É hora de pensarmos: tudo tem mais de dois lados.
Ao olhar seu tempo, observe como as mídias estão lhe ajudando. Isolamento
social significa APENAS menos contato físico; nunca menos contato emocional ou
cognitivo. É hora de repensarmos nossas conexões tanto com os recursos antigos,
quanto com os mais modernos. É restabelecer integração junto a nossa
HUMANIDADE. Somos sociais, logo, por exemplo, as manifestações artísticas são
as tecnologias que poderão manter nossa saúde mental e nossa proposta de
sobrevivência com CONVIVÊNCIA.
Os padrões montados por nossas melhores invenções
precisam, agora, de equilíbrio. Não somos máquinas mecânicas; somos máquinas
flexíveis, versáteis, complexas, divertidas, multifacetadas, úteis, afetivas.
Além da Internet, sites e aplicativos funcionando, SE houver um bom wifi ou luz; há livros, artes, dança,
música, corpo em movimento, limpezas, meditações, escrita, leitura, brinquedos
e brincadeiras.
Em casa, por um tempo quase indeterminado, a saúde
mental exige criatividade, imaginação e organização. Em tempo de exceção, hábitos
e costumes estão em xeque. Agora, o que importa, é “o que você fará de você com
o que fizeram com você” (Sartre). Questão: sem a rua, o que devemos fazer
conosco e com os nossos mais próximos? Sermos humanos, humanitários, humanistas!
Nós devemos reaprender em cavernas (em casa) a criar dinâmicas prazerosas de
convivência para sobreviver. Só que a caverna platônica tem elementos novos (as
mídias digitais) totalmente articulados com nosso cotidiano que, agora, em
muitos casos são inúteis.
Já pensaram em casas sem rua e sem eletricidade? Eu
pensei... Como carregar baterias, literalmente? Impossível! Neste caso, a
questão de ‘carregar as baterias’ se referirá ao conjunto de emoções positivas
que soubermos criar e manter, sozinhos ou em família, sem luz e sem rua. E ai a
pergunta que mais me incomoda: COMO?
Apesar das próprias invenções superpotentes, o homo
sapiens perdeu a noção do ‘como’, quando a luz acaba! Nós ficamos cegos quanto
a possibilidade de haver a ‘terceira margem do rio’ quando nossas ações diárias
ou artefatos tecnológicos são reprimidos por um novo fluxo de vida em
velocidade 1. Em ascensão, ansiedade, depressão, insônia, impaciência, raiva, negação.
De pronto, nós queremos a solução mais fácil para sair da caverna, mesmo com um
inimigo invisível, e acessar a luz desejada. É uma coragem torpe. É uma
covardia insana.
Nossa tecnologia primeva, o cérebro, está
descompensada, em alerta, sem direção; mas é esta tecnologia que devemos cuidar
para saber cuidar do outro e reinventar nova rotina ou plasticidade que, de
novo, nos faça SOBREVIVER. É retomar a vida com controle inibitório (saber
esperar) e flexibilidade cognitiva (saber pensar). Então, como mudar o
comportamento emocional e assumir as novas rotinas cognitivas? Bom, para dois
ou três dias após o confinamento, o controle e a certeza de que FICAR EM CASA é
o mais saudável, algumas sugestões:
ð Aceite seu tempo como ele se apresentar;
ð Observe sua casa e suas necessidades;
ð Respire bem nos momentos de pequenos descontroles;
ð Liste atividades que você sempre quis fazer em
casa;
ð Organize o tempo com duas ou três atividades dia a
dia;
ð Escape das emoções ruins através da arte que mais
gostar;
ð Converse consigo mesmo se a angustia aumentar;
ð Movimente o corpo com qualquer música ou mesmo
cantando;
ð Limpe um cômodo por dia;
ð Jogue fora o que for preciso;
ð Ligue para alguém só para escutar a voz ou dizer
oi;
ð Escute mais e houver mais pessoas em casa;
ð Entenda as personalidades em ação;
ð Invente histórias ou brincadeiras;
ð Durma o quanto quiser;
ð Burle um pouco suas regras sem culpa;
ð Faça leituras ou escritas imprevisíveis;
ð Experimente realizar um desejo antigo;
ð Ouça radio (pilhas) ao invés de ver TV (luz);
ð Realize uma limpeza corporal, dia sim, dia não.
Esse tempo, em casa, é um tempo de autoconhecimento
e de sobrevivência. Aproveite-o e mantenha sua saúde mental, apesar de tudo,
inclusive, da falta luz.
Profª MSc Claudia Nunes
(23.03.20)
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