“A tristeza não é
nada além de um buraco entre dois jardins” (Khalil Gibran)
Um momento de tristeza. Que coisa
estranha. Um momento de apagão da positividade e entrada num mundo cinza e
nebuloso: a tristeza. Sabemos que devemos passar por tudo e ter emoções
múltiplas cuja ideia é nos adaptar, desenvolver e qualificar. Mas as emoções
mais sombrias e paralisantes não são boas de digerir ou viver. É algo que
desregula nossas ações e decisões. É um momento silencio e de encontro com um
alguém estranho. A realidade tem pequenos colapsos e fica sem graça. Tristeza
nos tira do prumo e do rumo por um tempo. É assim que Sancha se sente hoje:
triste. Seus pensamentos estão sem ritmo. É tudo e nada ao mesmo tempo. Mas ela
não quer sair da tristeza. Ela precisa se acostumar: há vida também na
tristeza. Ela precisa se controlar e controlar seus sentidos. Ela quer
aprender, pois sabe de onde vem sua tristeza. Ela só queria despertar para ela
mesma sendo outro ela mesma. O tempo era escorregadio. Existia o bendito
livre-arbítrio. Só que ela quer aprender sobre o que é inevitável: a tristeza.
Respirando profundamente, ela reconhece que, além de ser uma das seis emoções
básicas (medo, felicidade, repulsa, surpresa e raiva), a tristeza pode
explicitar baixa autoestima, insegurança, cansaço, solidão, angústia e/ou dor.
Nada de excepcional. Ela faz parte do equilíbrio emocional, mas é perigosa
quando sentida ininterruptamente. Logico que a vida não é ‘mar de rosas’; ela
está mais para ser um caminho parabólico e íngreme; mas para que reconheçamos o
que é alegria, depois passar pela angustia ou frustração, ou seja, a tristeza.
É o decantado processo de adaptação e é parte do nosso desenvolvimento
fisiológico e emocional. Sancha estava se conhecendo e refletia sobre isso: ela
tinha um lado melancólico em vida. Sancha se sentia moída e dolorida: será que
alimentava essa tristeza? Ela não tinha culpas ou orgulhos. Ela não tinha
grande forte pela imaginação sinistra. Mas as resultantes de sua vida tinham
certo gosto de comida queimada. De olhos fechados, ela pensava: para se livrar
da tristeza, a única opção era ser ela mesma. Nada ricamente trabalhado nos
detalhes mas algo com que ela pudesse conviver e sonhar, sem neuroses. Tudo o
que lhe aconteceu a afetou negativamente; ela dava voltas por soluções
inusitadas; ela se sequestrava por covardia; mas também fantasiava por um
futuro super brilhante. Difícil, vago, difícil, inútil. Ela precisava ser fiel
aos desejos, recuperar a vontade de encontrar o sol, decidir por novos
caminhos, ter mais convicções e outros propósitos, mesmo carregando as
tristezas da vida. Sem romper o ciclo de pensamentos, Sancha abre os olhos,
olha seu espaço e levanta: “Hora de me alimentar de paz e sorrisos. Minha vida
e meu corpo merecem. Não tenho mais idade para deixar o tempo passar sentar
pensando na ‘morte da bezerra’. Fui!”.
Prof.ª
Claudia Nunes (28.06.2021)
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