Não há melhor hora para pensarmos em formas
de convivência. Em isolamento social, humanos não estão impedidos de viver ‘com’
como antes. Não podemos, por experimentação, ultrapassar a linha do conhecido
para ser íntimo. No âmbito do conhecido, o humano ‘está com’ nas filas, nas
escolas, nos bares, nos parques, nos teatros, nos estádios, nas igrejas, nas
ruas, nas festas. E, no âmbito do íntimo, o humano ‘vive com’ nas próprias
casas e nos condomínios.
O momento não nos permite o ‘socialmente
próximo’; o momento nos permite o ‘socialmente próximo’, de maneira virtual ou
se obrigados, quando faltam alimentação e remédio. Nós precisamos evitar o
outro e a rua; e ainda assim manter a saúde mental. No processo, ansiedade,
stress, tristeza, irritações, dúvidas, indiferença participam da nossa vida.
Então, nós precisamos de atitude. Saber como ter atitude, apesar do limite de
espaço e de movimento.
Depois de 60 dias de isolamento social, nós
estamos em desarmonia emocional. A agitação da vida moderna está em velocidade
lenta. E de novo, nós precisamos nos adaptar. O cérebro está confuso, em
expectativa, com estímulos estranhos e criando neuroconexões desordenadas. A
manutenção do autocontrole é muito difícil.
Além disso, há o tempo. Estamos tempo
demais longe da vida que criamos; da velocidade que gostamos; das pessoas que
amamos; dos lugares que trabalhamos. Não há o dia cheio, como antes. Não há as
reclamações de falta de tempo, como antes. Nós fomos despertados para outra
dimensão de realidade, ignorada ou mesmo esquecida. E isso é tenso.
Ainda assim, ‘é o que se tem para hoje’ e
nós precisamos nos adaptar. Nós precisamos compreender a nova rotina, reajustar
o autocontrole, criar e experimentar estratégias para vive-la, e ter certo
inconformismo como motivação. Nós precisamos das chamadas ‘funções executivas’
que, segundo Mallony-Diniz, 2008), é o “conjunto
de processos cognitivos que, de forma integrada, permitem ao indivíduo
direcionar comportamentos a metas, avaliar eficiência e a adequação desses
comportamentos, abandonar estratégias ineficientes e, desse modo, resolver
problemas imediatos, de médio e de longo prazo”.
Para a construção de outro movimento em
tempos de isolamento social e remodelar características da convivência, nós
precisamos ter a intencionalidade de reAPRENDER a sermos sujeitos sociais. Sem
essa intenção de reaprendizagem, nós corremos o risco de adoecer, inclusive
fisicamente.
Nessa hora, é a atitude, nosso diferencial
entre a esperança e a realidade. Nós precisamos de atitudes. Atitudes
positivas, focadas em nossas memórias afetivas e realizáveis em curto prazo. E,
de novo, presentes as funções executivas, habilidades relacionadas ao
planejamento e execução de atividades em geral e, lógico, nossa sobrevivência,
apesar e depois do vírus.
Com menos velocidade para gerir tarefas,
mais proximidade com a família e a própria casa, o cérebro humano está menos
exigido em seus sentidos. O movimento multissensorial se altera. Há tempo para
sentir, pensar e agir com adequação. E diante do que nos aconteceu, nós, humanos,
temos a oportunidade de sermos mais comprometidos, motivados, positivos,
flexíveis, a partir de habilidades importantes com que precisamos /
precisaremos lidar, como: atenção sustentada, memória operacional (de
trabalho), inibição dos impulsos, fluência verbal, pensamento abstrato,
flexibilidade de pensamento e planejamento cognitivo.
No fim de tudo, tudo são decisões diárias
focadas em:
Respirar, priorizar, decidir,
ficar bem com isso e viver para acordar em novo dia.
Prof.ª Ms. Claudia Nunes (22.05.20)