Em tempo de
exceção, estou lendo “Trading: atitude mental do trader de sucesso”, de Mark
Douglas; e, de novo, estou com a mente pensando em prática de ensino junto a
adolescentes. Segundo Douglas (2015), “Trading”, em inglês, significa negociar
(processos de negociação), com ênfase na valorização e produção, ao longo do
tempo (investimento no futuro), inclusive geracional.
Quando envolvo o
desenvolvimento de ações pedagógicas, ‘trading’ torna-se um olhar profundo
sobre os desafios que enfrentamos quando abraçamos o desafio de diálogos
multifacetados, junto aos adolescentes empreendendo formas diferentes de
práticas pedagógicas, que motivem aprendizagens significativas.
É uma maneira de
alavancar processos de aprendizagem com riscos relativamente controlados. É uma
questão de observação das mudanças de comportamento cognitivo e executivo em
meio ao processo de desenvolvimento dos aprendentes. E esta observação, em
perspectiva de futuro, também promove abertura de oportunidade maior de
qualificação, refinamento e diversificação das metodologias, o que aumenta as
chances de participação da criatividade (inovação) na construção de relações
sociais, pessoais e profissionais pós-período escolar.
No ‘trading’
somos todos responsáveis por nossas ações (estímulos/desafios). É preciso
dedicar-se a conhecer como aluno / grupo aprende e saber o que fazer para
estimulá-lo com mais direção, dentro dos seus desejos e necessidades.
Professor, para além da aula com ‘cuspe e giz’, há um mundo de simulações,
problemas, dinâmicas, jogos, projetos que possibilitam maior participação
aprendente, em ambiente escolar, sem tantas indisciplinas.
Qual seria o
segredo da ação ‘trading’ escolar? Minimizar as múltiplas distrações
aprendentes e conquistar resultados pedagógicos consistentes, em longo prazo.
Não pense em quantidade, pense na qualidade dos vínculos, das relações, dos
conhecimentos e das interações. Mas atenção: o ‘trading’ não é uma receita de
bolo, não é engessamento e nem certeza de sucesso. Nós lidamos com organismos
humanos flexíveis, complexos e mutáveis em tempo integral. Humanos em potencia
e na esperança de viver dias melhores com as ferramentas emocionais também
melhores, basicamente. O que podemos e devemos fazer é oferecer instrumentos;
dar o conhecimento para elaboração particular e futura.
Então qual seria
o nível de segurança para a construção de aprendizagens significativas baseada
na perspectiva ‘trading’?
ð
1.
Qualificação da formação.
ð
2.
Aprendizagem continuada.
ð
3.
Revisão das metodologias.
ð
4.
Flexibilidade cognitiva.
ð
5.
Mediação constante.
Sendo assim, um
professor ou o ‘fazer pedagógico’ estaria dentro do que Douglas (2015) chama de
‘trading manual’ em que é preciso tempo, disponibilidade e flexibilidade para
ajustar a própria formação, criar estratégias adequadas e, com respeito às
diferenças, estimular criatividades. É uma questão de negociar com as formações
para saber intermediar, transacionar, trocar, acordar, ajustar, combinar e
mediar motivações aprendentes e processos de aprendizagem. Difícil? Ninguém
disse que seria fácil.
Para o ‘trading
manual’ na escola, diante de nossa realidade escolar, em sua grande maioria, é
fundamental que o professor saiba quem é ele mesmo (autoconhecimento), ou seja,
reconhecer sua estrutura mental. Ela “determina o modo como você interpreta a
informação ou como se sente sobre ela” (2015). Ela também determina a forma
como o professor entrará no fluxo da escola ou da sala de aula para desafiar
aprendizagens.
Interligar-se ao fluxo é uma questão
de se reelaborar os próprios mecanismos
de defesa para observar e atuar, de forma criativa, em uma corrente de
oportunidades pedagógicas, mesmo que haja momentos frustrantes no processo. As
informações precisarão ser retrabalhadas na memória, provocando mudança de
perspectiva de atuação, aos poucos, e respeitando o novo conhecimento sobre si
mesmo.
Nós precisamos
eliminar o que Douglas (2015) chama de “erros de programação do nosso software
mental” (p. 93) e redirecionar as energias para uma resposta emocional e, por
conseguinte, profissional com mais foco e qualidade. Há sempre muito a aprender
e ficar surpreendido com as pequenas mudanças que farão enormes diferenças nos
processos de aprendizagens.
Não há sucesso
pleno ou continuado, há frustrações / desafios a superar cotidianamente; e é
preciso enfrentar pensando e agindo por novos caminhos mais realistas. Não é
preciso saber tudo porque tudo pode acontecer, já que cada momento é único. Mas
é preciso aproveitar o tempo / o agora da melhor maneira possível, na expectativa
de um adolescente mais centrado. Eles agradecerão!
Profª
MSc Claudia Nunes (21.03.20)
Referência:
DOUGLAS, Mark. Trading: atitude mental
do trader de sucesso. São Paulo: Bookout Ltda, 2015.
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