quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

SANCHA por distração


Por distração, Sancha deixou cair seu celular no chão. Por distração, ela perdeu o controle e rompeu os limites da própria sanidade. Por distração, ela estava chorando sem motivo. Por distração, ela correu o mundo e não encontrou nenhum valor. Por distração, ela se condicionou e esqueceu sua essência. Celular quebrado e a vida em fragalhos. Que loucura tudo isso! Que loucura esse banheiro! Depois de pegar o celular, era preciso encarar a si mesma no espelho. Ela, espelho e uma certeza: sua vida tinha muitas razões e razão não ajudava na aventura que desejava. Condicionador, condicionada, peças quebradas, um banheiro e uma revelação: ela precisava de cola, liga, força, outro dia, um mundo. Ela se encarava e o peito perdia o fôlego. O que fizera de si? Entre o espelho e a imagem, um oceano de indefinições, pressas e segredos. Medo de encarar, de saber o valor, de ser suficiente, de reconhecer a alma. Mas Sancha não pode ficar de lado ou se esconder. Isso lhe era proibido. Só que o descontrole e o celular quebraram a linha da sua vida. Custo maior: reaprender a se valorizar e a compartilhar sozinha. Ela era grande demais e tinha que se arriscar. Do banheiro à sala, uma vida de outras memórias. Dados jogados... Sorte lançada...

 

Prof.ª Claudia Nunes (05.05.2021)

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