É verdade que nem
todos vivem na mesma dimensão de realidade. Há pessoas que não transformaram
experiência em conhecimento ou energia positiva. Elas tem casca dura e medrosa.
E, no medo, elas escolhem um período da vida ou em que mais sofreram (para
nunca mais esquecer); ou em que se sentiram mais protegidos (para nunca mais se
perder). Mas o tempo passa. Sancha sabia disso. Sua prima estava limitada a
infância, apesar dos seus 47 anos. Observando seu comportamento, Sancha
descobriu: Camille nunca tivera que lidar com problemas mais sérios. Suas
histórias eram de vidas passadas... na infância. Ela não queria esquecer, nem
reelaborá-las. Sua fonte emocional era dependente, imatura, insatisfeita. Ela
era vítima de si mesma e da força do seu apego. Ela não amadurecera, não
desistia de nada, responsabilizava os outros pelos próprios erros e era
intolerante à frustração. Sancha já lera que equilíbrio emocional se
movimentava entre e com todas as fases da vida. Há hora para ser tudo e há hora
das desculpas, quando somos inconvenientes ao escolhermos a fase errada para
viver. Não dá para engessarmos o tempo em um momento apenas. Somos tudo que
vivemos e todos com quem convivemos. Cada tempo tem seu tempo e ele passa,
deixando no corpo e na mente, o que for necessário para vivermos cada novo
amanhã. Sancha sabia que conselhos não iriam adiantar. Camille tinha uma
distorção da própria imagem, mas era uma boa pessoa a quem a vida não ensinara
resiliência e superação. Se ela queria ser o centro das atenções, isso era uma
questão de insegurança, então Sancha teria outra tática: ou elaboraria um
diálogo com seu imaginário ou ofereceria exemplos reais com delicadeza. Ou
invés de interferir em sua forma de vida, era preciso envolve-la em sorrisos e
criar fontes de pensamento e força. Sancha já aprendera, no isolamento, que as
pessoas só dão o que tem; e isso exigia respeito. Não iria perder uma amizade
por nada...
Prof.ª
Claudia Nunes (11.08.2020)
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