quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Desânimo não é senha de vida

 Depois que sua tia foi embora, Sancha começou a pensar na vida. Uma vida sozinha e cheia de trabalhos novos. Feliz pelos trabalhos. Triste pela solidão. O tempo estava diferente. Ela precisa se recompor, pois sua tia foi embora. Sempre pensou em morar sozinha, silencio, livros, amigos e música. Tempo só dela e um ‘ir e vir’ sem obrigações ou satisfações. Agora não estava bem. Sua tia foi embora e levara suas forças e sua energia. Desanimo. Depois de três semanas, desanimo era seu sobrenome. Oh chatice! Sol vai, sol volta e ela surfando na palavra ‘desanimação’. Navio sem rumo. Mapa apagado. Areia movediça. Ao redor, o mesmo de sempre. Cadê a aventura? Cadê a surpresa? Cadê sua vida? Respirando profundamente, ela fecha os olhos e se deixa levar por quaisquer lembranças. Dias bons e ruins. Seria interessante desaparecer. Era uma decisão ficar bem ou ser mais otimista. Ninguém é feliz sozinho ou junto. Somos bem diferentes. Viver a realidade também é sair das situações tristes. Sancha enfim sabe: ela tem que mudar hábitos. Sua tia foi embora mesmo. De olhos abertos, ideias importantes: foco, equilíbrio emocional, levantamento e seleção de problemas, agenda organizada e experiência emocional positiva. Não adianta reclamar. É assumir o desanimo mas com tempo de validade. Ela parada, mundo em movimento; ela em movimento; mundo também em movimento. Vazios existenciais não se curam com receitas de outras pessoas que não viveram nossas experiências; Eles se curam com decisões de enfrentamento e engajamento às novidades. Sancha, café, músicas e seus pensamentos estratégicos, como: sua tia foi embora mesmo (aceite que dó menos); solidão é bom, mas amigos também (ligue para galera); mente e corpo precisam de ajustes e/ou distrações (inaugure-se em outros universos, talvez, mais artísticos e/ou culinários); agenda ou plannner é fundamental (anote desejos e objetivos para cada semana); planeje limpezas de cômodos ou de objetos (só roupas, biblioteca, Cds, papéis, bolsas, armário dos fundos, quintal, HD externo etc.); experimente, vez por outra, se arrumar e andar pelo bairro (só andar e olhar já bastam); planeje participar mais dos eventos familiares sem nariz torcido; dentre os desejos. Sancha sabe que não será fácil: sua tia foi embora. Mas ela não podia desistir. No mundo de hoje, as emoções estão intensas e difusas; há pesos demais em nossas costas; há obrigações demais sem gosto de nada; há múltiplos desejos sem fundamento; há diferentes e perversos círculos sociais; há estresse generalizado; e a química cerebral ganha volume, sofisticação e confusão. Já que sua tia foi embora de vez, seu humor precisa de outras satisfações; ela precisa de grandes atuações; seus sonhos precisam de muitas desconexões; e todos realmente precisam de muitas xicaras de café. Eis o chamado bem-estar!

 

Prof.ª Claudia Nunes 12.04.2021

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