domingo, 19 de abril de 2020

Queremos a ‘coisa seguinte’


Somos propensos à inovação. Música, bandas, cabelos, profissões, seitas, religiões, arquitetura, linguagens, filosofias, propagandas, ensino, estes e outros elementos, vez por outra, são atingidos pela inventividade humana e surpreendem setores da sociedade. “Não se trata de encontrar a coisa perfeita, mas a coisa seguinte” (EAGLEMAN e BRANDT, 2020, p.23).
Humanos necessitam de variações de sensações e percepções para elaborarem novos modus operandi às neuroconexões e desempenhos futuros. Quando se pensa na ideia urgente de ensino a distância, para o Ensino Médio, pensa-se na exigência autoritária de inovação pessoal rapidamente. É uma urgência de saúde pública.
A formação docente torna-se uma base frágil para sustentar os professores na onda desta outra metodologia. De frente a pergunta: eles estão preparados? Ou melhor, eles se prepararam? Um dos mantras mais repetidos nos últimos 10 ou 15 anos, na Educação, é que o professor deve ser manter em atualização constante, daí outra expressão muito usada: formação continuada.
No tempo atual, há outra geração, outras linguagens e outras profissões exigem outras abordagens que mantenham as aprendizagens. Mas “não há uma resposta certa sobre como fazer isso: o que importa é a mudança” (2020, p. 25). Mudança na urgência que desequilibra, apavora e desgasta; mas também reinventa a força maior humana: a sobrevivência.
Apesar das diferentes faltas e falhas, humanos precisam sobreviver e sobreviver é se adaptar. Diante da perspectiva do ensino a distância, para o Ensino Médio, o cérebro humano se representa em algumas fases:
ð 1. Medo e negação como distração e resposta básica;
ð 2. Estranheza, tentativa, erro e acerto, como princípio do entendimento;
ð 3. Dúvida e experimentação básica como possibilidade de continuar trabalhando;
ð e, por último, 4. Adaptação e criatividade como proposta de manutenção das aprendizagens.

“Quanto mais conhecida for alguma coisa, menos energia neural gastar-se-á com ela” (2020, p. 27). Nós nos adaptamos, criamos zonas de conforto e nos movimentamos pelo ambiente virtual com criatividade. Do medo à curiosidade chegando à criatividade, humanos se adaptam pela urgência, pela aceitação e pela repetição. Essa é a ordem da organização, desorganização e reorganização mental.
Na repetição, os humanos se tornam mais confiantes em suas previsões e mais eficientes em suas ações. Lógico que nem todos se adaptam. Mas a surpresa da desadaptação é o pomo da discórdia emocional e da renovação profissional e, nele, ou por prazer, ou pela necessidade, surgem os inovadores, os desafiadores, os motivadores, enfim, os professores do século XXI.
Professores utilizando o ensino a distância como outro espaço de encontros e aprendizagens é uma grande surpresa, ainda que a adaptação seja inerente. Seus cérebro se esforçam “para incorporar novos fatos a seu modelo de mundo” (2020, p. 27). É a busca pela novidade ou, ao menos, pela superação do medo para sobrevivência profissional.
Hoje, por causa do isolamento social, a urgência de saúdepública e a sala de aula precisando de outra dinâmica, os professores estão fora dos seus ‘pilotos automáticos’ e se mantendo despertos à própria experiência ou ao tempo da própria experiência para ultrapassar receios e realizar o melhor trabalho possível.
Professores vivem a surpresa do que Bauman chama de “tempo líquido”; vivem um confronto entre prazer e desprazer em seus sistemas de recompensa; e vivem neuroconexões envolvendo neurotransmissores em convergência intensa e acelerada. É tempo de escapar à previsão do cérebro, aceitar o autoconhecimento e inovar dentro das próprias possibilidades. “A inovação é um requisito. Os seres humanos precisam de novidade” (2020, p. 29).
Professor equilibre suas emoções e crenças, inebrie-se e aceite este novo looping em sua vida. É hora da revisão do conhecimento profissional e das práticas pedagógicas, através de uma plataforma virtual, e catapultar os estilos de aprendizagem com inovações, em ritmo gradativo e confortável para você e seus aprendentes.

Profª MSc Claudia Nunes (17.04.20)

Referência:
EAGLEMAN, David e BRANDT, Anthony. Como o cérebro cria: o poder da criatividade humana para transformar o mundo. Rio de janeiro: Intrínseca, 2020.


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