sexta-feira, 22 de maio de 2020

Novo mundo, novas atitudes e funções executivas


        Não há melhor hora para pensarmos em formas de convivência. Em isolamento social, humanos não estão impedidos de viver ‘com’ como antes. Não podemos, por experimentação, ultrapassar a linha do conhecido para ser íntimo. No âmbito do conhecido, o humano ‘está com’ nas filas, nas escolas, nos bares, nos parques, nos teatros, nos estádios, nas igrejas, nas ruas, nas festas. E, no âmbito do íntimo, o humano ‘vive com’ nas próprias casas e nos condomínios.
O momento não nos permite o ‘socialmente próximo’; o momento nos permite o ‘socialmente próximo’, de maneira virtual ou se obrigados, quando faltam alimentação e remédio. Nós precisamos evitar o outro e a rua; e ainda assim manter a saúde mental. No processo, ansiedade, stress, tristeza, irritações, dúvidas, indiferença participam da nossa vida. Então, nós precisamos de atitude. Saber como ter atitude, apesar do limite de espaço e de movimento.
Depois de 60 dias de isolamento social, nós estamos em desarmonia emocional. A agitação da vida moderna está em velocidade lenta. E de novo, nós precisamos nos adaptar. O cérebro está confuso, em expectativa, com estímulos estranhos e criando neuroconexões desordenadas. A manutenção do autocontrole é muito difícil.
Além disso, há o tempo. Estamos tempo demais longe da vida que criamos; da velocidade que gostamos; das pessoas que amamos; dos lugares que trabalhamos. Não há o dia cheio, como antes. Não há as reclamações de falta de tempo, como antes. Nós fomos despertados para outra dimensão de realidade, ignorada ou mesmo esquecida. E isso é tenso.
Ainda assim, ‘é o que se tem para hoje’ e nós precisamos nos adaptar. Nós precisamos compreender a nova rotina, reajustar o autocontrole, criar e experimentar estratégias para vive-la, e ter certo inconformismo como motivação. Nós precisamos das chamadas ‘funções executivas’ que, segundo Mallony-Diniz, 2008), é o “conjunto de processos cognitivos que, de forma integrada, permitem ao indivíduo direcionar comportamentos a metas, avaliar eficiência e a adequação desses comportamentos, abandonar estratégias ineficientes e, desse modo, resolver problemas imediatos, de médio e de longo prazo”.
Para a construção de outro movimento em tempos de isolamento social e remodelar características da convivência, nós precisamos ter a intencionalidade de reAPRENDER a sermos sujeitos sociais. Sem essa intenção de reaprendizagem, nós corremos o risco de adoecer, inclusive fisicamente.
Nessa hora, é a atitude, nosso diferencial entre a esperança e a realidade. Nós precisamos de atitudes. Atitudes positivas, focadas em nossas memórias afetivas e realizáveis em curto prazo. E, de novo, presentes as funções executivas, habilidades relacionadas ao planejamento e execução de atividades em geral e, lógico, nossa sobrevivência, apesar e depois do vírus.
Com menos velocidade para gerir tarefas, mais proximidade com a família e a própria casa, o cérebro humano está menos exigido em seus sentidos. O movimento multissensorial se altera. Há tempo para sentir, pensar e agir com adequação. E diante do que nos aconteceu, nós, humanos, temos a oportunidade de sermos mais comprometidos, motivados, positivos, flexíveis, a partir de habilidades importantes com que precisamos / precisaremos lidar, como: atenção sustentada, memória operacional (de trabalho), inibição dos impulsos, fluência verbal, pensamento abstrato, flexibilidade de pensamento e planejamento cognitivo.
No fim de tudo, tudo são decisões diárias focadas em:

Respirar, priorizar, decidir, ficar bem com isso e viver para acordar em novo dia.

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (22.05.20)


Nenhum comentário:

Nada nunca é igual

  Nada nunca é igual   Enquanto os dias passam, eu reflito: nada nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepçã...