Vamos
pensar em desenvolvimento humano. Vários autores envolvidos na pedagogia já
escreveram sobre isso. Comportamento, interação, desafio, relação e motivação,
aspectos importantes para pensar um desenvolvimento humano de qualidade, além
das tantas influências que este encéfalo e corpo recebem. Todo desenvolvimento
começa com um JOGO. Um jogo de inter-relações diferentes, emocionais e
complexas que vão integrando e adaptando estímulos e informações na perspectiva
de estabelecer pensamento. No processo de crescimento, desenvolvimento e
maturação humanos, as informações fornecem os estímulos necessários para
potencializar e transformar as genéticas humanas, e promover inserções sociais
múltiplas. E o jogo torna-se recurso que projeta estas e outras formas
comportamentais interessantes. Sem conhecer jogos, lidar com o cotidiano será
muito difícil. No período de 0 a 3 anos, por exemplo, há a fundação de ações de
manipulação dos objetos cuja sensação, percepção e atenção reverbarão no
cérebro e no corpo pela vida inteira. Quais ferramentas nós, adultos,
oferecemos às crianças? Por quanto tempo estas ferramentas interagem com estas
crianças? Eis as perguntas que devemos responder enquanto as crianças se
desenvolvem. Questão da tonicidade, do esquema corporal, da relação com o
outro, do enfrentamento das situações, do pensamento crítica e criativo, da
perspectiva e ambigüidade, do controle inibitório, das formas de atenção,
inovam visões de mundo e incorporam maior refinamento do corpo. De acordo com o
jogo, os itens anteriores são observados e trabalhados, mesmo se disfuncionais.
A ação de jogar oferece a possibilidade de as crianças compreenderem os objetos
/ as figuras com agilidade. É uma excelente forma de experimentação de todos os
sentidos. É uma forma de criar destreza nas relações concretas ou abstratas. É
uma preparação / estímulo para a vivência das faixas etárias subseqüentes com
menos obstáculos emocionais e cognitivos. A partir dessa percepção, muito
relacionada ao tato e o paladar, potencializam-se ações de representação e de
simbolização; depois o mundo se encarrega de projetar sentidos com visão e
audição com mais produtividade. No meu caso, o jogo causa INTERPRETAÇÕES de
texto mais arrojadas e criativas. No jogo, meus adolescentes expõem suas
habilidades e aumentam seus níveis de integração, além da freqüência de
verbalizações. Quando confortáveis ou positivos, os adolescentes falam muito e
o jogo torna-se a mola mestra para este ‘meu’ conhecimento. Incrível o que eu,
a professora, posso saber sobre a experiência de vida deles, quando as
interpretações solicitadas podem ser feitas de forma oral ou escrita, em grupo
e de forma lúdica. É o jogo do pensamento reflexivo dentro de um jogo visto
como ‘apenas’ lúdico. Pensamento reflexivo, dentro de uma metodologia ativa e
responsável, estimulando muitas inteligências. Base do processo: produção de
texto (relatório), a partir do jogo ‘Queimado’, em que eu trabalhei temas como
homofobia, preconceito e assédio moral. Em diferentes momentos, situações,
relacionadas aos temas, surgiam e todos deveriam dar significado e
solucioná-las rapidamente. Em muitos momentos, exigia-se respeito à diferença,
proteção ao outro, incentivos à experimentação (coragem), argumentações diante
das perdas e compreensão sobre mudanças de papéis, em meio ao jogo.
Adolescentes em adrenalina, tendo que pensar sobre suas vidas na coletividade e
solucionar problemas em equipe. Outros aspectos foram testados: ambigüidade;
autorregulação; obediência às regras; lideranças; determinação; e iniciativas.
A emoção do jogo criou outras maneiras de comunicação, de reflexão e de
aquisição do conhecimento; por outro lado, no jogo, houve o combate direto da
desmotivação por mediação do sistema de recompensa (prazer). No Ensino Médio,
regular, noite, de uma escola pública, o JOGO é o mediador das necessidades e
potencialidades dos aprendentes em desenvolvimento, com efetividade, porque
entende que estes aprendentes tem identidades e muitas necessidades, além daquelas
que participam / participarão do momento escolar.
Profª
MSc Claudia Nunes (09.03.20)
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