quinta-feira, 8 de abril de 2021

SANCHA – Isolamento num abrigo de aprendizado

Um abrigo. Um jeito de se defender. Uma opção para que encontrar um novo ponto de contato consigo mesma. Quando a vida perde a clareza, ter um abrigo é esperançar renascer. Sancha sabia disso. Sancha tinha medo. E sozinha, em seu abrigo mental, ela procurava se reconquistar. Seu abrigo tinha experiências estranhas, doloridas, ridículas, fantasiosas, fantásticas, inocentes, familiares, coloridas, emocionantes, risonhas e silenciosas. Era um abrigo com mais janelas do que portas. Era um abrigo com janelas amplas e portas, um pouco estreitas. Sancha gostava de sentir o ar e sorria com o coração apertado. Um abrigo. Um jeito de se defender. Seu abrigo tinha uma aura que protegia seus sagrados e profanos. Mestra e discípula em seu próprio abrigo. Sancha só precisava reaprender a despertar para voltar à realidade. O abrigo é confortável, mas a vida sempre acontece no ‘fora’. É o chamado da Natureza, mesmo em tempos de caos e isolamento. Ela estava envolvida por sua mentalidade, cheia de vieses desconfiáveis e duvidosos, pelo tempo de imersão no social. Por isso, abrigar-se foi essencial. Liberdade. Conhecimento. Descartes. Sofrimento. Reencontro. Autoconhecimento. Vontade. Ilusão. Tensão. Tudo estava no abrigo, esperando ajustes ou mesmo, o lixo. No abrigo, um momento para cuidar de si mesma. “Tudo é a nossa própria vida e por isso devemos cuidar dela” (Monja Cohen). Só que cuidar é lá fora. O tempo do abrigo tem limites. Hora de ir para fora. Caminhar. Respirar. Acreditar. Compreender. Fazer. Ser melhor do que antes. Esse era o ‘fora’ que seu corpo precisava para viver mais e de outra forma. Na luz do dia, Sancha tomou um bom banho e, sorridente, abandonou seu ‘eu menor’ para sempre.

 

Prof.ª Claudia Nunes (13.08.2020)

 

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