Por distração,
Sancha deixou cair seu celular no chão. Por distração, ela perdeu o controle e
rompeu os limites da própria sanidade. Por distração, ela estava chorando sem
motivo. Por distração, ela correu o mundo e não encontrou nenhum valor. Por
distração, ela se condicionou e esqueceu sua essência. Celular quebrado e a
vida em fragalhos. Que loucura tudo isso! Que loucura esse banheiro! Depois de
pegar o celular, era preciso encarar a si mesma no espelho. Ela, espelho e uma
certeza: sua vida tinha muitas razões e razão não ajudava na aventura que
desejava. Condicionador, condicionada, peças quebradas, um banheiro e uma
revelação: ela precisava de cola, liga, força, outro dia, um mundo. Ela se
encarava e o peito perdia o fôlego. O que fizera de si? Entre o espelho e a
imagem, um oceano de indefinições, pressas e segredos. Medo de encarar, de
saber o valor, de ser suficiente, de reconhecer a alma. Mas Sancha não pode
ficar de lado ou se esconder. Isso lhe era proibido. Só que o descontrole e o
celular quebraram a linha da sua vida. Custo maior: reaprender a se valorizar e
a compartilhar sozinha. Ela era grande demais e tinha que se arriscar. Do
banheiro à sala, uma vida de outras memórias. Dados jogados... Sorte lançada...
Prof.ª
Claudia Nunes (05.05.2021)
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