Depois de 39 dias de isolamento, qual é o
nosso maior desafio? ATENÇÃO. De repente por razões alheias à nossa vontade,
estamos com os sentidos desfigurados, além de extremamente atentos. Dentro de
casa, nossa capacidade de perceber e sentir ‘ganha’ outras habilidades,
facilidades e flexibilidades. Em quarentena, nós precisamos sobreviver porque,
enfim, estamos atentos a outros pontos da própria realidade, agora, cheia de
limites. De acordo com Silverton (2018, p. 12), a atenção plena tem como
fundamento o “ensinamentos budistas que baseiam-se
na compreensão de que todos os seres humanos experimentam o próprio mundo de
certas maneiras”. E, hoje, insatisfeitos, tristes, ansiosos, amedrontados,
nós estamos atravessando uma experiencia sombria de vida e precisamos “lidar com sintomas crônicos no corpo e na
vida da melhor forma possível” (p. 13). Daí a melhor opção de sobrevivência
são os pensamentos, as atitudes e a respiração em processo de conhecimento. Em
isolamento é a hora de atenção plena mesmo! Mas o que seria isso? Primeiro é
uma alternativa de vida saudável, curiosa e positiva. Segundo (e pasmem!) é
algo que fazemos naturalmente desde a “infância
quando estamos plenamente atentos, percebendo os detalhes das experiencias tais
como são, sem julgamentos ou tentativas de muda-la imediatamente” (2018, p.
18). E, por último, a segunda opção é tudo o que desejamos retomar com a ajuda
da atenção plena. Em casa, sozinhos ou acompanhados (em família), “somos treinados para analisar e dar sentido
a nossas experiencias, na maior parte do tempo apenas pensando sobre elas. Não
somos encorajados a brincar, a explorar ou realmente experimentar nosso mundo”
(p. 18) porque já somos adultos. Por isso a atenção plena é uma maneira de
reconexão, reconstrução e religamento de todas as nossas experiencias através
dos sentidos para nos dar tranquilidade. É uma oportunidade de prestar atenção
a nós mesmos, com mais detalhes, mesmo em situação de exceção. E como
reestruturamos os sentidos, diante da ação de atenção plena, há referência
direta à neuroplasticidade (capacidade de alteração do sistema nervoso a
partir das informações ou dos estímulos que recebemos e evocamos diariamente). A
atenção plena, então, é capaz de provocar “alterações
importantes na ativação do córtex pré-frontal” (p. 22). De acordo com
Silverton (2018, p. 22), muitos estudos já mostram que, no processo de ativação
da atenção plena, há “ativação maior do
lado esquerdo em áreas fundamentais do cérebro associadas com a regulação das
emoções, sugerindo um aumento na capacidade de lidar com situações de forma
mais positiva e equilibrada”. A atenção plena então tem se apresentado como
meio de reencontrarmos equilíbrio e satisfação tanto para o autoconhecimento,
quanto para superação dos momentos difíceis. São alterações cujas áreas
cerebrais atingidas ainda estão em processo de reconhecimento e entendimento.
Mas possibilidade é possibilidade; alternativa é alternativa. Não se pode negar
a experiencia na\com a vida; mas é possível sabotar os momentos da\na vida, reconduzindo
novas energias aos nossos pensamentos e emoções. Não somos vítimas de nada ou
de ninguém; somos pessoas em desenvolvimento de nossos monstros pessoais, em
quarentena e aceitando os desfios cotidianos. Questão-base: em tempos de
quarentena, diante da opção atenção plena, estamos com copos meio vazios ou
copos meios cheios?
Prof.ª
Ms Claudia Nunes (26.04.20)
Referência:
SILVERTON, Sarah. A Revolução Mindfulness: um guia para praticar a atenção plena e se
libertar da ansiedade e do estresse. 2ª ed. São Paulo: Alaúde Editora, 2018.
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