terça-feira, 15 de março de 2022

KINTSUGI: Que a força esteja conosco

            Nós estamos vivendo anos de crise na Educação. Sei que é óbvio afirmar isso, mas quero que entenda que CRISE é a moeda que paga nosso autoconhecimento, no caso aqui, profissional. Pense de outra forma, por favor!

Um período de crise é o melhor momento para o fortalecimento de nossa visão de mundo sobre desequilíbrio, dificuldade, disfunção e/ou desordem. Somos humanos porque somos, curiosos imaginativos e criativos, e, na crise, surge a oportunidade de conhecermos nossas verdades e as experimentarmos com mais objetividade e intensidade. Não acredita? Continue lendo...

No livro KINTSUGI, de Celine Santini (Ed. Planeta, 2019), há uma seleção de ações e técnicas que sugerem a ideia de que nós, profissionais da educação, devemos pretender menos MODIFICAR os aprendentes e atuar mais em ENVOLVER seus rasgos, fragilidades, bloqueios, traumas e medos com ‘OURO’, o que realçaria suas experiências, aumentaria seus níveis de resiliência e traria uma luz mais positiva às suas feridas físicas e/ou emocionais. Ouro torna-se a metáfora do conhecimento, do vínculo, do respeito mútuo, da proximidade tranquila, emoções positivas que ajudem a fechar feridas, reatividades, solidões, negatividades e dúvidas. Ou seja, é preciso que saibamos transformar essas memórias COM ouro; e não EM ouro. Como? Atenção às etapas que Santini (2019, p.15-19) nos apresenta:

 

ETAPAS para uma proposta de ENVOLVIMENTO ou Técnica do KINTSUGI para o reparo passo a passo:

ETAPA 1: QUEBRE

ETAPA 4: REPARE

Sinta; Aceite; Decida; Escolha; Imagine; Visualize.

Lixe; toque; Aplique; Concentre-se; Acrescente; Reanime.

ETAPA 2: MONTE

ETAPA 5: REVELE

Prepare; Reconstitua; Transforme; Junte; Preencha; Associe.

Ilumine; Recupere; Desvele; Proteja; Personalize; Resplandeça.

ETAPA 3: SEJA PACIENTE

ETAPA 6: SUBLIME

Remova; Mantenha; Respire; Deposite; Limpe; Deixe.

Observe; Admite; Contemple; Sinta; Assuma; Exponha.

Fonte: SANTINI, Celine. Kintsugi. 2019, p.15-19 (resumo)

 

Quando um aprendente entra na escola, entra também em uma espécie de experiência iniciática em que suas memórias, cognições e comportamentos estarão em um processo de reajustes constantes destes elementos. E todos sobreviverão! Cada um de sua forma, de acordo com seu perfil e força familiar, em um tempo particular. Não podemos nos tornar avestruzes e dissimular ou disfarçar a interferência do tempo histórico-político em que vivenciamos desvalorização profissional; ignorância do poder público; deslocamento das famílias; e limitações cognitivas de nossos aprendentes. Como afirma Santini (2019), nós devemos acreditar que a dor é mensageira da ideia de que podemos fazer diferente apesar de. A dor (crise) é mensageira; jamais parceira de nossos sentires e pensamentos profissionais. A dor tem que ter tempo de validade.

Santini (2019, p. 35) afirma que, diante das provações que todos passam, independentes de suas vontades, sempre precisamos retomar a vida (ter o amanhã); achar um ‘fio da meada’ e nos dar um presente inestimável: AUTOESTIMA e AUTOCONHECIMENTO. Para isso, para nós e para os aprendentes, há três escolhas (técnicas) de reparo das perspectivas e de reajustes educacionais sérios, a saber:

 

DIFERENTES TÉCNICAS DE REPARO

Reparo ILUSIONISTA

O reparo é invisível, a cicatriz existe efetivamente, mas é completamente mascarada. Quando é bem realizado, o objeto parece ‘como novo’, seu passado é dissimulado

Reparo COM GRAMPOS

O reparo é bem visível, as cicatrizes do objeto sendo fechadas com grampo metálicos. É a técnica utilizadas por ocasião do reparo inicial da tigela de shogun, que ficou tão decepcionado que seus artesãos inventaram a técnica do Kintsugi!

Arte DO KINTSUGI

O reparo não só é visível, como é valorizado, sublinhado pelo ouro. O passado do objeto é assumido, ele transfigura. O objeto torna-se único, precioso, insubstituível.

Quadro montado a partir de SANTINI, 2019, p. 42.

 

Por isso, é importante procurar solução / dar atenção / observar emoções em domínios diferentes do conforto da sua rotina (CELINE, 2019). É possível reprogramar o cérebro e reflete de outra forma? É possível trocar, aos poucos, a palavra MAZELA, por OPORTUNIDADE ou mesmo POSSIBILIDADE e “mudar o rumo da História”? Ainda acredito que sim! Importante nos dias atuais, tomar a decisão de quebrar padrões e pensar diferente.

Para nós, profissionais de ensino, mudar os ingredientes (tente os temperos, em princípio) da ação profissional é elemento fundamental para descarregar ideias e energias mais pesadas, e muitas vezes alheias sobre o valor e a razão do nosso trabalho. E uma das sugestões é se projetar em diferentes técnicas de desenvolvimento PESSOAL. Quais? Santini (2019, p.44) elenca algumas opções:

 

SUGESTÕES (sem nenhuma preferência, nem pressupostos; apenas inspirações)

Caminhos físicos

Ioga, corrida de obstáculos, escalada, pilates, artes marciais, boxe, natação alimentação saudável, vegetarianismo, jejum, etiopatia, osteopatia, fasciaterapia, aculpuntura, reflexologia, naturopatia, medicina chinesa, balneoterapia, chi nei tsang, shiatsu, hidroterapia, fitoterapia, silvoterapia, quiropraxia, kyudo etc.

Caminhos emocionais

Psicoterapia, psicanálise, eneagrama, espiral dinâmica, ioga do riso, hipnose, consciência plena, teatro de improvisação, MBSR, TIPI (técnida de identificação dos medos inconscientes), EMDR (dessensibilização e reprocessamento do meio dos movimentos oculares), EFT, workshop de clown, sofrologia, MAI (múltiplos aspectos interiores), comunicação não violenta, terapia do renascimento, focusing (ou focalização), IFS (terapia dos sistems familiares internos), gestalt-terapia, PNL programação neurolinguística), psicologia positiva, grito primal, logoterapia, técnica Alexander etc.

Caminhos sensoriais

Florais de Bach, kinesiologia, equiterapia, ronronterapia, massagens, aromaterapia, dança, musicoterapia, canto harmônico, biodanza, tigelas cantantes, cromoterapia, método Feldenkrais, helioterapia, tantrismo etc.

Caminhos Energéticos

Tratamento de rearmonização energética, feng shui, geobiologia, qi song, tai chi chuan, reiki, xamanismo, magnetismo, litoterapia, ho’oponopono etc.

Caminhos sistêmicos ou familiares

Psicogenealogia, constelações familiares, criança interior etc.

Caminhos Artísticos

Mandala, terapia com argila, escrita, caligrafia, teatro, arteterapia, pintura, desenho, escultura, modelagem, kintsugi etc.

Fonte: SANTINI, Celine. 2019, p. 44.

 

Ao voltar ao território do trabalho, não haverá precipitações, há certo distanciamento, muitas avaliações, formas de se preparar e tomadas de posição / decisão mais coerentes e adequadas.

 

Referencia:

SANTINI, Celine. Kintsugi: a arte japonesa de encontrar força na imperfeição. São Paulo: Ed. Planeta, 2019.

 

Profª. Ms. Claudia Nunes (06.03.2021)

 

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