quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

TEMPO DE TELA: limites necessários


Muitos pensamentos tem passado pela minha mente nesses tempos pandêmicos. Um desses pensamentos refere-se ao uso de mídias digitais em sala de aula. Mesmo antes da pandemia, nós, professores, já convivíamos com as mídias digitais ligadas ao nosso planejamento, à nossa dinâmica em sala e às atividades ‘em casa’. Com a pandemia, de hora para outra, algo tão normalizado na vida dos mais jovens, teve que ser aprendido para que continuássemos desenvolvendo aprendizagem. Agora de casa, nós, professores, tínhamos outra dinâmica de ensino muito mais virtualizada.

Nosso contato real foi suspenso. Nosso contato virtual era uma questão de sobrevivência. Não foi fácil! De pronto, as diferenças sociais ficaram claras. Tanto professores, quanto alunos não tinham noção das tantas dinâmicas e acessos que teríamos que aprender para realizar tarefas comuns à sala de aula. Professores e alunos não tinham preparo para isso. Preparo tecnológico demanda tempo, dinheiro e disponibilidade.

Quando a Internet chegou aos nossos lares, a ideia era dar tempo para outras atividades mais afetivas, familiares e de lazer, só que ocupamos o tempo com mais responsabilidade e trabalho. Hoje é a mesma coisa. O vírus exige ‘ficar em casa’, mas ‘em casa’, nós, professores, temos que dar conta do ensino-aprendizagem, apesar das inseguranças e incertezas do uso correto das mídias digitais.

O avanço tecnológico gerou mudanças sociais e cognitivas. Todos fomos afetados por ela, ainda que alguns mais sortudos tenham mais equilíbrio emocional e se dêem limites para o tempo de imersão. Há fatores de risco para todos. Pessoas até a adolescência estão entrando cada vez mais cedo em contato com as telas; adultos tem cada vez mais receio de usá-las por pura falta de tempo. E as diferenças sociais seguem se ampliando. É a hora maior da união e do diálogo entre pais e professores para entenderem as novas dinâmicas de vida e da escola, e assim elencarem ações mais adequadas para seus jovens aprendentes. É a hora de ignorar saudosismos, entrar numa luta em conjunto e mudar os rumos da prosa. Não há o que fazer.

Antes, durante ou depois da pandemia, fatores pertinentes aos possíveis prejuízos nos processos de aprendizagem continuaram acontecendo e/ou foram recrudescidos. Será que a violência doméstica diminuiu? Será que os contextos ficaram menos tóxicos ou barulhentas? Será que as famílias se tornaram menos disfuncionais? Não! O que aconteceu foi que a pandemia alimentou esses aspectos e desgovernou o conforto do cotidiano familiar na ausência da escola, vista como deposito de crianças. Ou seja, além de tudo o que descrevi acima, há o fechamento das escolas e a necessidade de todos imergirem nas telas para sobrevivência e manutenção da saúde mental. É mais um aspecto que esclarece (de clarear) todos os outros.

Estamos lidando com aprendizagens telemáticas que minimizem prejuízos cognitivos, alterações de comportamento e diferentes males do neurodesenvolvimento, mesmo reconhecendo COMO SEMPRE que há diferenças sociais sérias.

Sigo pensando...

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (01.07.2021)

 

 

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