sexta-feira, 3 de abril de 2020

Pensar Prática Pedagógica e 'Como Fazer'



Mesmo com muito estudo, eu ainda procuro entender qual é o sentido da minha profissão. Sou professora e a prática pedagógica sempre me desequilibra. Com o mundo mudando sempre, os adolescentes que chegam à escola são sempre diferentes, mas agora, há outra coisa acontecendo: sua falta de flexibilidade cognitiva real, apesar da utilização das tecnologias mais modernas. É muita informação sim; mas pouco tempo para REFLEXÃO. Cada turma sempre tem um perfil múltiplo e, neste aspecto, a dúvida me assume: será que estou preparada? No território escolar, muitas emoções e mentes ainda em necessidade de aprender. Muitos processos de aprendizagem baseadas em diversas influencias que, hoje, retraem potencias e projetos de vida. E eu, a professora, preciso alinhavar conteúdos, cotidianamente, pensando em conhecer potencialidades, estimular habilidades e entender necessidades para montar meu quebra-cabeça anual: dinâmicas proveitosas em sala de aula. Além disso, no dia a dia, presentes estão as dificuldades de aprendizagem. Antes de pensar apenas no pedagógico, levanto hipóteses que me protegem: antes de chegarem à escola, ou mesmo antes de chegarem ao momento ‘adolescência’, muitos problemas fundamentam suas dificuldades, como alimentação irregular, sono inadequado, relações disfuncionais e falta atividades físicas. Logo, as aprendizagens, na adolescência, são mais difíceis de driblar, reorganizar e incentivar. Os aprendentes seguem se desenvolvendo quase aos trancos e barrancos, principalmente, aqueles de contexto de violência excessiva ou de alto grau de miserabilidade. A partir da alfabetização, quando seguem em reorganização os estilos de aprender, as dificuldades são melhores percebidas e precisam de atenção plena dos professores. E, de novo, a dúvida: serei capaz de minimizar tais dificuldades, apesar da vida insalubre que eles (aprendentes) enfrentam? Sentada, sozinha, em minha sala de aula, às 22h, eu respondo não! Minha formação não me preparou. O que me resta é estudar, pensar e ME adaptar. Pensar em prática pedagógica é pensar em COMO FAZER? Mas antes disso, devo entender que prática pedagógica agencia emoções diversas, levanta um volume de pré-informações, estimula proatividades, diminui indisciplinas e exige um conjunto de explicações variadas. Ou seja, o tema ‘dificuldades de aprendizagem’ é um campo excelente para que nós, professores, entendamos que não somos MESMO transmissores de conhecimento. Nós somos mediadores, interventores e desafiadores de aprendizagem, descartando aspectos como TEMPO de compreensão e TIPOS de adaptação das informações nas memórias. Dificuldades surgem como um novo paradigma para o ensino em que TODOS os recursos são passíveis de desenvolver motivações, criatividade e capacidades. À noite, às 22h, mesmo depois de 25 anos sendo profissional da educação, de novo, eu sei que preciso saber como meu GRUPO de adolescentes aprende; quais são suas emoções mais importantes ou conturbadas; quais informações fazem ‘link’ com suas vidas; etc. Eu devo mudar planejamentos incluindo mais veracidade em seus itens. Eu quero entender seus mecanismos cerebrais, estimular funções cognitivas como ATENÇÃO e MEMÓRIA, respeitar suas individualidades; criar zonas de limite e controle mais flexíveis; formar vínculos mais realistas; provocar mudança de comportamento; etc. Em casa, eu sei que, ao raiar da manha, terei a responsabilidade de continuar evoluindo, mesmo num mundo mudando velozmente. Livros na mesa, computador ligado, caderno de anotação, vamos às dinâmicas de grupo e formas de gamificação. No movimento de todas as dimensões humanas (emocional, cognitiva, física e social), eu obterei novas performances cognitivas e sociais para uma vivência ‘fora escola’ de qualidade. Eu obterei INTELIGENCIAS. Vamos estudar!!

Profª MSc Claudia Nunes (09.03.20)

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