quinta-feira, 8 de abril de 2021

O mundo não é dos ‘fortes’, mas eles existem

Força emocional é autocontrole. Nada tem a ver com egoísmo, autoritarismo, dureza ou inflexibilidade. Força emocional é resistência e reconhecimento de certos fatos da vida como naturais. Aqueles que são fortes são aqueles que conseguem, em situações críticas, agir com mais escuta, silencio, moderação, equilíbrio e paz interior consigo mesmos. É uma aprendizagem diária. É algo que não ‘vem de fábrica’. Não há frieza ou repressão; há a habilidade para reconhecer e escarar a realidade, ainda que os sentimentos sejam muito tristes ou intensos. Os ‘fortes’ aprendem a diminuir o transbordamento de reações incongruentes ou insanas cuja permanência não possam reelaborar ou reajustar junto ao tempo ou às pessoas. Os ‘fortes’ pouco se perdem em si mesmos, ainda que reconheçam dores e sofrimentos internos. Os ‘fortes’ tem AUTOCONTROLE e AUTOCONFIANÇA, ambas atitudes que levam tempo e muita experiência de si no mundo para serem internalizadas. A ideia é não prejudicar a si e ao outro com reações cujas desculpas não valerão de nada. É um aprendizado cotidiano

ð  de autovalidação para poder conviver com os outros;

ð  de construção de variadas parcerias como sobrevivência mental;

ð  de compartilhamentos quase desinteressados para uma aprendizagem continuada;

ð  de eliminação de certas dependências, nem que seja pelo silêncio;

ð  de busca de critérios realistas de vida;

ð  de participação real em seus contextos familiares e afetivos;

ð  de encontrar nas rejeições força para se superar sem grandes danos;

ð  de agir menos por impulso e mais a partir do autoconhecimento e reflexão;

ð  de ser sagaz em escolher seus afetos, ainda que as vezes caiam em armadilhas;

ð  de encarar mudanças como forma de maturação, vitalidade e conhecimento, ainda que pequenos medos atrapalhem o processo;

ð  de aceitar que somos seres interdependentes, por isso respeitar e valorizar o outro é fundamental e saudável;

ð  de saber questionar suas dúvidas, com clareza e sem aceitar tendências que todo mundo segue como certas ou boas.

 

O mundo não é dos ‘fortes’; o mundo é daqueles que se adaptam constantemente às novidades do mundo eseguem reaprendendo a ‘ser gente’ nesse mundo doido ou doído.

 

Prof.ª Claudia Nunes (30.09.2020)

 

Jogo do contrário: mudanças

Nós acreditamos que estávamos vendo o mundo muito bem, até que chamam nossa atenção para o contrário. É outra experiência. Outra intuição. Um mundo totalmente novo. Só dá tempo para respirar e viver. Só dá tempo para ouvir e registrar com certa precisão os sons do mundo. Da percepção à ação, há uma tempestade de raios de atividade nervosa exigindo movimento, vontade e relação. Há uma aflição. Mudar é terreno arenoso. Nada é como antes. Todos os hábitos entram em choque, quase térmico. Nós nunca temos consciência disso tudo até que tudo isso precise ser vivido. É experiência sem uma superfície de segurança. E o jeito é aceitar esse jogo do contrário. Em outras palavras, a tempestade de atividade muscular e nervosa é registrada pelo cérebro, mas o que é entregue a sua consciência é algo muito diferente; é resultado da mistura de neuroquímica que perpassa o cérebro até se tornar pensamento. Como a consciência é uma forma de projetar toda a atividade de nosso sistema nervoso em uma maneira mais simples; nós temos que entender e aceitar que mudar é esforço / trabalho próprio para equilibrar dados sensoriais, programas motores, leituras neuroquímicas para combinar informações, prever o que virá a seguir, tomar decisões sobre o que fazer agora; e ir em frente. Toda mudança revela nossa complexidade e fragilidade para lidar com os dias seguintes num mundo sem arestas reconhecíveis.

 

Prof.ª Claudia Nunes (18.09.2020)

 

Na escuridão mais profunda...

Escuridão. De repente as cores sumiram. O escuro escondeu o gradiente da vida. Não encontro linhas, pontas, pedaços, pessoas ou luzes. Só observo a escuridão. Sei onde estão as paredes, os quadros, os livros, as panelas e meu café. Sei. Apenas sei. Não invisto na escuridão. Ela simplesmente existe e tem luz própria. A escuridão tem sua luz e chega sem avisar. É uma história antiga cheia de elementos óbvios. Mas eu só observo e deixo meus sentidos falarem comigo. Escuridão. Palheta de tintas muito misturadas grosseiramente. Não há pontos de contato ou de liberdade. Há a escuridão, senhora de si e dominando meu espaço, minha vida, minhas emoções. Corpo treme. Respiração alterada. Muitas histórias na mente. Escuridão dentro e fora. Não adianta disfarces: doces, queijos e vinhos; só adianta experimentar a experiência da presença da escuridão; e tentar boiar sobre ela e observar. Hoje só assim os dias ganham sequência com tons mais cinza.

 

Prof.ª Claudia (18.09.2020)

Da sensação à ação, uma questão de memória

PERCEPÇÃO, capacidade de organizarmos e interpretarmos impressões sensoriais com o envolvimento da memória. Algo nos chama a atenção, sentimos a emoção da surpresa e percebemos algo. As vezes chamamos de intuição; outras de insight; mas o que temos, em linha, é sensação, percepção, observação, atenção e ação. A observação é uma ação que provoca movimento na memória para a criação de um ou mais focos de atenção: somos quase multitarefas. A experiência interior é desconstruída e reconstruída rapidamente: amadurecemos. Em cada foco, uma temática, uma atenção, uma seleção mnemônica e a experiência de conhecimento. E, no processo, os sentidos são fundamentais. Da percepção à atenção, nós amadurecemos emocional e cognitivamente, pela necessidade de decidir e evoluir, em diversos ambientes. Uma certeza: isoladamente não há criatividade; nós a temos com a força do coletivo. Somos diferentes, mas só sobreviveremos se soubermos perceber que o outro é a fonte de nossa vida na Terra.

 

Prof.ª Claudia Nunes (17.09.2020)

 

 

Melancolia, momento de respiração profunda

Ausência de ânimo. Vontade de nada. Realidade tediosa. Uma doença emocional? Talvez... Será melancolia? Não sei... confusão... Penso em transtorno de humor e isso também me incomoda. A vida precisa de humor. A vida só tem cor quando o humor recheia nossas atitudes docemente. Melancholia, junção das palavras Melan (negro) e Cholis (bílis), sendo traduzida como “bile negra”, será? Em muitos estudos, ela é a antecessora da depressão e da distimia[1]. Segundo Freud (Luto e Melancolia, 1917), melancolia é quando uma pessoa sofre por uma perda que não consegue compreender ou identificar completamente, o que faz com que esse processo ocorra no seu inconsciente. Será que preciso ou precisarei de terapia? Sinto mais do que tristeza, sinto melancolia: é inexplicável e sem sabor ou intensidade. Pior: ela não permanece, ela me atravessa em alguns dias e deixa rastros / marcas. Nas noites, eu só sinto. Nos dias, eu penso demais. No meio de tudo, eu luto contra a melancolia. Tenho cartas na manga: melancolia é um bom disfarce para introspecção, observação e certos momentos de empatia. Puro blefe. É melancolia mesmo. É impactante e perigosa. Ela não me deixa. Hoje me sinto fragmentada, espalhada, quebrada. São pedaços em todo lugar. Perdi raízes, livros, lugar, calma. Será anedonia? Sou incapaz de encontrar prazer porque mudei de vida e de lugar? Não quero acreditar nisso. Mas é melancolia, o que sinto hoje. Só não sei se ela me representa há um ano e pouco, ou se é parte da minha essência. Estou apática, sem pensamentos claros e vazia. Hoje sou um papel em branco, esquecido dentro de uma gaveta, depois que todos se mudaram. A escuridão da resignação me preocupa. Há algo errado. E estou sem armas para criar atitudes mais expressivas. Onde ou como encontrar estratégias de superação? Em algumas leituras, autores afirmam que comida saudável, atividade física (incluindo meditação), terapias alternativas, pensamentos positivos, sono regular, desligamento eletrônico e midiático, e boas relações afetivas podem revigorar a saúde mental para o autoconhecimento, a autoestima e o prazer de viver, apesar das intempéries. Porém, por enquanto, é a melancolia, a dona do meu pedaço de tempo. Sou um copo meio vazio, em cima de uma areia movediça. Então o que fazer? Buscar uma ponte por sobre a escuridão, em um voo quase cego, acreditando na Sra. Esperança, sempre guardada. A Sra. Esperança é um bálsamo às perturbações do espírito, esvaziado pela necessidade de mudança. Ainda assim, sinto melancolia, um desequilíbrio de humores ou um sentimento dissonante nesse tempo. Quero me adaptar logo, mas hoje, o obstáculo interno é enorme: a melancolia, ou seja, aquilo que não entendo porque sinto. Terei que ter cuidado com meu fígado, centro do conhecimento desde Prometeu. Da melancolia à preguiça, nem a leitura me sustenta mais. E agora, nova mudança. Um descolamento de raízes. Um jeito diferente de viver. Um espaço novo para recomeçar. Todos animados mas ninguém me entende. Mudar é melancólico. Meu corpo vai encontrar outros caminhos, mas meu espírito não se preparou para isso. Isso não fazia parte do meu show da vida. Mudar nunca foi o sonho; logo não é uma conquista. Posso agradecer sempre, mas não me sinto bem. O momento é de empacotar a vida e sentir de novo um vazio real. Ninguém entende. Sou apegada, talvez possessiva e abertamente ciumenta; e mudar é necessitar empacotar histórias em sacos pretos ou caixas de papelão, mas só as melhores ou as úteis. Como assim? Todas as minhas histórias são MINHAS histórias e elas me construíram. Meus livros foram encaixotados e levados embora para um espaço novo. E ninguém entende ou quer saber: isso não é bom, nem motivador. Como escreveu uma amiga, eles são meu DNA e agora se escondem em lugar estranho sem saber quando ou como verão a luz da vida. Essa sou eu, a irreal, a fluida, a dramática, a melancólica. Única certeza: estarei sozinha e no silencio, nos próximos dias, sem meus alicerces e parceiros. Amanhã, eu posso experimentar: pensar positivo, aumentar o humor, aceitar o medo, definir outros objetivos, traçar planos, ter mais cuidado ou calma, saber respirar corretamente, assumir riscos, acreditar no ‘vai dar certo’ etc. Amanhã eu posso experimentar viver numa Matrix mais saudável e afetiva que todo mundo me afirma existir. Mas hoje, o tempo é de preguiça, tédio, saudade, descrença, tristeza, apatia, ou seja, MELANCOLIA.

 

Prof.ª Claudia Nunes (11.09.2020)



[1] Segundo site de Drauzio Varela, distima caracteriza um subtipo da depressão caracterizado pelo estado de desanimo, irritação, baixa autoestima, predominância de pensamentos negativos e mau humor.

Meditar, você tem tempo?

As situações da vida diária demandam várias atitudes e comportamentos. Não ter tempo seria uma desculpa? Meditar é cultivar o bem-estar, mesmo se você pensa que não tem tempo. Experimente entender e criar adaptações práticas. Já pensou em meditar 10min antes de dormir? Ou nas viagens de ônibus ou metrô, de lá para cá? Ou mesmo limpando sua casa? Na medida em que a atividade não exija toda sua atenção, você pode escutar instruções práticas em segundo plano. Meditar é uma ação que lhe prepara para assumir seu cotidiano com mais foco e harmonia. É uma vantagem relacional. É a oportunidade de ajustar seu autoconhecimento para manter-se nas ondas das exigências sociais e afetivas. O chamado ‘mindfulness’ (atenção plena ou mente aberta) é uma opção de acesso a si mesmo, sem ter de abraçar, ou sequer conhecer, suas raízes asiáticas (budismo). Em tempos pandêmicos, você pode se beneficiar de momentos de contemplação de si mesmo para horizontalizar suas ações com menos distrações. Doenças psicossomáticas poderiam ser controladas ou diminuídas sua intensidade energética. É uma forma de aliviar o estresse. Em reuniões tensas, em hospitais, em presídios, na formação de professores, nos esportes em geral, com grupos de ambientes violentos etc., a meditação voltada às situações da vida diária pode fornecer uma mudança cerebral positiva. A “saúde”, tal como definida pela OMS, vai além da ausência de doença ou da existência de alguma incapacitação, para incluir “bem-estar físico, mental e social completo”. A meditação e seus derivados podem ser um ingrediente ativo nesse bem-estar de muitas maneiras, e podem ter um longo alcance. Ainda assim, as aplicações ou as abordagens relacionadas à meditação devem ficar fundamentados na ciência, tornando essas soluções mais prontamente disponíveis para a gama mais ampla de pessoas que possam usufruir delas.

 

Prof.ª Claudia Nunes (31.08.2020)

 

Referência:

GOLEMAN, Daniel e DAVIDSON, Richard J. Uma Mente Saudável In. A Ciência da Meditação: como transformar o cérebro, a mente e o corpo. São Paulo: Editora Objetiva, 2017. [Dados Eletrônicos]

 

INVEJAS: cuidado com você e com os outros

Querer SER o outro; TER o que for do outro ou ESTAR no lugar do outro. Nas relações, ninguém escapa disso. É a fatídica INVEJA. Por insegurança ou medo, alguém se incomoda com o que o outro tem ou é. Não há investimento para a conquista pessoal, a partir do que observa; mas sim, na comparação, um desejo da vida alheia para si, na íntegra. Interessante que saber como o outro chegou onde chegou ou se tornou quem se tornou, nem passa por essa emoção ou vontade. Estranho... Nós deveríamos nos comparar com pessoas que estão ou achamos que estão melhor do que nós. É um estímulo para nos esforçarmos para chegar ao mesmo patamar ou mais. Observar comportamentos, conversar diretamente, entender atitudes, experimentar ações são ferramentas mentais importantes para que uma pessoa se aperfeiçoe e vá em frente. O problema é que, quando isso acontece, a falta de autoconhecimento ‘fala’ mais alto e invejamos o outro porque tem o que queremos, com tal intensidade, que ficamos cegos sobre as ferramentas e experiências que adquirimos para conquistar a mesma coisa. Surgem então a fala enviesada, tipos de orgulho e soberba, raivas internas, construção de informações errôneas e formas de depreciação. É a inveja e ela NUNCA é ‘branca’! A inveja é uma emoção social dolorosa em relação a algo que é produto de uma relação de desigualdade. Ou seja, INSEGURANÇA disfarçada. Saímos da categoria ‘admiração’ pelo outro e para ‘desgosto’ inconsciente (inveja). Por isso, a presença dos blefes / dos disfarces / das ‘falas mansas’ em torno do invejado. Artifícios que escondem quem realmente somos nós em termos de falhas de caráter. Que sensação é essa? Inveja é uma forte sensação contínua de desvantagem. A inveja é a representação de algo reprimido: uma incapacidade, uma fragilidade, um impedimento, uma dúvida, uma falta. É um mal-estar que não trabalhamos e nem respeitamos em nós, daí jogamos nas costas do outro, nossa incapacidade. O outro torna-se aquele que revela aquilo que você reprime e, por isso, deve sofrer como você. É o networking negativo (interesseiro) que procura colocar o outro no lugar que você decidiu que era dele. É a hora da depreciação que tenta trazer o outro ao seu lugar: “se eu estou com menos status, não tem sentido ele seguir em frente ou subir degraus na carreira”, por exemplo. Segundo algumas leituras, ninguém está livre de sentir inveja ou ser foco dela. A realidade humana é assim mesmo. O problema é sucumbir a ela e se perder como humano autônomo e proativo. Então cuidado, por exemplo, com a presença exagerada do sarcasmo; com uma pessoa sem filtros em suas mensagens (sinceridade às vezes é inveja e/ou grosseria); com o doce sadismo (as pessoas muito amáveis e que usam muito palavras no diminutivo); com a solidariedade mesquinha (tipo ‘eu só quero lhe ajudar...’; são as intrometidas, intrigantes); e com aqueles que ganham ‘sempre’ nas comparações (egocêntricas). Não tem jeito, inveja doí, é insegurança e, em muitos casos, imperceptível e disfarçada de amizade; então uma pergunta para refletir: quando inveja-se outra pessoa, qual é o brilho que você não tem?

 

Prof.ª Claudia Nunes (31.08.2020)

 

Prova social e meus pensamentos

Estou lendo trechos do livro “A arte de pensar claramente” de Rolf Dobelli e, de novo, experimentando meu autoconhecimento. Há um artigo chamado “prova social”, algo como comportar-me de modo correto quando me comporto como os outros, que achei bem interessante. Ao mesmo tempo, terminei um curso sobre “Competências profissionais, emocionais e tecnológicas em tempos de mudança”, da PUCRS e fiquei pensando na vida pré-pandemia. Tantos planos, tantas situações, tantos nãos, tantas superações, tantos desenhos e sonhos, e agora meu navio está em ‘viagem de cruzeiro’ ou ancorado no porto habitual, por causa de uma doença e uma pandemia. Será que vivemos em um realismo fantástico e nem percebemos?

Os outros não somos nós; mas nós estamos em todos. As realidades não são iguais. E o mundo foi obrigado a mudar. É o realismo fantástico mesmo! Seres humanos tão soberbos, esquecidos de sua fragilidade orgânica, estão subservientes a um vírus que segue gerando nova narrativa de vida para o mundo. Nova narrativa. Novo sonho. Outras fantasias. Vírus como vanguarda que destrona mesmices, rotinas, ‘o de sempre’, em velocidade 4. Lembro do surrealismo como perspectiva de um ambiente mais natural pós-pandemia. Algo onírico, dissociativo e exigindo outra conectividade, agora, com menos corpo, ainda que o corpo seja eternamente fundamental.

É a era das readaptações (movimento funcional e pessoal diferente) e das experimentações (movimento funcional e pessoal novo), às vezes em paisagens bizarras, extraordinárias e/ou alegóricas. Estamos em um caleidoscópico sonho de liberdade. Em ambientes analógicos não há mais espaço para pensar propostas de inovação; o vírus ceifou essa oportunidade e a sociedade foi para o digital para reencontrar saídas do labirinto do tempo com inovações ‘da hora’, como se virasse uma página do livro “Alice, no país das maravilhas”. É um movimento tenso em que muitas ideias formam um ‘balaio de gatos’, científicos ou não, à espera de um milagre.

A prova social (comportar-se como os outros) não serve mais. Segundo Dobelli (2011), ela pode paralisar culturas inteiras e desvirtuar o bom senso do grupo. Mas ainda assim, querendo o futuro e agarrados ao passado, nós desejamos prova social. Muito confortável, conhecida e simples. Por que agimos assim? Porque, em nosso passado evolucionário, esse comportamento mostrou-se uma boa estratégia de reflexão.

Pena, realmente, pensar claramente é uma loucura, no absurdo de 2020.

 

Prof.ª Claudia Nunes (29.08.2020)

Autoconfiança e soberba

Tudo vem dando certo em sua vida. Sancha está feliz demais. Todo dia algo bom ocorre. Sancha superestima sistematicamente seu conhecimento e suas capacidades. Mas até que ponto devemos confiar em nosso conhecimento? Em tudo, nossas amigdalas cerebrais estão alertas e tensa. É nosso ponto primitivo de sobrevivência. Sancha estava em uma espiral da ilusão de conhecimento e agia a partir de prognósticos muito positivos. Entre o que ela realmente sabia e aquilo que pensava que sabia, havia desequilíbrios e dissonâncias. Mas ela não tinha consciência disso. Ela acabara de ser promovida e só queria comemorar. Ela esperara muito por isso. Ela se especializada muito. Em sua mente, várias decisões já tinham sido tomadas. Ela estava orgulhosa de si. Ela só não percebera que entre o orgulho e a soberba, a diferença era mínima. Seu convencimento traria problemas. Suas capacidades tinham limites. Seus sonhos a cegavam. Em tempos de mais empatia, o outro é um forte participante dos projetos de vida. Não se deve perder essências e valores, mas também não se deve extrapolar o sucesso ao ponto de fazer do outro, ou um nada, ou um tapete. Autoconfiança precisa de controle, principalmente aquela relacionada ao conhecimento. Todo prestígio relaciona-se às formas de convivência e emocionais junto aos outros. O outro não deve ser depreciado e nem servir de escada, pura e simples. Sancha não se dava tempo para tais pensamentos. Ela estava fortalecida, otimista e alucinada. Sim, alucinada. Toda conquista deve ser sentida por tempo limitado; depois é vive-la com os pares com respeito e ética. Será que o excesso da sensação de conhecimento é incentivado ou é nato? Sancha travou diante da pergunta da sua melhora amiga. Será possível? Depois de uma noite de comemoração, era hora de ser um pouco mais cética, colocar a ‘cabeça no lugar’ e diminuir suas previsões de futuro. Não haverá futuro sem o outro.

 

Prof.ª Claudia Nunes (29.08.2020)

 

Esforço e competência

Entre decidir mudar e mudar, existem os hábitos que precisam ser ou descartados ou diminuídos em intensidade. Há uma vida confortável que precisa de novos pontos de contato emocional para nos manter em movimento adaptativo adequado. Importante reconhecer exemplos, mas uma ilusão repeti-los. Com os exemplos nós aprendemos comportamentos para os quais retornaremos caso passemos por situações em que eles sejam necessários. Não dá para decidir e mudar. Nós estamos sempre decidindo... estamos sempre em movimento de decisão, assumindo consequências e tomando outra decisão. Só não podemos esquecer que não somos bons em tudo. Nossa evolução pertence a uma construção no, para, com o coletivo. Diante de uma ecologia coletiva, nós assumimos habilidades e ampliamos competências, mudando gradativamente e em espiral: é a vida; é crescer. Reconhecimento e prática, além do exemplo, são fundamentais. Mas sua essência e singularidade não podem cair em armadilhas. Há dias de copos cheios e muitos dias de copos bem vazios. O que resta saber é o que você fará nos dias de copos bem vazios com sua mente e corpo. É preciso ter uma base forte em ver o lado positivo das coisas estranhas. E estas acontecem em demasia. É importante ser sincero consigo mesmo e não desistir, mesmo com os planos mudados, independente de sua vontade. Mudar é crescer mesmo. Arranhões e feridas são boas capas, às vezes. Aproveite. Não reclame. Corrija o curso dos movimentos habituais com habilidade e competência, sempre que sentir ventos pro ou contra. Experimente...

 

Prof.ª Claudia Nunes (29.08.2020)

Pensando sobrevivência e fracasso

Sobrevivência e fracasso. Nos dias atuais, o viés de sobrevivência lida com imprevisibilidades, atitudes, sucesso / fracasso, visibilidade, sucesso / fracasso. Não podemos superestimar nem o sucesso e nem o fracasso. Como malabaristas, nós nos equilibramos entre sucesso e fracasso. É o movimento de sobrevivência. De forma queremos o dentro; de dentro, sentimos falta do fora. É a perspectiva da sobrevivência. É a dimensão da ilusão de vida em contextos particulares. No processo, procrastinações e autossabotagens; sucesso e felicidade. Pensar para sobreviver é inútil. Em cada dia, é pensar para se superar. Não devemos depender da sorte. Todas as pessoas que se esforçam geram sorte e oportunidade. Qual é o ponto final? ATITUDE. É o tal ‘se jogar’ no que acreditamos, com a consciência de que há sucessos e fracassos, em cada degrau de nosso amadurecimento. Somos malabaristas cuja corda se chama RISCO. O fracasso surge quando não temos consciência das consequências de cada atitude. Desconfie: fracassados não escrevem livros nem dão palestras sobre seus fracassos. Ou seja, cuidado com a superestimação, principalmente dos livros de autoajuda ou oradores com linguagem agressiva ou de senso comum. Opção: pesquise projetos fracassados ou personagens esquecidos em nossa história. São sepulturas cheias de aprendizado. São ilusões que tocam em outros mundos ou outras formas de pensar, e por isso, reprimidas ou censuradas. É um passeio triste, mas saudável.

 

Prof.ª Claudia Nunes (29.08.2020)

Haja paciência e muita respiração!

Os estímulos negativos produzem mais atividade neural do que os igualmente intensos e positivos (por exemplo: os negativos são mais altos e mais claros). Eles também são percebidos com mais facilidade e rapidez. Hanson (apud SCOTT e DAVENPORT, 2016) diz, "o cérebro é como um velcro para experiências negativas, mas como teflon para as positivas". Nós somos programados para pensar demais. A realidade impõe desafios surpreendentes, tensos e frustrantes. Todos os dias, novas ameaças, medos e reações. E os pensamentos negativos se enraizando. Como fugir? Como fugir de nós mesmos? Experimente técnicas alternativas: mude hábitos de pensamento e comportamentos, só um pouco. Yoga, meditação, dança, viagens, leituras, dentre outras ações estabelecem conexões diferentes no conjunto neuronal e promover o decantado ‘equilíbrio emocional e cognitivo’. Mudanças. Transformações. Respiração e equilíbrio. Atenção plena. Práticas em ambientes diversos e livres. Maior encorajamento e muito treino. Tudo é passível de criar força internar para lidar com as surpresas de cada acordar. Dr. Rick Hanson, membro sênior do Greater Good Centro de Ciência na Universidade de Berkeley, em um artigo em seu site diz: "Para manter os nossos antepassados vivos, a Mãe Natureza desenvolveu um cérebro que os enganava, rotineiramente, para que cometessem três erros: ameaças superestimadas, oportunidades subestimadas e recursos subestimados (para lidar com ameaças e oportunidades gratificantes)". Só que mudar pensamento não é fácil. Quando diante de uma ameaça, uma oportunidade ou um recurso, respire, aprenda a respirar e dê um tempo para a renovação neuroquímica necessária para decidir adequadamente, mesmo que seja virar as costas à situação ou se libertar através de um impropério. Haja PACIÊNCIA e muita RESPIRAÇAO! Tudo começa pequeno e devagar, dia a dia. E sua sanidade agradecerá.

 

Prof.ª Claudia Nunes (24.08.2020)

 

Referência:

SCOTT S. J. e DAVENPORT, Barrie. Limpe sua menta: como parar de se preocupar, aliviar a ansiedade e eliminar pensamentos negativos. Oldtown Publishing LLC, 2016 [Dados Eletrônicos].

 

 

Tralhas tecnológicas: uma escravidão perigosa

Em nossas casas, um mundo de ‘inecessidades’: as chamadas ‘tralhas’. É a vida na, em e com expectativas ou suspensas ou inúteis. Em casa, nós, emoções e objetos ‘tralhados’ em toda parte. Estamos sempre alertas para mais espaço de armazenamento e esquecidos dos espaços de reflexão ou simples respiração. É a nova forma de escravidão. Dona do pedaço: a Informática. Informação rápida. Será que precisamos de tudo isso? Será que precisamos carregar tudo isso vida a dentro? Nós assumimos hábitos bem perigosos. Vida é um fluxo sim, mas não um fluxo de atualizações naturais ou obrigatórias porque há impotências ou incapacidades diante do acúmulo de informação. Daí os pensamentos negativos, ansiosos e reativos. Daí perdemos a noção do tempo do outro e da paixão por si mesmo. Tudo é urgente e descartável. Quando podemos nos limpar? Quando parar o tempo para uma limpeza realista? Nem pensamos nisso. Nós rimos disso. Hoje, queremos o trivial, a novidade e o instantâneo porque isto nos conforta e nos dá segurança. E voltamos a exaustão mental e emocional para manter esse conforto e essa segurança. Nessa hora, quais os valores e/ou prioridades de sua vida? O que lhe faz manter o equilíbrio quando frustrado? Pare. Observe. Aja. Por decisão e autoconhecimento, gradativamente, nós podemos diminuir o ritmo de nossa tempestade interna, apesar dos instintos ancestrais, e remover as crostas de gorduras negativas de nossa atenção, memória e linguagem. Aproveite-se!

 

Prof.ª Claudia Nunes (24.08.2020)

 

Referência:

SCOTT S. J. e DAVENPORT, Barrie. Limpe sua mente: como parar de se preocupar, aliviar a ansiedade e eliminar pensamentos negativos. Oldtown Publishing LLC, 2016 [Dados Eletrônicos].

Luta da Memória contra o Mundo negativo

Um mundo de pensamentos negativos. Realidade em tempestade e o estresse fazendo morada. Muita informação. Pessoas sobrecarregadas. Falta condicionamento emocional e físico. Ansiedade, ataques de pânico e depressão. Um mundo sem refrão (descanso). Preocupações e aborrecimentos. Problemas de sono. Dores distúrbios e infecções. Muita competição. Vazio de colaboração. Automedicação e diferentes colapsos. Insensatez, maldades, ingratidões e falsidades. Vida em zonas de guerra contra inimigos invisíveis. Humanos sonâmbulos, insatisfeitos e imbecis. Humanos apenas reagindo a tudo o que lhes aconteceu. Estamos sob a égide de confortáveis válvulas de escape. É tempo de muitas escolhas e milhares de dúvidas. Não estamos saudáveis. Tortura mental experimentar o momento das escolhas. Perdemos a noção do que seja minimizar decisões porque não minimizamos opções. O que fazer da vida com o que a vida fez de nós? Nada! Depois do choque de realidade, avance, conquiste e siga mudando as páginas do livro chamado ‘MEMÓRIA’.

 

Prof.ª Claudia Nunes (24.08.2020)

 

Referência:

SCOTT S. J. e DAVENPORT, Barrie. Limpe sua mente: como parar de se preocupar, aliviar a ansiedade e eliminar pensamentos negativos. Oldtown Publishing LLC, 2016 [Dados Eletrônicos].

 

 

Sem tempo para ‘mimimi’

Há momentos que lhe exigem mudanças. Não há preparo: é mudar ou mudar. Sem mimimi devemos aceitar este momento como oportunidade de mudar e aprender. Mesmo presos por determinadas situações, vive-las é o tempo da mudança, afinal a vida é realmente mais do que essas situações. No caminho, várias pessoas surgirão ou desaparecerão; se revelarão ou se retrairão; farão muitos barulhos ou se calarão; ajudarão ou nos impedirão. Em toda mudança há ônus e bônus. A beleza está nas decisões assertivas que tomaremos para criar conexões mais positivas do que negativas. É preciso saber optar por aquelas que nos ajudarão ou que nós mesmos podemos ajudar dentro do processo e das situações. Quem quiser nos prejudicar (críticos, vampiros, manipuladores ou sinistros de sangue) demandará um esforço a mais do nosso foco e isto fortalecerá e engrandecerá cada passo em frente. Nós precisamos acreditar que podemos realizar o que quisermos e isto nos preparará para aceitar novos desafios e fazer mais do que imaginávamos. Mesmo único sentimento fechado num baú, a ESPERANÇA sempre vence mesmo! Por isso, nós seremos capazes de viver a vida em nossos próprios termos, sem dar tanta importância às expectativas alheias. Mas que motivações podem nos ajudar a seguir nessa trilha? Segundo o livro “O Poder dos Quietos, de Chris Guillebeau (2014) a base das motivações se baseia em quatro princípios a seguir: estar aberto a novas ideias; estar insatisfeito com o status quo; estar disposto a assumir a responsabilidade pela sua vida; e estar disposto a se esforçar. Qual opção melhor cabe em seu momento? E mais: você está disposto e disponível?

 

Prof.ª Claudia Nunes (23.08.2020)

SANCHA – Isolamento e descobertas

Embora saibamos que a vida tem altos e baixos, as vezes os baixos muito mais profundos do que esperávamos. Nesta hora, no profundo das situações, nós pensamos em estilos de vida. Estamos mergulhados em aguas lamacentas e tortuosas, e procuramos tábuas de salvação: informações em nossas memórias que nos ajudem a criar uma estratégia de subida. Não podemos nos acostumar com o que nos aconteceu. Nada é ‘assim mesmo’. É a memória nossa sustentação. Sobreviver é questão de um bom uso da memória. E, em quaisquer dificuldades, uma pergunta-pilar: ‘que atitudes posso tomar?’ Ou ‘que atitudes gerarão consequências mais fáceis de resolver?’ Toda atitude de sobrevivência ou de superação tem consequências. É a hora de lembrar estilos de vida. É a hora da concentração e das lembranças. É a hora da atenção focada e da memória. Sancha está assim. De repente, depois de passada uma onda de muitos metros de altura, ela se viu mergulhada em águas tortuosas e cegantes. Seu corpo procurava fixidez. Sua consciência procurava direção. Suas emoções não tinham clareza. Mas uma ideia tinha realidade: enquanto se debatia à procura de nova respiração, ela precisava lembrar. Era a hora da revisão interna, da limpeza emocional e das promessas de mudança. Com seu corpo e mente sem certezas conhecidas, ela sabia que sua saúde mental estava em cheque. ‘Que estilo escolher ou descartar?’ As águas profundas tinham uma senha: menos inércia ou adiamentos; mais responsabilidade. Não havia permissão para distração, silêncios ou ignorâncias. Os baixos profundos da vida descascavam Sancha de forma dolorida. E ela se debatia menos. Ela nasceu para ser mais do que lhe aconteceu. Ela sabia que tudo dependia de ela despertar de outra maneira. Ela precisava apenas lembrar e aprender com o impacto daquele momento. E ela se debatia menos. Pontos de luz faziam conexão em sua mente e em seus sentidos. Padrões de comportamentos estavam fora. Emoções toxicas estavam aguadas. Crenças estavam fragmentadas. Braços e pernas entraram em movimento cadenciados, ela sabia onde queria chegar: lembrar, escolher, agir e subir. Sancha era a mudança que desejava; logo, lembrando, poupava seu tempo de vida sem perder suas próprias experiências e emergia com tesouros preciosos: motivação, vontade, equilíbrio, foco, sensatez, liberdade, autoestima e autoconhecimento.

 

Prof.ª Claudia Nunes (23.08.2020)

Quando o prejuízo é emocional dentro do castelo de pedra

Crescer depende das decisões que tomamos. Mas antes de tudo, crescer depende de todas as informações que acumulamos ao longo da vida para tomar as decisões que tomamos. Só que essas informações não são trabalhadas pelo nosso cérebro sem certas perdas. Há ganhos e perdas no processo de criação das memórias: ferramentas para tomar decisões. As conexões ocorrem construindo pensamentos muitas vezes incoerentes ou fragmentados. Nós queremos amor, afeto, segurança, privilégios; mas essa moldura de desejos depende de como percebemos as informações; depende de como as sentimos; e depende de como as trabalhamos internamente. A memória assim segue criando mundos imaginários tão fortes e intensos que, algumas vezes, não vemos portas melhores para fugir das toxinas sentimentais que nos surpreendem. Nós ficamos enraivecidos, invejosos, interesseiros, mascarados, intransigentes, loucos.

Os castelos são de pedras pesadas e nós as carregamos como proteção às nossas inseguranças, fragilidades e medos. Muitos medos. Dentro do castelo de pedra, somos o centro; fora dele, nem sabemos onde pisar. Castelos de pedra são territórios que estimulam ininterruptas fugas para dentro e dedos apontados para fora. E aí surgem os prejuízos emocionais. Perdemos a perspectiva do coletivo. Ignoramos os afetos sempre presentes. E desfrutamos apenas da vida fria e solitária de um castelo de pedra. Desaprendemos a olhar o mundo em 190º, pelo menos, para sobreviver. Somos extremamente umbilicais e alimentamos todas as nuances do orgulho. Uma pena!

Todos precisamos de todos. A vida é circular. Mas a vida fora do castelo é assustadora e para defende-lo muitos ataques, armas e agressões. Servir é um verbo abandonado. Empatia é um substantivo incompreensível. Que pena! “O que temos de mais íntimo somos nós mesmos” e quando esse ‘nós’ vive dentro do castelo de pedras pesadas, essa intimidade é viciante e orgulhosa. Esquecemos que, para entender o ‘nós’ mesmos, precisamos reconhecer a presença de outros. Só que dentro do castelo afirma-se apenas um lema: o ‘nós’ está protegido, por isso, sozinho, ele se sente mais forte.

É dura a revelação de que nunca fomos o centro do Universo; que nosso ‘eu superior’ é pura ilusão; que conexões em outros territórios é parte da própria sobrevivência; que tudo ao nosso redor nos estimula a ser melhor, no coletivo, e não dentro do castelo; que certos momentos nunca se traduzem em confiança ou no ‘para sempre’; e que toda mudança começa com um primeiro passo em direção ao desconhecido, mais escutando do que falando.

Realmente tudo é uma questão de escolha e saber escolher é um aprendizado de todas as experiências de vida. Se estas forem positivas, tudo é mais harmônico e acessível; mas senão, somos orgulhosos donos de um castelo de pedra sem cor, paixão ou humanidade.

 

Prof.ª Claudia Nunes (20.08.2020)

Ler como revelação e conhecimento

Natureza e bem-estar. Para ler é preciso estar com total atenção e plenamente presente, sem pensar em antes ou depois. É desenvolver a capacidade de concentração. É equilibrar emoções entre pertinentes e as outras. Sua essência segue sendo refinada. Se não prestar atenção, perde o enredo, esquece a narrativa e precisa retomar vários trechos de leitura. Então como você lê? Para que você lê? Onde está sua atenção? Estas são perguntas que remexem a questão do ‘leio porque gosto’. Pegar um livro é escolher como o tempo vai passar; é aceitar invadir outras histórias com sua própria história; e é ter atitude para ir até o fim independente do estilo literário. Foi escolha sua! Mas e se a escolha for a errada? Quando isso acontece, sofremos. Sofremos porque reconhecemos que a escolha foi errada; e também reconhecemos que nosso autoconhecimento é falho. Nessa hora, a honestidade é dura, mas um grande remédio. Nós teremos de admitir que, de novo, fomos impulsivos e ignoramos nossa essência. Ao escolher ler, experimentamos o desejo de encontros com outras realidades, mas salvaguardamos nossa essência. Particularmente não compro livros de poesia; tenho senões quanto a crônica; mas amo contos e sou apaixonada pelo romance. Essa sou eu! Ainda assim, vez por outra, descarto o confortável e invisto nas dificuldades e nos diferentes. Ulisses, Frankenstein, A Montanha Mágica, Grande Sertões Veredas, Quarup, terrenos tortuosos, estranhos, tensos, mas, por escolha, todos fontes de minha liberdade de pensamento e sentimento de vida. Leitura passa a ser construção, revelação e qualificação. Então como você lê? Por prática afetiva. Para que você? Para prática afetiva. Onde está sua atenção? Na prática afetiva. Em mundos tão diferentes e fantásticos, ler é olhar para dentro de si à procura de um grande milagre: conhecimento. Experimente essa onda! Saia do confortável! Descortine sua verdade! Drible suas certezas! Abandone o senso comum! Leia até chegar ao centro do seu universo e fortaleça sempre seus sonhos. Que venha Moby Dick!

 

Prof.ª Claudia Nunes (18.08.2020)

Diante de um mini tsunami, abra um guarda-chuva

Quando você pensa que tudo começa a se encaixar na confusão da sua vida, surge alguém e provoca uma mini tsunami. É a hora em que você sente que está mesmo sozinho e certa descrença sobre a vida abre uma esguelha na porta da sua mente. Há pessoas que saem mesmo de casa com a proposta de desorganizar as horas da vida do outro; e ainda se sentem ‘coitadinhos’ quando, depois de várias tentativas, percebem que são ignorados. São pessoas que tropeçam em tudo na vida e não acreditam que o outro não esteja nesta mesma vibe. Não existem fórmulas mágicas para nada que solucione os problemas psíquicos de alguém. Mas é possível tentar se deslocar da nuvem negra, escutar outras pessoas e viver com atitudes mais adequadas. Ato 1: pare de reclamar. Ato 2: escute a mensagem subliminar. Ato 3: crie pequenas zonas de respiração (saúde). Ato 4: apague sua coleção de emoções ‘de sempre’. Ato 5: ofereça distrações à mente. Antes de tudo, pessoas ‘de pouca luz’ são ruidosas e impedem sua consciência de refletir adequadamente. Ato 6: experimente ficar quieto e desaguar a mente. É a oportunidade de parar de julgar e de se defender. É sair da confusão, selecionar vozes internas corretas e agir com sua naturalidade. Ato 7: concentre-se no silencio. Mesmo depois de uma confusão ou discussão, saiba se refazer com tudo o que você sabe de você mesmo. Ato 8: aprenda a lidar com você com o que fizeram de / com você. Não há influências mentais que não encontrem portas abertas para se aboletar e mudar seus comportamentos. Logo perder o equilíbrio é sempre uma opção / uma decisão sua, diante de um autoconhecimento superficial. Ato 9: passe um tempo no sol. Ato 10: incentive sua imaginação sem se antecipar. Seja seu melhor presente, num mundo de tantas friezas, interesses e esquecimentos.

 

Prof.ª Claudia Nunes (17.08.2020)

SANCHA – Isolamento e a procura da mente saudável

Uma mãe doente. Um copo de café com leite. Um livro de ficção. E a mente vaga por tempos e histórias diversas. Sancha viveu muitas emoções. Só que agora, no presente, ela precisava de uma mente saudável; precisava se recompor diariamente para viver cada dia; precisava entender e se afastar do outro para respirar; precisava aprender a assimilar menos emoções alheias; precisava pensar na alegria sobre o dia de amanhã. Sancha sair mais de si para cumprir o que quer que seja. É o presente sua vida. É o passado sua força. É o futuro sua oportunidade. Não havia prisões. Ela já estava fora do piloto automático. No máximo havia um segredo. Uma força, uma energia, que lhe impulsionava a ir em frente apesar dos terrenos e das pessoas movediças. Todo dia, na hora do entardecer, uma mãe doente, um copo de café com leite, um livro de ficção e um tempo para não se deixar sequestrar pelos terrenos e pessoas movediças. Ontem e amanhã estão no agora das preocupações e das realizações. Ao entardecer, ela e seus paradoxos internos. Essa é sua vida, seu sorriso, seu silencio. Nada de ser vítima ou se sentir refém. Mesmo os ‘sinistros de sangue’ que teimam em cobrir sua casa com fumaça irrespirável, Sancha não se sentia refém. Ela agradecia e procurava revisitar constantemente seus sonhos, expectativas, amigos, família e trabalho; e criar novos ventos às fumaças estranhas e aos sentimentos mais tóxicos, olhando sua mãe doente; tomando seu copo de café com leite; lendo seu livro de ficção; e acreditando que as manhãs sempre trazem bons pensamentos, boas atitudes e pequenas e boas mudanças da realidade e de sua existência.

 

Prof.ª Claudia Nunes (17.08.2020)

 

SANCHA – Isolamento dentro de um computador

Sancha e seu computador. De repente, ela se deu conta: aquele cursor voando naquele ambiente de profundezas obscuras era ela. Seu corpo vagava metamorfoseado naquele cursor por um mundo de múltiplos caminhos e quase todos desconhecidos. Eram tentativas de conhecimento, encontros e liberdade. Neurônios em sinapses incandescentes e ininterruptas criando imaginários e personalidades. Movimentos involuntários de surpresas intensas. Esforço para manter-se viva em outra forma. Muitas escolhas para compor uma narrativa de conhecimento e autoconhecimento. Que época é essa? Que lugar é esse? Um curso num balé mágico, dependente dos sentidos, de um gestual adequado e de uma postura ereta. Sancha fazia treinamentos de si naquele ambiente multissensorial. Um ambiente de cruzamentos, interesses, descobertas e ensinamentos. Sua mão comandava tudo e seus olhos só sabiam acompanhar. Ela estava sempre pensando em outras coisas, como o que haveria para o jantar, se a casa estava limpa, se conseguiria dormir bastante naquela noite etc.; mas ali despertar era a senha. Não havia lugar para o sono. Diante do computador, ela e sua amígdala cerebral estavam plenamente alertas. Bobagens e obrigações bem misturadas. Sancha, cadeira, computador e tudo o que tinha direito nesse mundo. O tempo foi passando. Silêncio. Dúvidas. Rotina. De novo, Sancha deixa os pensamentos assumirem o leme dessa viagem sem corpo físico. E de novo, tudo fica embolado em sua mente. Outra vez, ela está em busca de respostas e novidades. Sancha é humana: busca perfeições, retas, marolas sem desafios. Ainda assim, isso lhe dava vida! Não queria mais ser uma boba; mas também não havia necessidade de ser muito espertinha. Uma frase acalma seu coração: “Menos boba e esperta, e mais desperta. Não é a esperteza o que queremos, mas o despertar para uma mente iluminada” (Monja Cohen).

 

Prof.ª Claudia Nunes (14.08.2020)

 

SANCHA – Isolamento: início das recompensas

Somos seres interconectados e interligados com tudo o que lembramos ou esquecemos. Por isso não há futuro, há o agora. E, no agora, vez por outra, nós devemos observar quem somos para diferenciar quem são ou podem ser, os outros. Diante de tantos problemas, Sancha precisava enxergar melhor a realidade que lhe foi imposta. Seu caminho fora interrompido pela vida realmente adulta. As combinações de antes não se encaixavam mais. O quebra-cabeças do seu cotidiano tinha 10 mil peças muito diferentes e, mesmo assim, ela tinha que juntá-las gradativamente. Assustador. Transformador. No lixo do ontem, rotinas, hábitos, prazeres, tudo que a fazia ser quem era. Sancha só lembrava da descida da Serra de Teresópolis, de carro, em tempo nublado: tenso, estressante, cego, mas algo necessário para voltar para casa. Ela precisava voltar para casa, acalmar os ânimos, tirar o sol da cara, diminuir o barulho do mundo, dar voz aos seus pensamentos e enxergar melhor quem realmente era. “Temos que ver a realidade [como ela se apresenta]. Há coisas certas e coisas injustas. E, em vez de [se] irritar com as coisas incorretas e injustas, [precisamos] tomar ações e atitudes que possam [nos] levar a um caminho de mudança” (Monja Cohen). O que fazer então? Ir em frente, do jeito que for. Ir em frente, seja com que for. Aceitar a perda dos esconderijos e tentar remontar o cotidiano, criativamente. Reinventar não é a palavra da hora. Sancha sabia que reinventar ignorava várias experiências; parecia uma tentativa de se ignorar uma vida inteira de aprendizado; ela gostava de REAJUSTAR ou RECOMPOR. Aos 55 anos, Sancha era a soma de todas as experiências vividas; ela era uma peça que sempre precisaria de recauchutagens para voltar a sorrir e se relacionar; ela era um organismo em constante recomposição, de tudo com tudo amealhado na vida. Em cada recauchutagem, limpezas eram necessárias, afinal ela se desenvolvia e amadurecia, em uma engrenagem plástica e movente. Não adiantava reclamar. Mesmo sem querer, mudanças precisavam ser vividas/ enfrentadas com todas as armas possíveis e impossíveis. Sancha recompunha-se por dentro de suas memórias e sonhos. Esse era seu segredo maior. Em isolamento, Sancha não era um ser especial; era apenas uma pessoa cuja vida foi surrada, com tristezas, ansiedades, medos e aflições; mas que sabia muito bem se refugiar em sua enorme autoestima para se libertar rapidamente e recondicionar o tecido da vida, com suas melhores recompensas. Para o alto e avante!

 

Prof.ª Claudia Nunes (14.08.2020)

SANCHA – Isolamento num abrigo de aprendizado

Um abrigo. Um jeito de se defender. Uma opção para que encontrar um novo ponto de contato consigo mesma. Quando a vida perde a clareza, ter um abrigo é esperançar renascer. Sancha sabia disso. Sancha tinha medo. E sozinha, em seu abrigo mental, ela procurava se reconquistar. Seu abrigo tinha experiências estranhas, doloridas, ridículas, fantasiosas, fantásticas, inocentes, familiares, coloridas, emocionantes, risonhas e silenciosas. Era um abrigo com mais janelas do que portas. Era um abrigo com janelas amplas e portas, um pouco estreitas. Sancha gostava de sentir o ar e sorria com o coração apertado. Um abrigo. Um jeito de se defender. Seu abrigo tinha uma aura que protegia seus sagrados e profanos. Mestra e discípula em seu próprio abrigo. Sancha só precisava reaprender a despertar para voltar à realidade. O abrigo é confortável, mas a vida sempre acontece no ‘fora’. É o chamado da Natureza, mesmo em tempos de caos e isolamento. Ela estava envolvida por sua mentalidade, cheia de vieses desconfiáveis e duvidosos, pelo tempo de imersão no social. Por isso, abrigar-se foi essencial. Liberdade. Conhecimento. Descartes. Sofrimento. Reencontro. Autoconhecimento. Vontade. Ilusão. Tensão. Tudo estava no abrigo, esperando ajustes ou mesmo, o lixo. No abrigo, um momento para cuidar de si mesma. “Tudo é a nossa própria vida e por isso devemos cuidar dela” (Monja Cohen). Só que cuidar é lá fora. O tempo do abrigo tem limites. Hora de ir para fora. Caminhar. Respirar. Acreditar. Compreender. Fazer. Ser melhor do que antes. Esse era o ‘fora’ que seu corpo precisava para viver mais e de outra forma. Na luz do dia, Sancha tomou um bom banho e, sorridente, abandonou seu ‘eu menor’ para sempre.

 

Prof.ª Claudia Nunes (13.08.2020)

 

SANCHA – Isolamento por dentro da escrita

Sancha vivia num mundo escuro. Depois do isolamento, ela só fazia uma coisa: ESCREVER. Nem sempre escrevia suas ideias. Ideias são pensamentos. E ela não queria mais pensamentos. Nem sabia mais o que fazer com tantos. Em isolamento, ela desaguava sentimentos. Era parte de sua vida. Era sua forma de sobreviver. Talvez no futuro alguém a escutasse e entendesse. Hoje ela não acreditava em mais ninguém. Escrever registrava suas impotências, fragilidades e inseguranças. Solitária, sob o som de uma música New Age, ela ia organizando seu mundo numa folha sem linhas. Sim! Ela escolheu escrever fora da linha. Escrevendo desenhava suas memórias, desejos e sonhos sem pensar em linhas / limites. Nem precisava pensar no tempo. As situações e as pessoas só lhe atravessavam, em cada respiração e moviam suas emoções. Eternizada. Escrever é torna-se eternizada. Escrever era um convite à saúde mental. Escrever muda a perspectiva das decisões e da vida. Sancha se dava ao deleite de navegar dentro de si mesma para se encontrar, juntar cacos e evoluir. Escrever é um recomeço e um mudança de olhar interno. Não é fácil. Sancha nem sabe quem a lerá. Só que nada a impedia de escrever, nem ela mesma. Noite adentro, sem dor, escrever catalisava perguntas e respostas. A música ajudava. Ela a distrai do mundo e de seus inúmeros senões para inscrever-se, naquele papel, de qualquer jeito ou em qualquer espaço. Plenitude. Reflexões. Preocupações. Impressões. Sentimentos. A vida moderna impedia esse desaguar sentimental, mas o isolamento é autoritário. “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”, diria o senso comum. Escrever então é superação, bem-viver, sintonia, iluminação. Sancha não só registrava seu autoconhecimento, como também criava um guia de apreciação da própria vida, mesmo dentro do caos. Isso! O caos só se torna positivo quando nos permitimos escrever fora dos seus vazios com grandeza e humanidade. Sancha se sentia viva.

 

Prof.ª Claudia Nunes (13.08.2020)

Como podemos ser fortes na vida?

Nunca! Eis a grande revelação. O processo da vida tem organização, desorganização e reorganização. É caminhar em uma corda bamba que balança em cima de um penhasco sem proteção. Cair é possível, pois nem sempre morremos, mas nos machucamos muito. É a hora da resiliência e de um retorno passo a passo penhasco acima. Nessa hora um sentimento gostoso: satisfação. Penhasco acima a sensação de força, inteligência, autoconhecimento. E novas pedrinhas seguem rolando... Hoje eu percebo que nem sempre as pessoas sobem o penhasco do mesmo jeito. A velocidade de subida é determinada pela memória afetiva. Ela é o impulso àquele que consegue se levantar após a queda. É o momento que ignoramos a força das Moiras (destino). Mas há o que duvidam de si, se montam na seara do orgulho e não processam as frustrações como molas de apoio à subida. Ser forte é saber processar as frustrações vislumbrando novo foco, novo sonho e nova conquista, talvez usando outras artimanhas ou ferramentas. Mas há os que duvidam de si e se encerram numa fortaleza de passado, reclamações, vícios e, de novo, medos, muitos medos. Somos fortes porque continuamos a vida apesar de; porque criarmos redes de amigos e energia positiva; e porque aceitamos perder hábitos. Somos fracos porque aceitamos negativismos, falta de humor, ações interesseiras, limites intraduzíveis, leituras de vida e pessoas sempre tóxicas, projeções invejosas, vícios destruidores. Nós decidimos e aceitamos tudo isso. E ainda assim a palavra ‘perdão’ sempre aparece vazia e sem sentido. Que pena! Difícil lidar com isso. Difícil lidar com pessoas cheias de antolhos emocionais internos. Elas não tem resistência para subir com mais rapidez o penhasco. Elas se ralam e se cortam muito. Elas se cansam com facilidade. Eu hoje sou plateia de algumas pessoas assim. A confiança, o apoio, a escuta, a compreensão e a disponibilidade acabaram. E só me sento, ao fundo, para assistir suas performances sempre muito teatrais, em enredos absurdos e com destino incerto e problemático. Que pena! Não posso dar conta de situações, problemas ou emoções que não são minhas. Que a força esteja em todos!

 

Prof.ª Claudia Nunes (12.08.2020)

SANCHA – Isolamento e a falta de espelho

Nos dias atuais, é preciso observar as crianças. Na pandemia, nós, adulto, temos a oportunidade ímpar de observar as crianças em seus jogos de imaginário, de aventura, de relação. Nós precisamos ficar de olho e compreender onde ajustes devem ser feitos. As coisas erradas são momentos de conhecimento e atenção. Se uma criança está triste, acuada, isolada, atenção. Se a criança é agitada, imaginativa, falastrona, atenção também. Mas atenção e cuidado. Uma ou outra criança é um ser em desenvolvimento da sua singularidade e, na aventura de viver os dias, agora mais pandemônicos, ela experimenta tudo o que ela vem aprendendo vendo. Ela experimenta por imitação ser ela, mas com o que ela tem na memória do que nós, os adultos, somos em frente a ela. Sancha ainda era uma criança assim. Mesmo adulta, ela não parava de imitar. E isso não adiantava mais. Na pandemia, não havia ponto de segurança para imitar. Recorrer à memória, seria irresponsabilidade. Ela precisava ser ela e ela não bastava para viver com ela. Que drama! Sancha olhava os cômodos da casa a procura de uma solução. Que angústia! Ler um livro; desenhar; tomar um café; assistir uma série; limpar prateleiras; jogar papéis fora; ligar para os amigos; lavar louça ou roupas; ficar na janela; tantas ações, tantas imitações e nada a refletia. Quem era ela? Ela pensava em terapia; bebida; chocolate; meditação; algo que a distraísse da repentina necessidade de conhecer ela mesma. Ela queria fingimentos ou ignorâncias. Valeria a pena? Sancha não sabe. Ela apenas sabe que não entender ou se encontrar, ainda é mais confiável do que um abrir de cortinas aleatórias. Vamos ao vinho...

 

Prof.ª Claudia Nunes (11.08.2020)

SANCHA – Isolamento em voo sem chão seguro

 E quando os pais erram? E quando cultivam ervas daninhas? Será que tem consciência disso? É ignorância acreditar que tudo o que acontece na infância fica na infância. Tudo o que nos acontece reverbera em todo o nosso tempo de vida. Não há otimização da memória. Podemos apenas recondicionar estas memórias com estudos, com relacionamentos, através de viagens e com as inúmeras experiências do tempo em movimento retilíneo nada uniforme. Somos humanos sociais porque vivemos de saltos ininterruptos provocados pelas surpresas da vida. Em cada salto, pode haver bloqueios, traumas, acidentes ou imensas alegrias. Como agir mentalmente a partir disso, Sancha não sabia. Ela só sabia que ‘viver era preciso’ e desistir, uma inutilidade. As transformações internas davam a tônica da força e da intensidade de cada salto. E o vazio do salto, o voo perfeito. Só que, depois do salto e do voo, vinha o chão. Sancha e o pé no chão. Sancha e a realidade sem dó. E de novo, as perguntas: e quando os pais erram? E quando cultivam ervas daninhas? Será que tem consciência disso? Em 210 dias de isolamento, junto à sua mãe doente, Sancha questionava seu salto de amadurecimento e culpava os pais. Para que tudo isso? Que sentido tinha tudo isso? Ela não percebia que estava em pleno voo e o chão não seria o conforto de agora. Não era uma viagem de cruzeiro, num céu de almirante. Tudo estava turbulento. A surpresa e o medo eram os sentimentos da hora: eles faziam parte do voo. Que informações ou influências tivera na infância? Esse mundo sempre traz prejuízos / problemas porque os pais nunca têm consciência de como sua comunicação / atitude pode afetar as formas de viver uma vida adolescente ou adulta. Só que o voo deles conosco também é vazio de certezas. Não dá para adivinharem ou para serem perfeitinhos. Em voo, sem rota definida, Sancha percebe que até os erros, as negações e os cortes abruptos servem para moldar o caráter daqueles que se dispõem a viver sua própria vida. Não faria mais questionamentos ao passado. Não adiantaria. Não teria o conforto de um voo com rota previsível. Então, ideia principal: Não seja vítima de si mesma! Aceite e aproveite todo e qualquer voo! Sua saúde mental agradecerá.

 

Prof.ª Claudia Nunes (11.08.2020)

SANCHA – Isolamento e as invenções de Camille

É verdade que nem todos vivem na mesma dimensão de realidade. Há pessoas que não transformaram experiência em conhecimento ou energia positiva. Elas tem casca dura e medrosa. E, no medo, elas escolhem um período da vida ou em que mais sofreram (para nunca mais esquecer); ou em que se sentiram mais protegidos (para nunca mais se perder). Mas o tempo passa. Sancha sabia disso. Sua prima estava limitada a infância, apesar dos seus 47 anos. Observando seu comportamento, Sancha descobriu: Camille nunca tivera que lidar com problemas mais sérios. Suas histórias eram de vidas passadas... na infância. Ela não queria esquecer, nem reelaborá-las. Sua fonte emocional era dependente, imatura, insatisfeita. Ela era vítima de si mesma e da força do seu apego. Ela não amadurecera, não desistia de nada, responsabilizava os outros pelos próprios erros e era intolerante à frustração. Sancha já lera que equilíbrio emocional se movimentava entre e com todas as fases da vida. Há hora para ser tudo e há hora das desculpas, quando somos inconvenientes ao escolhermos a fase errada para viver. Não dá para engessarmos o tempo em um momento apenas. Somos tudo que vivemos e todos com quem convivemos. Cada tempo tem seu tempo e ele passa, deixando no corpo e na mente, o que for necessário para vivermos cada novo amanhã. Sancha sabia que conselhos não iriam adiantar. Camille tinha uma distorção da própria imagem, mas era uma boa pessoa a quem a vida não ensinara resiliência e superação. Se ela queria ser o centro das atenções, isso era uma questão de insegurança, então Sancha teria outra tática: ou elaboraria um diálogo com seu imaginário ou ofereceria exemplos reais com delicadeza. Ou invés de interferir em sua forma de vida, era preciso envolve-la em sorrisos e criar fontes de pensamento e força. Sancha já aprendera, no isolamento, que as pessoas só dão o que tem; e isso exigia respeito. Não iria perder uma amizade por nada...

 

Prof.ª Claudia Nunes (11.08.2020)

Caverna e reconquista


Estamos todos sobre pressão. Em todos os quesitos da vida, nós precisamos ser mais. O volume de trabalho cresce e o medo de perde-lo também. Ideia: corresponder às exigências sociais. Nas relações é a mesma coisa: excelência é a tônica e o estresse, uma verdade. Hoje, da janela do meu quarto, penso sobre isso.

Quando nascemos, pelos estímulos e convivências, criamos uma dimensão de realidade. E um vírus chegou para alterar a rota da roda da vida. Não é parada. As Moiras não admitem isso. É uma mudança nas rotinas, que exige outras criatividades e os novos tipos de conexão. Se estávamos no mundo trabalhando e nos desenvolvendo; agora, estamos ‘em casa’, trabalhando e nos desenvolvendo, mais ainda.

De novo, nós devemos aplainar nossas necessidades para viver em outro mundo. AJUSTE é a palavra de ordem para sobrevivermos. Vírus = medo de morrer = volta às cavernas = mudanças de perspectivas = ‘novo normal’ (argh!). Ainda assim, o que se pede é: seja forte; seja resiliente. Que estranho... Somos sociais; influenciáveis e, por necessidade ou desejo, reeditamos a realidade e nos apropriamos dela como verdade absoluta. Que seres iludidos! ‘O para sempre, sempre acaba’. Verdades absolutas nos cegam. O inesperado sempre acontece. As seguranças se esvaem. E por curto ou longo tempo ficamos à merçe do que nos aconteceu. Pensem nesse vírus que freou a engrenagem mundial radicalmente.

Estou em uma caverna. Caverna cheia de meus prazeres. Caverna sem uma casca dura. Caverna sem segurança ou proteção. Só a caverna. Da janela, volto-me para os cômodos da caverna. Que loucura! Que mudanças! Que pressão! De onde vêm meu equilíbrio diante dessa tempestade? Não sei. Estudo? Família? Amigos? Experiências? Sei lá. Certa vez um amigo me disse: você é autoconfiante demais. Será? Autoestima exagerada. Só sei que nada sei e que a vida, na caverna, ao mesmo tempo, é tensa e de paz. Duas palavras se protejam sempre: aceitação e gratidão porque a pressão não para. É uma pressão corrosiva. Por isso só posso seguir em frente, sozinha ou acompanhada. Já passei do estado constante de alarme. Já interrompi atitudes intempestivas. Já ignorei a ‘droga’ do desempenho. Já gargalhei das análises críticas. Eu vivo nessa caverna e dela devo fazer ou ser o melhor que puder. Ninguém dará conta disso e nem de mim. O corpo tem dado sinais diferentes. A alma tem vagado entre sofrimento e felicidade. Então correr não é preciso.

Embora o isolamento altere a psique e forje emoções intensas e cheia de novidades, meu modus operandi diário é uma decisão solitária e também diária. Estou sob o efeito de grande sensibilização, com seta para cima e me permito a preguiça de escutar o que for interessante; agir dentro de parâmetros cômodos; estar onde o melhor for para mim.

Nos tempos atuais, a caverna reflete meu sistema de recompensa e me provoca relaxamento das muitas certezas que carrego pela vida. Entre ser feliz e ter razão: quero ser feliz. Dentro da caverna, uma única mensagem: partiu reconquista, sob nova direção e com muita pressão, ainda...

 

Prof.ª Claudia Nunes (10.08.2020)

Nada nunca é igual

  Nada nunca é igual   Enquanto os dias passam, eu reflito: nada nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepçã...