quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

"Viver o resente", como assim?:


Sempre me dizem: “viva no presente”. É estranho isso porque, para viver o presente, é fundamental ter memória. Há uma eternidade por dentro de mim e isso não pode ser sequestrado ou negado. São minhas memórias que ajudam a pensar e agir com algumas ferramentas rotineiras ou criativas. Não posso viver o dia seguinte sem observar outros territórios como férteis de informação e sentimento. Não é cópia, é estratégia. Sei que a vida segue em frente, mas esse ‘em frente’ desconhecido precisa ser feito com alguma segurança. Besteira desfolhar-se de tudo para viver novidades. Isso é como ignorar um amigo de anos porque outra pessoa surgiu em sua vida com atitudes e falas atraentes. Eu não vou me descartar. Eu vou me ajustar, controlar e viver o que for preciso ou desejado. As lembranças do passado são o perfume que permanece por dentro de mim e bons andaimes para eu construir um novo ser. Talvez as pessoas não entendam. Elas tem a mania de proteger. Só que proteção demais é invasão, é incomodo, é estranho. Não preciso esticar ou imergir em minhas memórias. Elas só precisam estar em mim para serem usadas quando o novo estiver presente, ou precisando de força, ou mesmo desgastado. Alguns dirão ‘zona de conforto’, com ironia. Lamento. O autoconhecimento tem o valor ou os aspectos que EU der a ele. E corpo e mente precisam, às vezes, de pit-stops, em ambientes conhecidos, para crescer e tomar decisões. Tudo mudou. Tudo está diferente. Os sentidos estão procurando organização. E minhas memórias são minhas primeiras bagagens para experimentar a vida, tentando não me distrair ou entrar em armadilhas ruins. Não há preparo para tudo o que aconteceu e vem acontecendo, então, como ponta de lança, minhas memórias. É o que eu tenho. Não há outro lugar para ir ou de onde partir sem a sensação de me perder em algum ponto. Todas as partidas e chegadas; erros ou acertos me trouxeram até aqui. Olhar para trás ou para dentro não pode significar medo ou insegurança, neste início de reconhecimento de realidade. Assim eu me reconheço, me deixo fluir, desaparecer, para viver, o que for necessário. Então, viver o presente é isso: ir vivendo com minhas memórias + todas as que virão como bônus ao meu aprendizado. Não me arrependerei. Sou isso também. Sou assim... por enquanto...

 

Prof.ª Claudia Nunes (24.05.2021)

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