quinta-feira, 8 de abril de 2021

SANCHA – Isolamento dentro de um computador

Sancha e seu computador. De repente, ela se deu conta: aquele cursor voando naquele ambiente de profundezas obscuras era ela. Seu corpo vagava metamorfoseado naquele cursor por um mundo de múltiplos caminhos e quase todos desconhecidos. Eram tentativas de conhecimento, encontros e liberdade. Neurônios em sinapses incandescentes e ininterruptas criando imaginários e personalidades. Movimentos involuntários de surpresas intensas. Esforço para manter-se viva em outra forma. Muitas escolhas para compor uma narrativa de conhecimento e autoconhecimento. Que época é essa? Que lugar é esse? Um curso num balé mágico, dependente dos sentidos, de um gestual adequado e de uma postura ereta. Sancha fazia treinamentos de si naquele ambiente multissensorial. Um ambiente de cruzamentos, interesses, descobertas e ensinamentos. Sua mão comandava tudo e seus olhos só sabiam acompanhar. Ela estava sempre pensando em outras coisas, como o que haveria para o jantar, se a casa estava limpa, se conseguiria dormir bastante naquela noite etc.; mas ali despertar era a senha. Não havia lugar para o sono. Diante do computador, ela e sua amígdala cerebral estavam plenamente alertas. Bobagens e obrigações bem misturadas. Sancha, cadeira, computador e tudo o que tinha direito nesse mundo. O tempo foi passando. Silêncio. Dúvidas. Rotina. De novo, Sancha deixa os pensamentos assumirem o leme dessa viagem sem corpo físico. E de novo, tudo fica embolado em sua mente. Outra vez, ela está em busca de respostas e novidades. Sancha é humana: busca perfeições, retas, marolas sem desafios. Ainda assim, isso lhe dava vida! Não queria mais ser uma boba; mas também não havia necessidade de ser muito espertinha. Uma frase acalma seu coração: “Menos boba e esperta, e mais desperta. Não é a esperteza o que queremos, mas o despertar para uma mente iluminada” (Monja Cohen).

 

Prof.ª Claudia Nunes (14.08.2020)

 

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