‘Eu não sei vocês, mas estou num tempo de pequenas negatividades estranhas a mim. Nunca passei por isso, mas agora entendo inclusive quem passa pela depressão ou síndrome do pânico. Sempre estive ao largo de pessoas que tendem a ver sempre o copo vazio. Nunca entendi o porquê desses jeitos, mas essas pessoas existem em profusão. Estar perto dessas pessoas agonia, cansa, desmotiva. Eu não sei vocês, mas hoje a vontade de fugir de mim é real. Sei que o sentimento é normal, acontece e passa. Só que é estranho”. Sancha está no supermercado e ao ver pessoas de caras fechadas, tem um lampejo: “eu estou assim”. Que loucura! O sorriso está perdido. As reclamações tomam café com as famílias. O medo é parceiro do vírus. Caras fechadas! Um desserviço às almas ao redor. Caras fechadas são contagiosas. Caras fechadas geram doenças. No meio do setor dos queijos e leites, Sancha observa as pessoas e a si mesma: muitas caras fechadas.
Em sua maioria, as
pessoas são boas, afetuosas, sorridentes e estão ali resolvendo a própria vida,
mas suas experiências de vida e de morte criaram memórias dolorosas,
estigmatizadas, descrentes. Caras fechadas e as experiências, dupla de ligação
direta. “Logico que reconheço que a vida
não é perfeita, mas será que, em nenhum momento, houve um desejo mais forte de
torna-la melhor?” – Sancha caminha pensando e sem pegar nada.
Caras fechadas e a
incapacidade de sentir luz no fim do túnel ou sol dentro de uma caverna. Sempre
são as sombras que fortalecem seus sentimentos e suas ações. É quase um vício.
Caras fechadas e tempestades, escuridão, seriedade, revolta, descrença, tempo
nublado, indelicadezas, desrespeito. O que fazer para ajudar ou mudar? Talvez desafiá-las
a mudar olhares sobre alguns pontos da vida; motivá-las a lidar consigo mesmas
de outra forma; incentivá-las a compreender a força do coletivo; etc. Estas são
opções em que os vínculos de qualidade com a vida podem se estabelecer. E, no
supermercado, essas pessoas estão ainda mais solitárias. Elas não se tocam ou
se olham. Ali não há empatia; apenas apatia e consumismo; e Sancha se sente
triste. “Eu não quero ser isso!”. Portanto atenção:
- Não se preocupe
com bobagens;
- Não sejam
dramáticos;
- Não alimente
amarguras;
- Não despreze as
pessoas;
- Não ignore
pequenas situações positivas;
- Não se concentre
no pior;
- Aceite elogios,
ajudas, abraços;
- Não aceite
autossabotagem;
-
Interesse-se pelos sentimentos alheios;
-
Experimente aventuras: arrisque-se;
-
Aprende coisas novas;
-
tenha mais paciência consigo mesmo;
Sancha não sabe
bem o que fazer, mas sabe que uma decisão positiva deve ser mantida por tempo
indeterminado para que cérebro e mente possam aceita-la como rotina. É a
diferença entre se manter em preto e branco ou colorir o tempo sem tempo para
curtir dissabores, principalmente, do passado.
Na fila, duas
senhoras tinham dois pacotes em mãos. Sancha as chama e cede o lugar. Os caras
fechadas reclamam, mas Sancha olha, abre os braços e sorri. Em tempo de dias
cinza, precisamos de milhares de razões para agradecer; por isso, acalme seu
coração e agradeça a quem quer que seja, mesmo os caras fechadas.
Prof.
Claudia Nunes (07.04.2021)
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