Mesmo
com muito estudo, eu ainda procuro entender qual é o sentido da minha
profissão. Sou professora e a prática pedagógica sempre me desequilibra. Com o
mundo mudando sempre, os adolescentes que chegam à escola são sempre
diferentes, mas agora, há outra coisa acontecendo: sua falta de flexibilidade
cognitiva real, apesar da utilização das tecnologias mais modernas. É muita
informação sim; mas pouco tempo para REFLEXÃO. Cada turma sempre tem um perfil
múltiplo e, neste aspecto, a dúvida me assume: será que estou preparada? No
território escolar, muitas emoções e mentes ainda em necessidade de aprender.
Muitos processos de aprendizagem baseadas em diversas influencias que, hoje,
retraem potencias e projetos de vida. E eu, a professora, preciso alinhavar
conteúdos, cotidianamente, pensando em conhecer potencialidades, estimular
habilidades e entender necessidades para montar meu quebra-cabeça anual:
dinâmicas proveitosas em sala de aula. Além disso, no dia a dia, presentes
estão as dificuldades de aprendizagem. Antes de pensar apenas no pedagógico,
levanto hipóteses que me protegem: antes de chegarem à escola, ou mesmo antes
de chegarem ao momento ‘adolescência’, muitos problemas fundamentam suas
dificuldades, como alimentação irregular, sono inadequado, relações
disfuncionais e falta atividades físicas. Logo, as aprendizagens, na
adolescência, são mais difíceis de driblar, reorganizar e incentivar. Os
aprendentes seguem se desenvolvendo quase aos trancos e barrancos,
principalmente, aqueles de contexto de violência excessiva ou de alto grau de
miserabilidade. A partir da alfabetização, quando seguem em reorganização os
estilos de aprender, as dificuldades são melhores percebidas e precisam de
atenção plena dos professores. E, de novo, a dúvida: serei capaz de minimizar
tais dificuldades, apesar da vida insalubre que eles (aprendentes) enfrentam?
Sentada, sozinha, em minha sala de aula, às 22h, eu respondo não! Minha
formação não me preparou. O que me resta é estudar, pensar e ME adaptar. Pensar
em prática pedagógica é pensar em COMO FAZER? Mas antes disso, devo entender
que prática pedagógica agencia emoções diversas, levanta um volume de
pré-informações, estimula proatividades, diminui indisciplinas e exige um
conjunto de explicações variadas. Ou seja, o tema ‘dificuldades de aprendizagem’
é um campo excelente para que nós, professores, entendamos que não somos MESMO
transmissores de conhecimento. Nós somos mediadores, interventores e
desafiadores de aprendizagem, descartando aspectos como TEMPO de compreensão e
TIPOS de adaptação das informações nas memórias. Dificuldades surgem como um
novo paradigma para o ensino em que TODOS os recursos são passíveis de
desenvolver motivações, criatividade e capacidades. À noite, às 22h, mesmo
depois de 25 anos sendo profissional da educação, de novo, eu sei que preciso
saber como meu GRUPO de adolescentes aprende; quais são suas emoções mais
importantes ou conturbadas; quais informações fazem ‘link’ com suas vidas; etc.
Eu devo mudar planejamentos incluindo mais veracidade em seus itens. Eu quero entender
seus mecanismos cerebrais, estimular funções cognitivas como ATENÇÃO e MEMÓRIA,
respeitar suas individualidades; criar zonas de limite e controle mais
flexíveis; formar vínculos mais realistas; provocar mudança de comportamento;
etc. Em casa, eu sei que, ao raiar da manha, terei a responsabilidade de
continuar evoluindo, mesmo num mundo mudando velozmente. Livros na mesa,
computador ligado, caderno de anotação, vamos às dinâmicas de grupo e formas de
gamificação. No movimento de todas as dimensões humanas (emocional, cognitiva,
física e social), eu obterei novas performances cognitivas e sociais para uma
vivência ‘fora escola’ de qualidade. Eu obterei INTELIGENCIAS. Vamos estudar!!
Profª
MSc Claudia Nunes (09.03.20)
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