Escutar sem julgar, eis o drama
da humanidade. Percepção do mundo de um jeito novo, eis a razão da experiência.
Aprendizagem relacional significativa para encarar problemas como desafios
solúveis, eis a nova ordem mundial. Como fazemos isso? Como passamos por isso?
Idéia: nós precisamos recuperar o poder
da escuta. Nós precisamos fortalecer
nossa capacidade de nos conectar com a empatia dos outros e elaborar outros
comportamentos mais positivos e respeitosos, de acordo com o livro ‘Comunicação
não violenta’ (2006).
É interessante pensar nisso
nestes tempos de isolamento social. É um tempo de limitação clássica em que
perdemos o poder de ir e vir independente de nossa vontade. É o tempo do medo
do elemento biológico que nos mata sufocados e, assustadoramente, rápido. É o
tempo das emoções mais conturbadas porque, diante do espelho, nós temos que
reconhecer vulnerabilidades e fraquezas, sem restrições.
Em casa, por dias, as pessoas se
perdem em seus sonhos, atitudes e necessidades porque ainda vivem o ‘fora de
casa’ em suas neuroconexões e motricidades; e porque reagem ao que lhes
aconteceu como culpa, ao invés de escutarem suas possibilidades de SER como
liberdade. Além disso, em muitos casos, há pessoas demais dentro de casa, algo
que dificulta o processo de escuta sem julgamento e desrespeita diferenças de
atitude e preenchimento do espaço.
Escutar com julgamento é atitude
fácil, cômoda, segura. Escutar sem julgar é ação estressante, insegura,
libertadora. Pensemos: casa, nosso lugar; parentes, nossas pessoas; e mesmo
assim nossas emoções não encontram equilíbrio rápido para convivermos com
qualidade. E, em isolamento, nós questionamos a nós mesmos; ficamos
desmembrados de certezas; e lutamos para sobreviver dentro de casa.
Escutar sem julgar é lutar numa
selva de vaidades e hábitos. A questão maior então é o trabalho que dá mudar
comportamentos depois de ter travada a vida e a manutenção da experiência de
‘ser gente’ fora de casa.
Escutar sem julgar é mudar
sentimentos num movimento parabólico e eletrizante. Logo, hoje em dia, nós
precisamos ensinar operações mentais em sequência: ouvir, pensar, agir com equilíbrio
e positividade, já que escutar sem julgar
é ouvir necessidades para entender comportamentos (CNV, 2006). É uma
experiência que constrói confianças e diminui vulnerabilidades emocionais.
Escutar sem julgar é
retroalimentar o respeito ao outro e fazê-lo experimentar o reconhecimento das
próprias necessidades e pontos de atenção. Então, diante da empatia, o que se
tem é honestidade emocional na relação com o outro. É a quebra de padrões
esperados e o reconhecimento da necessidade alheia de se expressar, mesmo
agressivamente. Logo, é preciso preparação
pessoal para escutar sem julgar e intenção estratégica de continuar
convivendo em paz.
Escutar sem julgar precisa de
tempo, esforço e disponibilidade; é promover argumentações (diálogos) internas
e externas, basicamente, para lidar com os desequilíbrios alheios; e é uma questão de prática cotidiana.
Talvez devamos parar para dar
atenção aos desafios que lidamos, às situações que passamos e às pessoas com
quem nos relacionamos, porque a relação empática precisa de várias garantias,
algo que fortaleça e proteja as conexões desejadas e/ou estabelecidas.
Todo ser humano convive
positivamente quanto tem segurança para se relacionar, já que é defensivo,
frágil, inseguro, duvidoso. “Quanto mais
nos conectamos com os sentimentos e necessidades por trás das palavras das
outras pessoas, menos assustador se torna nos abrirmos para elas” (CNV,
2006).
Profª
MSc Claudia Nunes (03.04.20)
Referência:
ROSENBERG,
Marshall B. O Poder da Empatia. In.
Comunicação Não Violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e
profissionais. São Paulo: Ágora, 2006, p. 199-214. [texto em PDF].
Nenhum comentário:
Postar um comentário