sexta-feira, 3 de abril de 2020

TRADING na escola: um pensamento


Em tempo de exceção, estou lendo “Trading: atitude mental do trader de sucesso”, de Mark Douglas; e, de novo, estou com a mente pensando em prática de ensino junto a adolescentes. Segundo Douglas (2015), “Trading”, em inglês, significa negociar (processos de negociação), com ênfase na valorização e produção, ao longo do tempo (investimento no futuro), inclusive geracional.
Quando envolvo o desenvolvimento de ações pedagógicas, ‘trading’ torna-se um olhar profundo sobre os desafios que enfrentamos quando abraçamos o desafio de diálogos multifacetados, junto aos adolescentes empreendendo formas diferentes de práticas pedagógicas, que motivem aprendizagens significativas.
É uma maneira de alavancar processos de aprendizagem com riscos relativamente controlados. É uma questão de observação das mudanças de comportamento cognitivo e executivo em meio ao processo de desenvolvimento dos aprendentes. E esta observação, em perspectiva de futuro, também promove abertura de oportunidade maior de qualificação, refinamento e diversificação das metodologias, o que aumenta as chances de participação da criatividade (inovação) na construção de relações sociais, pessoais e profissionais pós-período escolar.
No ‘trading’ somos todos responsáveis por nossas ações (estímulos/desafios). É preciso dedicar-se a conhecer como aluno / grupo aprende e saber o que fazer para estimulá-lo com mais direção, dentro dos seus desejos e necessidades. Professor, para além da aula com ‘cuspe e giz’, há um mundo de simulações, problemas, dinâmicas, jogos, projetos que possibilitam maior participação aprendente, em ambiente escolar, sem tantas indisciplinas.
Qual seria o segredo da ação ‘trading’ escolar? Minimizar as múltiplas distrações aprendentes e conquistar resultados pedagógicos consistentes, em longo prazo. Não pense em quantidade, pense na qualidade dos vínculos, das relações, dos conhecimentos e das interações. Mas atenção: o ‘trading’ não é uma receita de bolo, não é engessamento e nem certeza de sucesso. Nós lidamos com organismos humanos flexíveis, complexos e mutáveis em tempo integral. Humanos em potencia e na esperança de viver dias melhores com as ferramentas emocionais também melhores, basicamente. O que podemos e devemos fazer é oferecer instrumentos; dar o conhecimento para elaboração particular e futura.
Então qual seria o nível de segurança para a construção de aprendizagens significativas baseada na perspectiva ‘trading’?

ð  1. Qualificação da formação.
ð  2. Aprendizagem continuada.
ð  3. Revisão das metodologias.
ð  4. Flexibilidade cognitiva.
ð  5. Mediação constante.

Sendo assim, um professor ou o ‘fazer pedagógico’ estaria dentro do que Douglas (2015) chama de ‘trading manual’ em que é preciso tempo, disponibilidade e flexibilidade para ajustar a própria formação, criar estratégias adequadas e, com respeito às diferenças, estimular criatividades. É uma questão de negociar com as formações para saber intermediar, transacionar, trocar, acordar, ajustar, combinar e mediar motivações aprendentes e processos de aprendizagem. Difícil? Ninguém disse que seria fácil.
Para o ‘trading manual’ na escola, diante de nossa realidade escolar, em sua grande maioria, é fundamental que o professor saiba quem é ele mesmo (autoconhecimento), ou seja, reconhecer sua estrutura mental. Ela “determina o modo como você interpreta a informação ou como se sente sobre ela” (2015). Ela também determina a forma como o professor entrará no fluxo da escola ou da sala de aula para desafiar aprendizagens.
Interligar-se ao fluxo é uma questão de se reelaborar os próprios mecanismos de defesa para observar e atuar, de forma criativa, em uma corrente de oportunidades pedagógicas, mesmo que haja momentos frustrantes no processo. As informações precisarão ser retrabalhadas na memória, provocando mudança de perspectiva de atuação, aos poucos, e respeitando o novo conhecimento sobre si mesmo.
Nós precisamos eliminar o que Douglas (2015) chama de “erros de programação do nosso software mental” (p. 93) e redirecionar as energias para uma resposta emocional e, por conseguinte, profissional com mais foco e qualidade. Há sempre muito a aprender e ficar surpreendido com as pequenas mudanças que farão enormes diferenças nos processos de aprendizagens.
Não há sucesso pleno ou continuado, há frustrações / desafios a superar cotidianamente; e é preciso enfrentar pensando e agindo por novos caminhos mais realistas. Não é preciso saber tudo porque tudo pode acontecer, já que cada momento é único. Mas é preciso aproveitar o tempo / o agora da melhor maneira possível, na expectativa de um adolescente mais centrado. Eles agradecerão!

Profª MSc Claudia Nunes (21.03.20)

Referência:
DOUGLAS, Mark. Trading: atitude mental do trader de sucesso. São Paulo: Bookout Ltda, 2015.

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