terça-feira, 15 de março de 2022

MOTIVAÇÕES para o século XXI

           Em tempos de pandemia, a motivação é uma força interna que devemos desenvolver com lucidez e vontade. Por que? Porque motivação exige um desafio e uma necessidade. E haverá recompensas sempre: algumas reais e físicas (dinheiro, conquistas, definições) e outras, mais subjetivas e muito pessoais (mudança de comportamento, autoconhecimento, liberdade, justiça).

Mas hoje, assumindo que nada voltará ao normal facilmente, nós sabemos que a luta é por sobrevivência. É instintivo. Através de emoções equilibradas, primitivas ou transcendentais, nós vamos em frente por um único interesse: sobreviver ao dia seguinte e com saúde. É a hora da imaginação e da criatividade; mas também da presença de sentimentos desengonçados como irritação, agressividade, egoísmo e solidão... muita solidão.

Em cada casa, empresa, escola, hospital, repartição etc., motivação significa respirar melhor; procurar memórias antigas de desejos, sonhos e alegrias; e criar estratégias que reflitam hábitos e experiências que nos motivem a viver apesar de tudo. Nós estamos reencontrando prazeres antigos ou investindo em desejos reprimidos.

Em tempos de pandemia, motivação é uma forma de sublimação de nossas sombras que teimam em experimentar visibilidade comportamental e cujo teor estabelece qualidade à nossa saúde mental, social, relacional e interpessoal. Vamos pensar: parcialmente mais em casa do que na rua, as experiências de aprendizagem são as mais variadas justamente porque são de / em / para casa; de / em / para o corpo; ou mesmo, de / da/ em mente para tudo isso junto. Cantar, cozinhar, tocar, desenhar, pintar, fazer choche, escrever, ler são ações que seguem determinando nossa existência junto a perdas irreparáveis e insensatas. Arte como forma de supressão do medo, da ansiedade, da irritação, do desespero, das angustias e da solidão... de novo, a solidão.

As manifestações artísticas se oferecem então como terrenos de sobrevida, espaços de autorreflexão e elementos de recuperação de nossa criança anterior e interior. É a arte sendo base da motivação que nos distrai do mundo lá fora e nos recompõe ao mundo aqui dentro, para entender que não podemos ir lá fora, por enquanto. Ela nos distrai, nos fortalece, nos movimenta e nos transforma.

Neste movimento, de repente, surpresas. Nós nos surpreendemos com nossas antigas e/ou novas habilidades e conhecimentos práticos; com nosso poder de escolha; com nosso espaço de vida; com os comportamentos dos familiares; com as novas formas de trabalho; e, principalmente, com nosso entendimento de que o tempo tem seus humores e estes não devem nos governar, nos paralisar, ou mesmo, nos matar.

Pandemia como oportunidade de aprendizados automotivados; de exploração interior; de compartilhamento de sentimentos, experiências e conhecimento; de acomodação das certezas sobre tudo; de reelaboração de princípios e valores; de colaboração na resolução de problemas, também em grupo; de engajamento em diferentes ambientes, agora virtuais, para dialogar e/ou aprender; de estimulação da mente da forma mais positiva possível; de forte trabalho de nosso lado mais emocional; e de assimilação de mais força, confiança e competência à medida que nos autovalorizamos; dentre outras atitudes.

Sendo mais acadêmica, é o tempo em que os movimentos precisam ser voluntários (lobo frontal) para acontecer, buscando satisfazer alguma necessidade ou algum desejo (BEAR, 2008). Nós devemos ser voluntários para a vida. É a vida que estabelece nossos comportamentos, mesmo os mais abstratos ou irreverentes, às vezes, de uma vida inteira.

Em tempos de pandemia grave, motivação é uma construção de vida diária; é uma forma de homeostase (equilíbrio interno do ambiente); é um jeito de ajudar o hipotálamo em sua função de regulação da temperatura corporal, do balanço de fluidos, do balanço energético (BEAR, 2008); quiçá, da temperatura emocional.

Motivação é um jeito de se evitar desvios dos neurônios sensoriais ao ponto de fundamentarem a ansiedade, a depressão, a timidez, o estresse, ou mesmo, a agressividade; e é a maneira como o ser civilizado controla sua resposta humoral, vícero-motora e somático-motora, de forma integrada.

Não adianta resistir.

Em tempos de pandemia, o ser vivo humano tem, em sua biologia, a possibilidade de se autoorganizar para sobreviver. Então, uma pergunta:

- O que você tem feito de você com o que a pandemia fez de / com você?

 

Profª. Claudia Nunes (19.03.2021)

 

Referencias:

BEAR, Mark. F; CONNORS, Barry W.; PARADISO, Michael A. Motivação (cap.16). NEUROCIENCIAS: desvendando o sistema nervoso. 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2008, p.509-532. [Dados Eletrônicos].

 

 

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