Segundo Osho (2009), a mente é tagarela. E em isolamento,
essa tagarelice é dolorida. É uma luta. É uma desarmonia mental. É uma loucura.
Mas é preciso vive-lo e sobreviver. Dentro de cada cubo familiar (a casa), a
solidão é quase palpável. Todo dia a mesma coisa: “o que fazer para que o dia passe outra vez?” Tenso. A mente é
inimiga nessas horas e, se nos distraímos, ela nos faz encarar lembranças e
pensamentos estranhos e ruins. “Será que
é assim que começam as ações de pânico, ou ansiosas ou até suicidas?” Se
não quisermos entrar em nossos submundos e encarar nossas inseguranças e medos,
a mente precisa ser alimentada de novos sentidos e novas informações. É uma
decisão diária. É sentir a dor e agir para reconduzir os pensamentos a outros
movimentos de bem estar e satisfação. Em isolamento, há algumas distrações e
muitas atitudes. Os sistemas de recompensa precisam ser atingidos por rodovias
de neuroquímicas muito mais positivas para sustentar o contínuo enclausuramento.
Ou como diria certa neurocientista, em isolamento, estamos na seara das funções executivas. Antes de embarcar
em um barco furado que nos faça afogar em nossos próprios medos, arrume uma
prancha, um jeito, uma estratégia e sobreviva. Em isolamento, o tempo é
intransigente e passa do jeito dele. Logo, em seu ínterim, temos que
sobreviver! E sobreviver a nós mesmos. E a mente espera por isso. É uma
experiencia incomum, mas necessária. Em isolamento, todos os registros gravados
em nossa memória, como incidentes, conflitos, falas raivosas, perdas amorosas,
podem ressurgir e causar palpitações, choros, irritações, ansiedade e pânico; e
estamos sozinhos ou enclausurados com pessoas que, em muitos casos, realmente
não nos conhecem. É preciso cuidado, nunca ignorância. Não se ignore! O
isolamento pode ser a grande oportunidade de mudar o tempo mental e o mundo em
geral. Diante de uma vassoura, um pano, um balde, uma lavagem de roupa, a mente
fica sem controle dos trajetos dos pensamentos e a energia vibratória interna
pode ser tóxica. É a hora de fazer alguma coisa e mudar essa relação. Diante de
emoções tóxicas, nós precisamos de estratégias de positividade. De novo, é uma
decisão. Ficar bem é uma decisão. Não nos façamos de vítimas à toa! Vítimas não
existem! Na distração mental e encontro com nosso submundo interno, é hora de
colocar uma música e dançar. Hora de conversar consigo mesmo e romper os
cárceres mentais. Hora de brincar com a vassoura e rodopiar como
porta-estandarte. Hora de fazer o que mais gosta: escrever ou ler ou pintar. Hora
de experimentar sonhos e desejos. E tudo isso é uma questão de treinamento. E
treino é repetição. E repetição é controle da saúde mental e da vida funcional.
Não devemos ignorar as emoções tóxicas, nós devemos aproveitar para arejar,
limpar ou mesmo jogar fora o que não for útil. Em isolamento, nós estamos com a
grande oportunidade de vivenciar nossa capacidade de viver com tudo o que nos
aconteceu e tentar organizar a mente para viver o que o futuro nos apresentar.
Quando nos defrontamos com nossos gatilhos mentais, nós precisamos de regulação
emocional intensa. Não é (se) ignorar, lembre-se, é vivenciar e decidir o que
fazer para melhorar ou escapar da própria loucura. Dia a dia, é preciso recriar
novas rotinas com menos esconderijos e comportamentos mais flexíveis. Treino é
memória de trabalho. Regulação emocional volta-se ao controle inibitório. E
enfim, a rotina de superação envolve a flexibilidade cognitiva. Pensar o
isolamento é pensar um momento para o treinamento de múltiplas aprendizagens. E
uma delas é a aprendizagem pessoal. Aproveite! Fique bem!
Profª
Ms. Claudia Nunes (23.04.20)