quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

SANCHA, inegociável, insuportável e irresistível


Sabe o que é inegociável? Sua vida. Sabe o que é insuportável? Seus medos. Sabe o que é irresistível? Seu tempo. Sabe o que é desperdício? Sua insistência! Quanta coisa diferente! Sancha não conseguia manter o equilíbrio. Era um esforço acordar todos os dias, pensar no que fazer e fechar a noite sem ter feito nada.

“Nada? Como assim?” – diria uma amiga. – “Você está viva!”

“É... pode ser...” – pensava Sancha – “mas sabe o que estar viva hoje? Não sei... nunca soube”.

Será que valeu a pena? Será que doei demais? Não há meios de ter respostas quando seu mundo só tem perguntas cuja filosofia mais profunda não consegue responder. Pela primeira vez desconfortável consigo mesma, Sancha quer seu mundo melhor, só que havia fantasmas demais; bagagens demais; dores demais. Isso era mesmo inegociável, insuportável e irresistível. E tudo isso gerava prazer e vício.

Era hora de trocar de pele e viver outra dor: o descarte. Saúde é descarte: jogar fora quem se foi e alimentar novos hábitos e prazeres. Ela gosta de si; gosta de si hoje; gosta dos seus dias; e gosta de remonta-los como um lindo e novo quebra-cabeças. Ela não era obrigada a nada, nem mesmo se deixar levar pelas coisas inegociáveis, insuportáveis ou irresistíveis.

“É... minha amiga tem razão: pelo menos estou viva”.

 

Prof.ª Claudia Nunes (08.05.2021)

 

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