sexta-feira, 3 de abril de 2020

ENDER GAME, um filme real



Vamos fazer guerra a distancia? Vamos nos proteger dos Coronas, cujo comportamento em grupo, vem causando tensão e morte no mundo todo? Vamos reaprender, por isolamento social, o que significa ser ‘ser humano’ social? Talvez... Mas uma certeza: por causa de nossa racionalidade orgulhosa criamos os Coronas e estes sofreram mutação perigosa.
Apesar dos avisos, nós relaxamos e a Terra foi invadida pelos Coronas que precisam de hospedeiros humanos para sobreviver e se multiplicar, em muitos casos, matando os mais velhos já fragilizados ou com comorbidades respiratórias. Os Coronas serão inteligentes? Não sei...
Depois da peste negra, os humanos voltam a travar batalhas com vírus e bactérias perigosas, nascidos de experiências com animais em laboratório. O que aconteceu? Todo animal quer liberdade e liberdade se alcança quando alguém se distrai. E um dos Coronas ignorou sua essência (como o conto do escorpião e o sapo), saltou na cadeia genética, entrou em mutação e surgiu como um novo Corona.
O que fazer? De pronto isolamento social quase total. Passo seguinte: tentar diminuir a letalidade dos mais velhos, algo que protege sempre a nossa história. Passo final: a redenção e o aparecimento de um mundo novo em que os mais jovens (os sobreviventes) são treinados para viver neste mundo, mas agora sob a égide de tornarem-se preparados para um novo ataque. Ou seja, a humanidade evolui diante de seus defeitos, fracassos, medos e sustos.
Nós estamos no primeiro passo. Momento em que a base emocional é o estranhamento, a insatisfação, a dúvida. A velocidade do tempo foi travada. Os vínculos são testados. O olhar torna-se introspectivo. E o toque é proibido. O humano precisa aprender a saber o que fazer com tudo o que lhe aconteceu e DENTRO DE CASA. O humano precisa manter a saúde mental geral sem saber a data de retorno ao sol. É a terceira guerra sem armas! É uma guerra biológica que esfacela a dimensão de realidade humana. Parte da Matrix está esfarelada e o humano precisa se focar em remontar todo o quebra-cabeça da sua rotina aceitando que, agora, a partir dos Corona, a rotina anterior não existe mais. Certeza: é possível viver de outra maneira e em outra velocidade.
Neste aspecto, a criatividade impera. Com medo de perder quaisquer rotinas ou realidades, o humano amplia sua participação em ambiente virtual, não mais para exposição orgulhosa de si mesmo e suas competências; mas por entender que, para que exista um mundo de vínculos, motivações, afetos e aprendizagens, após a derrota dos Corona, TODOS precisam se manter em movimento. Sim! Movimento de sobrevivência ao que lhes aconteceu. Um movimento que realinhe a tríade: SELEÇÃO, ADAPTAÇÃO e SOBREVIVÊNCIA. Todos precisam se manter em movimento sensório, atencional, mnemônico, lingüístico, estratégico e executivo, agora em ambiente virtual, como se pronunciassem um mantra energético. E nesse realinhamento, para manter o cérebro aprendendo e saudável, surpreendentemente, precisamos do OUTRO como precisamos sempre de nosso sistema de recompensa (prazer).
Um mundo depois da invasão dos Corona precisa de novos humanos e estes devem estar preparados para terem uma resposta mais rápida a quaisquer outros tipos de batalha. E como fazê-lo em isolamento social? Perdendo a soberba pessoal e a necessidade financeira para oferecer pintura, literatura, história, meditação/oração, positividade, jogos, cinema, música, ginástica, dança, jornalismo, marketing etc. A que nos referimos? Para preparar a geração futura para batalhas parecidas ou surpreendentes, nós precisamos de CONEXÃO ABERTA ou, melhor, de ACESSO LIVRE às informações e a todas as manifestações artísticas. 
Nem precisa ler Zun Tsu ou Maquiavel, a presença dos Corona já nos mostra que essa literatura foi lida exageradamente por nós. Nós temos o jogo ‘WAR’ e vivemos jogos de guerra cada vez mais difíceis, logo tanto os humanos agora, quanto os mais jovens depois precisarão pensar a vida como a arte da guerra (mundial, mesmo sem armas, como a que vivemos hoje) ou da guerrilha (político-social, como vivemos, em cada país, estados, municípios, condados e bairros do mundo todo). Como no jogo, três fases são imprescindíveis:
ð  Escola de guerra: todos precisam se integrar e conquistar os colegas (momento do nosso isolamento social) com mais escuta, flexibilidade cognitiva, ações motivacionais, manutenção das aprendizagens, mesmo em ambiente virtual;
ð  Escola de guerra avançada: apesar dos mais jovens ainda terem problemas para obedecer ordens, todos precisamos rever nossos conceitos sobre viver a realidade e agir com mais cautela e atenção com outros humanos, nossa higiene, nossa mente, nossas atitudes. Aqui as ciências humanas serão fundamentais para o pensamento estratégico e construção de lideranças;
ð  Estado maior: estabelecimento de sujeitos-comandantes mais humanos, focados, empreendedores, responsáveis, solidários, empático, éticos, tecnológicos etc. Ou seja, aqui, a questão de uma educação e saúde de qualidade é fundamental para composição de sujeitos com densidade emocional e cognitiva adequada que amalgamem mais sujeitos-comandantes.

No tempo do agora, o humano renova ou revive seu instinto de sobrevivência. Mesmo em isolamento social, o ambiente virtual mantém (e aumenta) a identificação e vínculos dos mais jovens e o aprendizado dos mais antigos. Tanto no livro ‘Jogo do Exterminador’ quanto no filme ‘Ender Game’, o futuro são as crianças que, mesmo diferentes, seguem aprendendo a se controlar (pais mais em casa) e, por isso não esquecerão que vínculos sociais, mesmo em guerra, são fascinantes e a base uma sociedade de qualidade!
Eis a melhor arma humana!

Referencias

Profª MSc. Claudia Nunes (26.03.20)

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