoterapia,
método Feldenkrais, helioterapia, tantrismo etc. |
Caminhos
Energéticos |
Tratamento de
rearmonização energética, feng shui, geobiologia, qi song, tai chi chuan,
reiki, xamanismo, magnetismo, litoterapia, ho’oponopono etc. |
Caminhos sistêmicos
ou familiares |
Psicogenealogia,
constelações familiares, criança interior etc. |
Caminhos Artísticos |
Mandala, terapia
com argila, escrita, caligrafia, teatro, arteterapia, pintura, desenho,
escultura, modelagem, kintsugi etc. |
Fonte: SANTINI, Celine. 2019, p. 44.
Ao
voltar ao território do trabalho, não haverá precipitações, há certo
distanciamento, muitas avaliações, formas de se preparar e tomadas de posição /
decisão mais coerentes e adequadas.
Referencia:
SANTINI, Celine. Kintsugi: a
arte japonesa de encontrar força na imperfeição. São Paulo: Ed. Planeta, 2019.
Profª. Ms. Claudia Nunes (06.03.2021)
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