Estamos todos
sobre pressão. Em todos os quesitos da vida, nós precisamos ser mais. O volume
de trabalho cresce e o medo de perde-lo também. Ideia: corresponder às
exigências sociais. Nas relações é a mesma coisa: excelência é a tônica e o
estresse, uma verdade. Hoje, da janela do meu quarto, penso sobre isso.
Quando nascemos,
pelos estímulos e convivências, criamos uma dimensão de realidade. E um vírus
chegou para alterar a rota da roda da vida. Não é parada. As Moiras não admitem
isso. É uma mudança nas rotinas, que exige outras criatividades e os novos
tipos de conexão. Se estávamos no mundo trabalhando e nos desenvolvendo; agora,
estamos ‘em casa’, trabalhando e nos desenvolvendo, mais ainda.
De novo, nós
devemos aplainar nossas necessidades para viver em outro mundo. AJUSTE é a
palavra de ordem para sobrevivermos. Vírus = medo de morrer = volta às cavernas
= mudanças de perspectivas = ‘novo normal’ (argh!). Ainda assim, o que se pede
é: seja forte; seja resiliente. Que estranho... Somos sociais; influenciáveis
e, por necessidade ou desejo, reeditamos a realidade e nos apropriamos dela
como verdade absoluta. Que seres iludidos! ‘O para sempre, sempre acaba’.
Verdades absolutas nos cegam. O inesperado sempre acontece. As seguranças se
esvaem. E por curto ou longo tempo ficamos à merçe do que nos aconteceu. Pensem
nesse vírus que freou a engrenagem mundial radicalmente.
Estou em uma
caverna. Caverna cheia de meus prazeres. Caverna sem uma casca dura. Caverna
sem segurança ou proteção. Só a caverna. Da janela, volto-me para os cômodos da
caverna. Que loucura! Que mudanças! Que pressão! De onde vêm meu equilíbrio
diante dessa tempestade? Não sei. Estudo? Família? Amigos? Experiências? Sei
lá. Certa vez um amigo me disse: você é autoconfiante demais. Será? Autoestima
exagerada. Só sei que nada sei e que a vida, na caverna, ao mesmo tempo, é
tensa e de paz. Duas palavras se protejam sempre: aceitação e gratidão porque a
pressão não para. É uma pressão corrosiva. Por isso só posso seguir em frente, sozinha
ou acompanhada. Já passei do estado constante de alarme. Já interrompi atitudes
intempestivas. Já ignorei a ‘droga’ do desempenho. Já gargalhei das análises
críticas. Eu vivo nessa caverna e dela devo fazer ou ser o melhor que puder.
Ninguém dará conta disso e nem de mim. O corpo tem dado sinais diferentes. A
alma tem vagado entre sofrimento e felicidade. Então correr não é preciso.
Embora o
isolamento altere a psique e forje emoções intensas e cheia de novidades, meu modus operandi diário é uma decisão
solitária e também diária. Estou sob o efeito de grande sensibilização, com
seta para cima e me permito a preguiça de escutar o que for interessante; agir
dentro de parâmetros cômodos; estar onde o melhor for para mim.
Nos tempos atuais,
a caverna reflete meu sistema de recompensa e me provoca relaxamento das muitas
certezas que carrego pela vida. Entre ser feliz e ter razão: quero ser feliz.
Dentro da caverna, uma única mensagem: partiu reconquista, sob nova direção e
com muita pressão, ainda...
Prof.ª
Claudia Nunes (10.08.2020)
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