quinta-feira, 8 de abril de 2021

SANCHA – Isolamento em voo sem chão seguro

 E quando os pais erram? E quando cultivam ervas daninhas? Será que tem consciência disso? É ignorância acreditar que tudo o que acontece na infância fica na infância. Tudo o que nos acontece reverbera em todo o nosso tempo de vida. Não há otimização da memória. Podemos apenas recondicionar estas memórias com estudos, com relacionamentos, através de viagens e com as inúmeras experiências do tempo em movimento retilíneo nada uniforme. Somos humanos sociais porque vivemos de saltos ininterruptos provocados pelas surpresas da vida. Em cada salto, pode haver bloqueios, traumas, acidentes ou imensas alegrias. Como agir mentalmente a partir disso, Sancha não sabia. Ela só sabia que ‘viver era preciso’ e desistir, uma inutilidade. As transformações internas davam a tônica da força e da intensidade de cada salto. E o vazio do salto, o voo perfeito. Só que, depois do salto e do voo, vinha o chão. Sancha e o pé no chão. Sancha e a realidade sem dó. E de novo, as perguntas: e quando os pais erram? E quando cultivam ervas daninhas? Será que tem consciência disso? Em 210 dias de isolamento, junto à sua mãe doente, Sancha questionava seu salto de amadurecimento e culpava os pais. Para que tudo isso? Que sentido tinha tudo isso? Ela não percebia que estava em pleno voo e o chão não seria o conforto de agora. Não era uma viagem de cruzeiro, num céu de almirante. Tudo estava turbulento. A surpresa e o medo eram os sentimentos da hora: eles faziam parte do voo. Que informações ou influências tivera na infância? Esse mundo sempre traz prejuízos / problemas porque os pais nunca têm consciência de como sua comunicação / atitude pode afetar as formas de viver uma vida adolescente ou adulta. Só que o voo deles conosco também é vazio de certezas. Não dá para adivinharem ou para serem perfeitinhos. Em voo, sem rota definida, Sancha percebe que até os erros, as negações e os cortes abruptos servem para moldar o caráter daqueles que se dispõem a viver sua própria vida. Não faria mais questionamentos ao passado. Não adiantaria. Não teria o conforto de um voo com rota previsível. Então, ideia principal: Não seja vítima de si mesma! Aceite e aproveite todo e qualquer voo! Sua saúde mental agradecerá.

 

Prof.ª Claudia Nunes (11.08.2020)

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