Sancha e seu
computador. De repente, ela se deu conta: aquele cursor voando naquele ambiente
de profundezas obscuras era ela. Seu corpo vagava metamorfoseado naquele cursor
por um mundo de múltiplos caminhos e quase todos desconhecidos. Eram tentativas
de conhecimento, encontros e liberdade. Neurônios em sinapses incandescentes e
ininterruptas criando imaginários e personalidades. Movimentos involuntários de
surpresas intensas. Esforço para manter-se viva em outra forma. Muitas escolhas
para compor uma narrativa de conhecimento e autoconhecimento. Que época é essa?
Que lugar é esse? Um curso num balé mágico, dependente dos sentidos, de um gestual
adequado e de uma postura ereta. Sancha fazia treinamentos de si naquele
ambiente multissensorial. Um ambiente de cruzamentos, interesses, descobertas e
ensinamentos. Sua mão comandava tudo e seus olhos só sabiam acompanhar. Ela estava
sempre pensando em outras coisas, como o que haveria para o jantar, se a casa
estava limpa, se conseguiria dormir bastante naquela noite etc.; mas ali
despertar era a senha. Não havia lugar para o sono. Diante do computador, ela e
sua amígdala cerebral estavam plenamente alertas. Bobagens e obrigações bem
misturadas. Sancha, cadeira, computador e tudo o que tinha direito nesse mundo.
O tempo foi passando. Silêncio. Dúvidas. Rotina. De novo, Sancha deixa os
pensamentos assumirem o leme dessa viagem sem corpo físico. E de novo, tudo
fica embolado em sua mente. Outra vez, ela está em busca de respostas e
novidades. Sancha é humana: busca perfeições, retas, marolas sem desafios.
Ainda assim, isso lhe dava vida! Não queria mais ser uma boba; mas também não
havia necessidade de ser muito espertinha. Uma frase acalma seu coração: “Menos boba e esperta, e mais desperta. Não
é a esperteza o que queremos, mas o despertar para uma mente iluminada”
(Monja Cohen).
Prof.ª
Claudia Nunes (14.08.2020)
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