Nos dias atuais, é
preciso observar as crianças. Na pandemia, nós, adulto, temos a oportunidade
ímpar de observar as crianças em seus jogos de imaginário, de aventura, de
relação. Nós precisamos ficar de olho e compreender onde ajustes devem ser
feitos. As coisas erradas são momentos de conhecimento e atenção. Se uma
criança está triste, acuada, isolada, atenção. Se a criança é agitada,
imaginativa, falastrona, atenção também. Mas atenção e cuidado. Uma ou outra
criança é um ser em desenvolvimento da sua singularidade e, na aventura de
viver os dias, agora mais pandemônicos, ela experimenta tudo o que ela vem
aprendendo vendo. Ela experimenta por imitação ser ela, mas com o que ela tem
na memória do que nós, os adultos, somos em frente a ela. Sancha ainda era uma
criança assim. Mesmo adulta, ela não parava de imitar. E isso não adiantava
mais. Na pandemia, não havia ponto de segurança para imitar. Recorrer à
memória, seria irresponsabilidade. Ela precisava ser ela e ela não bastava para
viver com ela. Que drama! Sancha olhava os cômodos da casa a procura de uma
solução. Que angústia! Ler um livro; desenhar; tomar um café; assistir uma
série; limpar prateleiras; jogar papéis fora; ligar para os amigos; lavar louça
ou roupas; ficar na janela; tantas ações, tantas imitações e nada a refletia.
Quem era ela? Ela pensava em terapia; bebida; chocolate; meditação; algo que a
distraísse da repentina necessidade de conhecer ela mesma. Ela queria
fingimentos ou ignorâncias. Valeria a pena? Sancha não sabe. Ela apenas sabe
que não entender ou se encontrar, ainda é mais confiável do que um abrir de
cortinas aleatórias. Vamos ao vinho...
Prof.ª
Claudia Nunes (11.08.2020)
Nenhum comentário:
Postar um comentário