Não adianta reclamar: somos nossas
memórias, boas ou ruins. Somos seres em apego constante daquilo que nos pareça
seguro e confortável. Somos nossas experiências de relação, de estudo, de
sociedade, de dor e de alegria. Por isso entendemos que: 1. Perder não é fácil;
2. Nossa história é a mais importante; 3. Precisamos agir com responsabilidade;
4. A realidade se restringe ao nosso cotidiano. Chatooo! Somos nossas memórias,
mas estas podem ser SEMPRE modificadas ou derrubadas, às vezes, independente de
nossas vontades. Ou seja, construir memórias se dá num mundo de ações a esmo. E
como todo mundo, Sancha aprendeu isso na forja de um acontecimento inusitado.
Foram dias sem chão. Ela se sentia flutuar, ainda que seus braços tentassem
encontrar uma base ou um fio da meada. Ela nem teve tempo de perceber o mundo
caindo: ele só desabou. E assim ela só percebeu escombros. Ela entende que tudo
seria visto como momento de marcas profundas e seria conversado como ponto de
mudança e superação, nos encontros de família, anos depois. Mas, por hora, tudo
era escombro, ao seu redor. Pedras, desafios, prisões, dores, estranhos: o
espírito do tempo era uma criança bipolar com quem ela se deparara para viver
uma grande dor. Respirando rapidamente, ela tentava organizar as ideias para
sair daquele lugar. Escombros falavam mais sobre os outros do que dela: esse
era o incomodo. Só que ela nunca se vira fora da sua bolha de realidade. Por
onde começar? Que pedra tirar primeiro? Perigo de se afogar, ela não tinha. Mas
era um mundo que ansiava ações a esmo... sem pensar... a partir de exemplos
(memória). Ações que se alinhavassem novamente às cenas dos seus próximos capítulos
de vida, fora dos escombros, e com alguns sentidos. Amígdalas e Hipotálamo em
alerta. Hipocampo trabalhando forte. Ela estava num mundo de ações a esmo que
precisava ser recomposto por suas memórias, de forma bem criativa e impulsiva.
Dos escombros, ela tinha que sobreviver. Ela tinha que mudar suas emoções. Ela
tinha que se apegar e descartar, ao mesmo tempo, mesmo de coisas importantes.
Ela precisava ser Neo, de corpo e alma; aliás, mais de corpo. Com força e foco,
ela segue saindo dos escombros, os rearruma e os utiliza como fonte-base de
autoconhecimento. Essa ilha de oportunidades, que ela não pediu para ter,
precisava ser usada com destreza, de forma a impulsiona-la a sobreviver. Eis a
sua primeira decisão, num mundo de ações a esmo, mas obrigatórias!
Prof.ª
Claudia Nunes (22.05.2021)
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