E de novo a Sra Certeza Ruim ganha
proximidade em minha vida. Como tenho dito inúmeras vezes “não aguento mais
perder pessoas” ou “não entendo porque só posso ficar com a saudade”. Dizem que
esta senhora é um processo natural, universal e inevitável, ainda assim nós, os
bobos humanos, não estamos preparados para enfrenta-la. Tudo bem. Em tese e com
muita filosofia quântica, é o que devemos aceitar. Só que também sabemos que a
mente humana não suporta uma avalanche quase ininterrupta de desaparecimentos,
em cuja realidade estabelece-se o vazio interno e externo, sem se perder em
brumas disformes ou comportamentos melancólicos. Não há tempo para
recomposições, respirações menos ofegantes ou a bendita falácia da
resiliência; há só o susto e a dor dos dias seguintes sem um alguém. É o tempo
para sentir e viver emoções turbulentas e desconhecidas sem piedades ou
pieguices. De novo, e mais uma vez, estou vivendo o assalto da vida feito por
esta senhora, dona de um bordel louco e nada privado. Perceberam? Estou rebelde
e revoltada. Minha palavra de ordem hoje em dia é ESFORÇO. Esforço para viver.
Hoje, nova noite de silencio
interior porque nada na minha área da linguagem cerebral forma sentido quanto
ao que passo ou ao que precisarei passar amanhã, junto a uma amiga que dirá
adeus ao irmão querido. O que é isso? Uma seleção nada natural. Tempo em que
nos encapamos com dor e tristeza porque afinal “a vida é assim mesmo”. E a
mente, junto com a triste senhora, sorri de nossa dependência e insegurança.
Ambas se alegram com nossas infantilidades e ignorâncias. Ambas ignoram o
sentido da palavra sofrimento ou luto. Como parceiras das Moiras, elas se
juntam para cortar o fio da vida ao seu bel prazer. Que sinistro!
De novo, fico pensando em pessoas e
em suas mentes. A morte do outro é dura. A morte de um outro muito especial é a
loucura do meu tempo. É o momento da morte de tempos, das memórias, dos
imaginários, das representações, das alegrias. É a morte de uma grande história
de crescimento e de aprendizado. Nós seguimos perdendo blocos de vida ao longo
do tempo ou blocos de tempo ao longo da vida? Não sei...
No tabuleiro da vida, mais uma peça
se perde e não há reposição. É nisso que a mente se perde e isto reverbera em
nossos submundos protegidos. Ao mesmo tempo, é a dor da perda e da revelação; é
a dor da exclusão e da pura verdade. Não há fuga. A mente pode até construir
uma outra rotina normalmente com muitos vícios, procrastinação, desanimo,
ansiedade e depressão; mas não há fuga. É uma realidade esburacada sendo consertada
com material frágil e errado. E a dor segue seu fluxo. O que fazer? A mente é
nossa parceira de vida inteira e se alimenta de tudo o que nos acontece. O que
fazer?
No meu caso, só há uma resposta:
SORTE advinda de SORTEIO mesmo!
É contar com um desenvolvimento
pessoal de sorte; assim como é sorte chegarmos a determinadas idades. É a Sorte
de ter uma história consistente com qualquer mínimo poder de resiliência. Sorte
de saber o que fazer com as brincadeiras horrorosas que a inimiga mente fará.
Sorte de saber respirar com novas nuances quando a louca dor chegar. Sorte de
ter afetos que encapem nossa vida de palavras positivas ou ações de fé e paz.
Sorte de saber viver um novo dia sem parte de sua história e mesmo assim
agradecer. Sorte de se acreditar alguém de sorte...
Seres superiores não me dizem mais
nada.
Só tenho a certeza da SORTE advinda
de uma roleta russa administrada pelas Moiras, a Sra Certeza Ruim e a Mente.
Só tenho a certeza da SORTE
realmente inimiga da perfeição.
Cansada...
Prof.ª
Ms. Claudia Nunes (01/11/21)
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