E o coração parecia que iria parar. Havia
um suor absurdo em todo corpo. Sancha não entendia o que estava lhe
acontecendo, mas seu organismo parecia um vulcão em erupção: tudo desajustado.
Sua noite também foi apavorante. Ela pensou que morreria. Única opção: RESPIRAR
profundamente pelo tempo que fosse. Respirar para sobreviver. O que lhe
acontecia? A vida lhe trouxe muitos desafios e muitas responsabilidades. Sua
realidade estava de ponta a cabeça. Todo dia, ela sabia que muitas decisões
precisavam ser tomadas logo. Decisões que nunca lhe couberam, mas agora faziam
parte do seu dia a dia. Respirar, respirar e respirar. Fechar os olhos,
respirar e tomar conta das batidas do coração. A vida passava em sua mente sem
linearidade. Sua memória a distraia da sensação ruim. Será estresse? Será
ansiedade? Sua vida, sua angustia, suas incertezas atravessavam sua mente,
mudando suas emoções e razões. Ela respirava e acessava medos e inseguranças.
Respirar e oportunizar o desenvolvimento do autoconhecimento, de ouro jeito:
tenso... Ela não podia paralisar ou se perder. Era respirar e diminuir a
inquietação. Ela não conseguia pensar nos motivos pelos quais chegara a esse momento
perturbador, apenas sentia todos os sintomas. “Será que vou morrer? Ansiedade
mata? Respira! Respira! Não há perigo nenhum!”. Respirar e pensar no trabalho
do dia seguinte. Respirar para controlar sua saúde física e mental. Respirar
pensando num mar calmo, cheio de ondas ritmadas. Respirar e relaxar pra pensar
e viver. Respirar e entender que excesso de preocupação; múltiplas
responsabilidades; medo profundo; mania de perseguição; diarreias contínuas;
alimentação compulsiva; são sintomas das exigências ditatoriais do mundo. O
funcionamento do seu organismo era muito mais positivo. Era preciso parar,
respirar, respirar e continuar com mais calma. “Eu não vou morrer! Eu preciso
viver! Estou evoluindo, aprendendo aos solavancos, e é a razão desses sintomas
estranhos”. Levantando do chão, Sancha arrumou a mesa, pôs um copo de vinho,
uma música e invadiu sua literatura. Era uma nova respiração, com riscos reais,
mas com muito oxigênio, imaginação, emoção e gratidão. “Eu sobreviverei!”.
Prof.ª
Claudia Nunes (27.05.2021)
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