Nossas mentes e amígdalas
cerebrais estão em alerta constante, atualmente. O mundo parece ser uma casa
assombrada cujos fantasmas não param de fazer ruídos que nos impedem de dormir
/ descansar /relaxar. Será que estamos vivenciando o ‘lado negro da força’?
Como chegamos a viver com tanta destruição de nós mesmos?
Primeiro, nós não somos os
‘mocinhos da história’. Aliás, quase todos os ‘mocinhos’ são chatos demais. Nós
somos ‘tudo ao mesmo tempo agora’: somos bons e maus, de acordo com o momento
ou a necessidade. A capacidade de fazer o bem ou o mal parece existir em todas
as pessoas e sociedades. A capacidade de matar é parte da natureza humana, e
todos nós podemos agir assim, em determinadas situações.
Em nossas mentes, emoções
primárias como surpresa, raiva, alegria, nojo, medo e tristeza estão sempre
misturadas e criam outros sentimentos e posturas, as vezes ruins, quando
estimulados / influenciados, por exemplo, por pessoas ou situações tóxicas,
constantemente. O problema não são esses sentimentos; nem sua toxicidade; o
problema são esses sentimentos exatamente sendo vividos constantemente.
Ambição, orgulho, insegurança,
vingança, por exemplo, são sentimentos que mais aparecem na mente intoxicada
negativamente e, por isso, tornam-se naturalizados quando convocados e evocados
pela memória, nos comportamentos e nas relações com / para os outros. Essa
naturalização gera necessidades de proteção pessoal através do poder / de um
poder destrutivo; logo, inflingir dor, em quaisquer níveis, em quaisquer pessoas,
torna-se senha de acesso e sucesso para conquistar o que desejar.
Seres destrutivos e cruéis o são,
pelo tempo de exposição ao próprio mal durante seu desenvolvimento mental. Em
muitos casos, é uma psicose cujas estratégias são: retaliação acintosa, mentiras
articuladas, criação de salvadores ‘bodes expiatórios’ e grandes / enormes
conhecimentos em tipos de manipulação. Pessoas desconhecidas tornam-se cobaias
dos seres humanos mais destrutivos, ou porque não sabem se defender, ou porque
não podem. Aos seres destrutivos parece que há uma incapacidade orgânica de
sentir compaixão ou empatia.
Hoje, nós precisamos observar em
detalhes, os contextos sociais /afetivos, as historias de vida e a biologia dos
sujeitos para entender seus graus de destruição do outro. O sucateamento da
Educação, da Saúde e da Segurança criaram inseguranças emocionais, menos acesso
aos valores sociais e, por isso, mais anti-empatia. O mal nunca deve ser
encarado como natural; ele é sim engatilhado e exacerbado durante o desenvolvimento
humano por maus exemplos. Exemplos que organizam e adequam o sistema sensorial
de um sujeito de maneira disfuncional. Daí, em grande proporção, imitar seus
pares ou suas vivências é o caminho mais fácil e seguro.
Hoje precisamos de mudanças estruturais
em nossas políticas públicas e em nossos comportamentos, ‘vibrando’ energias
mais empáticas, principalmente, no coletivo. Ainda que o mal seja fascinante:
nós sobrevivemos por mais acessos aos recursos fisionômicos, financeiros e
profissionais; e, pela ação de ‘matar’ nossos rivais, tirando-lhes a chance de
reprodução. Estas são sobrevivências para manutenção do tempo de vida ativa e
para adequação das adaptações para manutenção do tempo vida ativa. Somos os
mocinhos e também grandes vilões de nós mesmos, e estamos perdendo o poder de
consciência do próprio valor humano.
Nos dias atuais, seres destrutivos
só o são porque nós aceitamos / demos liberdade às nossas fragilidades e medos.
Quando acreditamos que o mal é uma escolha, acreditamos que, neste tempo,
podemos mudar a parabólica da vida e escolher o bem em nossos corações.
Lembre-se: nem Darth Vader, nem
Malévola foram maus o tempo todo!
Profª Claudia Nunes (08.11.2019)