domingo, 5 de abril de 2020

Ponto final: tempo



Como estou em isolamento social, aceito minha brainstorm com ansiedade e liberdade. Sou humana, sou complexa, sou leonina. Em isolamento, o que mais devo fazer? Eu e meus pensamentos. Eu, casa, livros, CDs, DVDs, papéis/cadernos, canetas/lápis e pensamentos em profusão, todos juntos na esperança de não ME perder. Sendo assim, por que me ignorar? Sou a protagonista! Sentada, no sofá, perto da janela, fecho os olhos e o fluxo de pensamentos segue seu ritmo:
Ponto final: sobrevida. Momento de almas e suas energias mais enfraquecidas. Hora de ajuda. Hora de múltiplas emoções e pequenas superações, mesmo distancia. Hora do reencontro: eu comigo mesma. Ponto final: medo. Hora das telas com imagens sentimentais, empáticas, solidárias, resilientes, porque não há outra opção. No fundo do poço precisa haver um colchão com molas fortes. Ponto final: emoção. Hora da arte do gesto, das cores, do corpo, do diálogo, da informação, dos sons, das letras, da organização, do pé no chão, do perdão, da gratidão e da paciência. Ponto final: saúde mental. Estamos vivendo a diferença, a solidão, o medo, a tentação e a ilusão. Não há grandeza ou riqueza que se sustentem. Perdemos a liberdade de ir e vir. Hora da privação, da privacidade, da individualidade, da autonomia, da responsabilidade e do cuidado. Ponto final: controle e limitação. Em casa, eu me vejo como uma ostra com uma pérola maravilhosa, porém dolorosamente escondida. Sou ou estou escondida? Não sei... Só sei que a selvageria humana está estancada para que se viva com menos excessos, consumos, conflitos e ignorâncias. Ponto final: Natureza. É uma luta. Estamos ameaçados. Percebemos o sentido da extinção. Repensamos nossa louca paixão tecnológica e umbilical. Ponto final: hostilidade. Não podemos fugir. Não existe o fora. Nosso planeta exige respeito e foi bastante paciente. E, enfim, nós caímos em nossa própria armadilha. Ponto final: soberba e orgulho. Nem sabemos o que criamos, logo não sabemos como nos proteger AINDA... Eis a tônica do momento: a esperança está no AINDA... Pandora nos deixou a possibilidade do AINDA... No ‘ainda’ está nossa NOVA sobrevivência. Ponto final: ainda sobreviver. É a essência para nossa salvação: esperança de ainda sobreviver. Estamos, de novo, em revolução para a próxima evolução. É um salto no escuro em que muitos sucumbirão, mas é um salto na esperança de ainda sobreviver, agora, a nós mesmos. Em isolamento, palavras como despertar e engajar são primordiais para, senão interromper, pelo menos, minimizar os estragos que fizemos a nossa casa. Ponto final: planeta vivo. Hora da degeneração para regeneração. Não podemos nos acomodar. Hora de insights e criatividades. Hora de morte, desespero, vida. Hora da energia psicomotora mais positiva. Hora de descascar rotinas e certezas. Hora do vislumbre e do olhar de esguelha em outro patamar. Hora (re)inverter o tempo e experimentar novos jeitos de conviver para ainda sobreviver. Ponto final: nova era à humanidade.

Assim espero! Amém! Axé! Kaô kabecilê! Saravá! Salaam! Namastê! Oxalá!”

Profª MSc Claudia Nunes (04.04.20)

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