Crescer depende
das decisões que tomamos. Mas antes de tudo, crescer depende de todas as
informações que acumulamos ao longo da vida para tomar as decisões que tomamos.
Só que essas informações não são trabalhadas pelo nosso cérebro sem certas perdas.
Há ganhos e perdas no processo de criação das memórias: ferramentas para tomar
decisões. As conexões ocorrem construindo pensamentos muitas vezes incoerentes
ou fragmentados. Nós queremos amor, afeto, segurança, privilégios; mas essa
moldura de desejos depende de como percebemos as informações; depende de como
as sentimos; e depende de como as trabalhamos internamente. A memória assim segue
criando mundos imaginários tão fortes e intensos que, algumas vezes, não vemos
portas melhores para fugir das toxinas sentimentais que nos surpreendem. Nós
ficamos enraivecidos, invejosos, interesseiros, mascarados, intransigentes,
loucos.
Os castelos são de
pedras pesadas e nós as carregamos como proteção às nossas inseguranças,
fragilidades e medos. Muitos medos. Dentro do castelo de pedra, somos o centro;
fora dele, nem sabemos onde pisar. Castelos de pedra são territórios que
estimulam ininterruptas fugas para dentro e dedos apontados para fora. E aí surgem
os prejuízos emocionais. Perdemos a perspectiva do coletivo. Ignoramos os
afetos sempre presentes. E desfrutamos apenas da vida fria e solitária de um castelo
de pedra. Desaprendemos a olhar o mundo em 190º, pelo menos, para sobreviver.
Somos extremamente umbilicais e alimentamos todas as nuances do orgulho. Uma
pena!
Todos precisamos
de todos. A vida é circular. Mas a vida fora do castelo é assustadora e para
defende-lo muitos ataques, armas e agressões. Servir é um verbo abandonado.
Empatia é um substantivo incompreensível. Que pena! “O que temos de mais íntimo somos nós mesmos” e quando esse ‘nós’
vive dentro do castelo de pedras pesadas, essa intimidade é viciante e
orgulhosa. Esquecemos que, para entender o ‘nós’ mesmos, precisamos reconhecer
a presença de outros. Só que dentro do castelo afirma-se apenas um lema: o ‘nós’
está protegido, por isso, sozinho, ele se sente mais forte.
É dura a revelação
de que nunca fomos o centro do Universo; que nosso ‘eu superior’ é pura ilusão;
que conexões em outros territórios é parte da própria sobrevivência; que tudo
ao nosso redor nos estimula a ser melhor, no coletivo, e não dentro do castelo;
que certos momentos nunca se traduzem em confiança ou no ‘para sempre’; e que
toda mudança começa com um primeiro passo em direção ao desconhecido, mais
escutando do que falando.
Realmente tudo é
uma questão de escolha e saber escolher é um aprendizado de todas as
experiências de vida. Se estas forem positivas, tudo é mais harmônico e
acessível; mas senão, somos orgulhosos donos de um castelo de pedra sem cor,
paixão ou humanidade.
Prof.ª
Claudia Nunes (20.08.2020)
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