sábado, 28 de janeiro de 2023

As Moiras, a Srª Certeza Ruim e a Mente: inimigas da perfeição


E de novo a Sra Certeza Ruim ganha proximidade em minha vida. Como tenho dito inúmeras vezes “não aguento mais perder pessoas” ou “não entendo porque só posso ficar com a saudade”. Dizem que esta senhora é um processo natural, universal e inevitável, ainda assim nós, os bobos humanos, não estamos preparados para enfrenta-la. Tudo bem. Em tese e com muita filosofia quântica, é o que devemos aceitar. Só que também sabemos que a mente humana não suporta uma avalanche quase ininterrupta de desaparecimentos, em cuja realidade estabelece-se o vazio interno e externo, sem se perder em brumas disformes ou comportamentos melancólicos. Não há tempo para recomposições, respirações menos ofegantes ou a bendita falácia da resiliência; há só o susto e a dor dos dias seguintes sem um alguém. É o tempo para sentir e viver emoções turbulentas e desconhecidas sem piedades ou pieguices. De novo, e mais uma vez, estou vivendo o assalto da vida feito por esta senhora, dona de um bordel louco e nada privado. Perceberam? Estou rebelde e revoltada. Minha palavra de ordem hoje em dia é ESFORÇO. Esforço para viver.

Hoje, nova noite de silencio interior porque nada na minha área da linguagem cerebral forma sentido quanto ao que passo ou ao que precisarei passar amanhã, junto a uma amiga que dirá adeus ao irmão querido. O que é isso? Uma seleção nada natural. Tempo em que nos encapamos com dor e tristeza porque afinal “a vida é assim mesmo”. E a mente, junto com a triste senhora, sorri de nossa dependência e insegurança. Ambas se alegram com nossas infantilidades e ignorâncias. Ambas ignoram o sentido da palavra sofrimento ou luto. Como parceiras das Moiras, elas se juntam para cortar o fio da vida ao seu bel prazer. Que sinistro!

De novo, fico pensando em pessoas e em suas mentes. A morte do outro é dura. A morte de um outro muito especial é a loucura do meu tempo. É o momento da morte de tempos, das memórias, dos imaginários, das representações, das alegrias. É a morte de uma grande história de crescimento e de aprendizado. Nós seguimos perdendo blocos de vida ao longo do tempo ou blocos de tempo ao longo da vida? Não sei...

No tabuleiro da vida, mais uma peça se perde e não há reposição. É nisso que a mente se perde e isto reverbera em nossos submundos protegidos. Ao mesmo tempo, é a dor da perda e da revelação; é a dor da exclusão e da pura verdade. Não há fuga. A mente pode até construir uma outra rotina normalmente com muitos vícios, procrastinação, desanimo, ansiedade e depressão; mas não há fuga. É uma realidade esburacada sendo consertada com material frágil e errado. E a dor segue seu fluxo. O que fazer? A mente é nossa parceira de vida inteira e se alimenta de tudo o que nos acontece. O que fazer?

No meu caso, só há uma resposta: SORTE advinda de SORTEIO mesmo!

É contar com um desenvolvimento pessoal de sorte; assim como é sorte chegarmos a determinadas idades. É a Sorte de ter uma história consistente com qualquer mínimo poder de resiliência. Sorte de saber o que fazer com as brincadeiras horrorosas que a inimiga mente fará. Sorte de saber respirar com novas nuances quando a louca dor chegar. Sorte de ter afetos que encapem nossa vida de palavras positivas ou ações de fé e paz. Sorte de saber viver um novo dia sem parte de sua história e mesmo assim agradecer. Sorte de se acreditar alguém de sorte...

Seres superiores não me dizem mais nada.

Só tenho a certeza da SORTE advinda de uma roleta russa administrada pelas Moiras, a Sra Certeza Ruim e a Mente.

Só tenho a certeza da SORTE realmente inimiga da perfeição.

Cansada...

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (01/11/21)

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