Querer SER o
outro; TER o que for do outro ou ESTAR no lugar do outro. Nas relações, ninguém
escapa disso. É a fatídica INVEJA. Por insegurança ou medo, alguém se incomoda
com o que o outro tem ou é. Não há investimento para a conquista pessoal, a
partir do que observa; mas sim, na comparação, um desejo da vida alheia para
si, na íntegra. Interessante que saber como o outro chegou onde chegou ou se
tornou quem se tornou, nem passa por essa emoção ou vontade. Estranho... Nós
deveríamos nos comparar com pessoas que
estão ou achamos que estão melhor do que nós. É um estímulo para nos
esforçarmos para chegar ao mesmo patamar ou mais. Observar comportamentos,
conversar diretamente, entender atitudes, experimentar ações são ferramentas
mentais importantes para que uma pessoa se aperfeiçoe e vá em frente. O
problema é que, quando isso acontece, a falta de autoconhecimento ‘fala’ mais
alto e invejamos o outro porque tem o que queremos, com tal intensidade, que
ficamos cegos sobre as ferramentas e experiências que adquirimos para
conquistar a mesma coisa. Surgem então a fala enviesada, tipos de orgulho e
soberba, raivas internas, construção de informações errôneas e formas de
depreciação. É a inveja e ela NUNCA é ‘branca’! A inveja é uma emoção social dolorosa em relação a algo que é produto
de uma relação de desigualdade. Ou seja, INSEGURANÇA disfarçada. Saímos da
categoria ‘admiração’ pelo outro e para ‘desgosto’ inconsciente (inveja). Por
isso, a presença dos blefes / dos disfarces / das ‘falas mansas’ em torno do invejado.
Artifícios que escondem quem realmente somos nós em termos de falhas de
caráter. Que sensação é essa? Inveja é uma forte sensação contínua de
desvantagem. A inveja é a representação de algo reprimido: uma incapacidade,
uma fragilidade, um impedimento, uma dúvida, uma falta. É um mal-estar que não
trabalhamos e nem respeitamos em nós, daí jogamos nas costas do outro, nossa
incapacidade. O outro torna-se aquele que revela aquilo que você reprime e, por
isso, deve sofrer como você. É o networking negativo (interesseiro) que procura
colocar o outro no lugar que você decidiu que era dele. É a hora da depreciação
que tenta trazer o outro ao seu lugar: “se eu estou com menos status, não tem
sentido ele seguir em frente ou subir degraus na carreira”, por exemplo.
Segundo algumas leituras, ninguém está livre de sentir inveja ou ser foco dela.
A realidade humana é assim mesmo. O
problema é sucumbir a ela e se perder como humano autônomo e proativo. Então
cuidado, por exemplo, com a presença exagerada do sarcasmo; com uma pessoa sem
filtros em suas mensagens (sinceridade às vezes é inveja e/ou grosseria); com o
doce sadismo (as pessoas muito amáveis e que usam muito palavras no
diminutivo); com a solidariedade mesquinha (tipo ‘eu só quero lhe ajudar...’;
são as intrometidas, intrigantes); e com aqueles que ganham ‘sempre’ nas
comparações (egocêntricas). Não tem jeito, inveja doí, é insegurança e, em
muitos casos, imperceptível e disfarçada de amizade; então uma pergunta para
refletir: quando inveja-se outra pessoa,
qual é o brilho que você não tem?
Prof.ª
Claudia Nunes (31.08.2020)
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