quinta-feira, 8 de abril de 2021

SANCHA – Isolamento e a falta de espelho

Nos dias atuais, é preciso observar as crianças. Na pandemia, nós, adulto, temos a oportunidade ímpar de observar as crianças em seus jogos de imaginário, de aventura, de relação. Nós precisamos ficar de olho e compreender onde ajustes devem ser feitos. As coisas erradas são momentos de conhecimento e atenção. Se uma criança está triste, acuada, isolada, atenção. Se a criança é agitada, imaginativa, falastrona, atenção também. Mas atenção e cuidado. Uma ou outra criança é um ser em desenvolvimento da sua singularidade e, na aventura de viver os dias, agora mais pandemônicos, ela experimenta tudo o que ela vem aprendendo vendo. Ela experimenta por imitação ser ela, mas com o que ela tem na memória do que nós, os adultos, somos em frente a ela. Sancha ainda era uma criança assim. Mesmo adulta, ela não parava de imitar. E isso não adiantava mais. Na pandemia, não havia ponto de segurança para imitar. Recorrer à memória, seria irresponsabilidade. Ela precisava ser ela e ela não bastava para viver com ela. Que drama! Sancha olhava os cômodos da casa a procura de uma solução. Que angústia! Ler um livro; desenhar; tomar um café; assistir uma série; limpar prateleiras; jogar papéis fora; ligar para os amigos; lavar louça ou roupas; ficar na janela; tantas ações, tantas imitações e nada a refletia. Quem era ela? Ela pensava em terapia; bebida; chocolate; meditação; algo que a distraísse da repentina necessidade de conhecer ela mesma. Ela queria fingimentos ou ignorâncias. Valeria a pena? Sancha não sabe. Ela apenas sabe que não entender ou se encontrar, ainda é mais confiável do que um abrir de cortinas aleatórias. Vamos ao vinho...

 

Prof.ª Claudia Nunes (11.08.2020)

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